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Simpósios Temáticos


Idéias, Intelectuais e Instituições: Identidades

Coordenadores:
Fernando Antonio Faria

Resumo:
Este simpósio tem como perspectiva resgatar uma importante tradição do pensamento social brasileiro, a História das Idéias, e o papel do intelectual na elaboração de uma agenda de questões que extravasa os limites dos muros acadêmicos, chegando a influenciar os círculos do público não-especializado. Também busca-se investigar a inserção do intelectual no aparato estatal e na sociedade civil, por meio de instituições que se constituem em lugar privilegiado para a reflexão e o debate. O objetivo do Simpósio IDÉIAS, INTELECTUAIS E INSTITUIÇÕES: IDENTIDADES é reunir pesquisadores que trabalham com este eixo temático sob uma perspectiva plural e integrada.
As análises a serem desenvolvidas devem procurar consolidar uma visão comparativa e interdisciplinar, a partir de abordagens identificadas com diferentes tradições acadêmicas. Os eixos que organizam e norteiam as reflexões do grupo deverão contemplar aspectos atinentes à história e historiografia das idéias, intelectuais e instituições, em especial analisados sob a ótica da República, do republicanismo, do federalismo, da democracia, do Estado, da sociedade civil, da sociedade política, dos movimentos sociais e das relações de poder e dos diversos projetos político-sociais concorrentes na cena pública brasileira, ao longo dos dois últimos séculos.
O simpósio também terá como objetivo promover o IX Encontro Anual do Grupo de Pesquisa CNPQ/UFF Idéias, Intelectuais e Instituições.

Programação:

05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Fernando Antonio Faria
    Primeira República – Partidos Políticos e Federalismo.
    Na Primeira República os partidos políticos que se propunham atuar nacionalmente reunindo políticos de todos os estados da federação, tiveram vida efêmera e extinguiram-se logo após as eleições para as quais eles haviam sido criados. Em sentido oposto temos a vitalidade dos partidos de âmbito estadual. “A mentalidade republicana era federal em primeiro lugar; em segundo, anti-partidária, no sentido nacional. Aliás, esta última atitude decorria, até certo ponto, da primeira”. Com estas palavras Afonso Arinos de Melo Franco inicia o capítulo “Os Partidos Políticos na República”, de sua obra clássica História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil (2ª ed. 1974), destacando a fragilidade da organização político partidária nacional frente às agremiações políticas estaduais. O objetivo desta comunicação é refletir sobre dois aspectos ponderáveis do pacto liberal oligárquico que forneceu as bases para a forma de governo da Primeira República no Brasil: os partidos políticos e o federalismo.
  • Maria Emilia Prado
    Nação, cultura e desenvolvimento na concepção dos intelectuais isebianos.
    Nação, cultura e desenvolvimento na concepção dos intelectuais isebianos.

    Maria Emilia Prado
    Profª Titular de História do Brasil.
    Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

    RESUMO.
    Este trabalho tem como objetivo contribuir para a discussão teórica a respeito do papel dos intelectuais no Brasil a partir da análise do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, destacando-se especialmente as reflexões feitas por Hélio Jaguaribe e Roland Corbusier, respectivamente idealizador e diretor do ISEB na segunda metade da década de 1950, no tocante às temáticas da nação e do desenvolvimento. Para isto serão objeto de análise os conceitos de cultura, nação e desenvolvimento apresentados em alguns dos trabalhos produzidos por esses intelectuais no período de 1955-60. Esta análise será feita adotando-se uma abordagem metodológica onde os escritos serão compreendidos a partir do tempo histórico em que foram produzidos, buscando inseri-los na tradição intelectual brasileira.



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  • Ricardo Emmanuel Ismael de Carvalho
    Título: As Contribuições de Carlos Langoni e Celso Furtado Sobre a Questão da Desigualdade de Renda no Brasil
    A obsessão pelo tema do crescimento econômico marcou várias gerações, tornando-se por assim dizer um fator legitimador para governantes de todo o país. Entretanto, enquanto grandes esforços eram feitos para a economia crescer, e ela terminou crescendo bastante no século XX, especialmente no período de 1930 a 1980, a questão da desigualdade ficou em segundo plano. Aliás, Josué de Castro, no livro “Geografia da Fome”, cuja primeira edição foi publicada em 1946, advertia que o desenvolvimento do país estava marcado pela impossibilidade de conciliar o crescimento econômico e a distribuição de renda. Esta comunicação pretende discutir as razões apresentadas por Carlos Geraldo Langoni e por Celso Furtado para explicar a desigualdade de renda no contexto da industrialização do país, procurando ressaltar que o primeiro defendeu a redução dos desníveis educacionais como fator mais relevante para atenuar os desníveis salariais, enquanto o segundo apoiou a regulação do mercado de trabalho por parte do Estado, como aspecto fundamental diante do baixo poder de barganha dos sindicatos dos trabalhadores.



