Resumo: As identidades camponesas foram objeto de intensa reflexão entre inúmeros cientistas sociais no século XX. Várias perspectivas ocuparam ao longo do tempo espaço na arena de debates sobre o tema. Uns insistiam na tese do conservadorismo inato do camponês. Já outros, pelo contrário, enxergavam nele a força motriz de movimentos revolucionários. Entretanto uma questão fundamental era negligenciada: como efetivamente os camponeses teciam suas próprias identidades?
Buscando oferecer respostas a essa indagação o mini-curso trata da história dos conflitos rurais no Brasil Republicano, tomando como eixo a conformação de identidades camponesas. Contempla tanto os conflitos que se manifestaram nas grandes mobilizações – os movimentos de maior visibilidade -, quanto as tensões nos momentos de desmobilização, expressos pelas formas de resistência cotidiana. Considera-se que o estudo dos períodos de desmobilização, negligenciados pela historiografia tradicional, contribui para melhor compreender a conformação de identidades bem como as lutas e manifestações políticas.
O mini-curso objetiva ainda traçar um panorama das diferentes visões que se impuseram sobre o campo; discutir a produção historiográfica recente; possibilitar um espaço para a formação continuada de professores da educação básica; e complementar os estudos de alunos de graduação e pós.
Programa do curso:
1º Encontro: O campo como lugar de bárbaros, fanáticos e bandidos
As interpretações sobre o rural do iluminismo ao pós-modernismo
O projeto camponês: herança do tempo do cativeiro
As lutas sociais e suas leituras na Primeira República
2º Encontro: A imposição da identidade na luta: o surgimento do camponês
Os impactos da Era Vargas no mundo rural
A descoberta do campo pelas esquerdas: Ligas, PCB e Igreja Católica
3º Encontro: De camponês a sem-terra
Modernização autoritária e conflitos num contexto repressivo
A retomada das mobilizações no campo e a emergência de novos atores
Avaliação do mini-curso
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