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  • Fernanda da Costa Monteiro Araujo
    Tecno-empresariado e política: O caso de Lucas Lopes (1956-1964)
    A pesquisa pretende analisar, num âmbito mais geral, a participação de um determinado grupo de atores políticos, representado principalmente por engenheiros e economistas, na dinâmica política, econômica e social do país no período entre 1956 e 1964. Para tanto, a proposta é fazer um estudo de caso, da trajetória política de um dos representantes desse grupo, o engenheiro Lucas Lopes. O ponto de partida é o governo de Juscelino Kubitschek (1956 – 1961), no qual ocupou cargos em setores estratégicos no governo. Contempla-se também sua atuação em empresas privadas nacionais e estrangeiras, nas quais ocupava postos de liderança e de extrema importância num período marcado por intensas mobilizações que culminaram no golpe de 1964. Caracterizando-o como um tecno-empresário, segundo o conceito formulado por Armand Dreifuss, a pesquisa pretende conectar a postura adotada por Lucas Lopes, seja como membro do governo ou como representante da elite orgânica empresarial ligada ao bloco multinacional e associado, com o processo que levou ao golpe militar em 1964. Vinculando-o entre aqueles que após tentarem conquistar o Estado pelas vias legais, optaram pelas vias golpistas de chegar ao poder e concretizar suas idéias.
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  • Almir Pita Freitas Filho , Margareth Guimarães Martins
    Do Tomismo ao Marxismo: Roland Corbisier e a trajetória de um intelectual brasileiro
    Paulista, advogado, professor de Filosofia, dentre outras, Roland Corbisier foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros, cuja trajetória de vida manteve estreita relação com as principais correntes do pensamento filosófico e político do “Breve Século XX”. Tendo no Tomismo sua primeira grande influência ideológica, aproximou-se, na década de 1930, das correntes do pensamento conservador, militando inclusive na Ação Integralista Brasileira, gravitou pelo Existencialismo até envolver-se com o Marxismo, tornando-se um dos mais ferrenhos defensores da Filosofia da Práxis. Neste mesmo processo, inclui a questão nacional nas suas reflexões, concluiu que toda Filosofia é política e buscou sua aplicabilidade quando esteve à frente do ISEB, na atuação como parlamentar e na militância no PTB, que resultaram na cassação de seus direitos políticos em primeira hora e, mais tarde, no PC do B. Nesta comunicação pretendemos examinar a peculiar trajetória do pensamento de Roland, destacando não só os condicionantes históricos que marcaram sua trajetória, mas também as bases filosóficas formadoras de seu pensamento, na tentativa de entendê-lo bem como a sua prática política, fatores que o tornam uma figura emblemática e instigante no campo de estudos das idéias no Brasil

05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
  • RENATA LIMA BARBOZA
    Um cronista na prisão: Orestes Barbosa e as representações de uma cidade encarcerada
    Ao longo da primeira metade do séc. XX, Orestes Barbosa delineou uma trajetória intelectual múltipla, metamorfoseando-se de repórter, poeta, cronista e compositor nas inúmeras imagens e representações que concebeu da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo da presente comunicação é apresentar um breve fragmento da vasta obra desse intelectual, por meio da análise das crônicas publicadas nos livros Na Prisão e Ban-ban-ban!, respectivamente de 1922 e 1923, frutos de uma forçada estadia do autor na Casa de Detenção. Nos propomos a refletir sobre as temáticas fundamentais que perpassam a escrita de ambos os trabalhos de Orestes Barbosa, ou seja: a crítica social desenvolvida a partir da construção de uma analogia entre os espaços da prisão e da cidade, sendo ressaltada a tentativa das desigualdades sociais serem reproduzidas espacialmente; e a ênfase na resistência dos segmentos populares, nas formas pelas quais os “párias” da sociedade criavam táticas de sobrevivência a um sistema social adverso.
  • Alexandre Pinheiro Ramos
    A Idade Nova: a Política de Tristão de Athaíde na década de 1930
    Esta comunicação tem como objetivo apresentar alguns apontamentos para uma futura análise das idéias políticas, sociais e econômicas desenvolvidas por Tristão de Athaíde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, diretor do Centro Dom Vital após a morte de Jackson de Figueiredo) na década de 1930 no Brasil, atentando, sobretudo, para o contexto da época e como tais idéias estiveram presentes no debate intelectual acerca dos planos para uma nova organização do país após a Revolução de 1930. Procuraremos, também, traçar em conjunto com estes apontamentos algumas aproximações e distanciamentos com o pensamento integralista que igualmente marcou este mesmo período da história brasileira.
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  • Maurício Barreto Alvarez Parada
    Da cinza ao purgatório: tradição e modernidade na obra de Otto Maria Carpeaux
    Da cinza ao purgatório: tradição e modernidade na obra de Otto Maria Carpeaux.
    Mauricio Parada (Puc-Rio/Universo)

    A proposição dessa comunicação analisar a produção de Otto Maria Carpeaux, jornalista e crítico literário com atuação constante na imprensa brasileira a partir dos anos de 1940. O estudo proposto tem como intenção verificar os modos de compreensão e explicação de suas noções de moderno e de história.
    Considerando que a escrita de Carpeaux se realizou em um contexto de imigração e exílio é importante considerar quais foram suas estratégias para negociar sua inserção no mundo intelectual que o recebeu. Por certo, como militante católico, sua primeira rede de relações deve ter sido montada em torno da intelectualidade católica. Isso nos leva a pensar como se deu a relação de Carpeaux com os círculos modernistas e mesmo se havia interesse em se aproximar desses intelectuais. Enfim, Carpeaux contribuiu para reforçar o projeto moderno corrente no Brasil dos anos de 1940 ou construiu outra possibilidade de inserir a nação e a cultura e no fluxo da civilização ocidental, sem compartilhar dos mesmos pressupostos da “tradição” modernista?

  • Leandro Pereira Gonçalves
    Literatura verde: a ideologia nacionalista nos romaces de Plínio Salgado
    Este trabalho pretende analisar o pensamento político-ideológico do líder integralista Plínio Salgado através de sua obra romanesca, tendo como base o testemunho de uma determinada classe social, seguindo o referencial teórico proposto por Lucien Goldmann e Antonio Gramsci. Nas obras, pode ser encontrada uma fonte historiográfica reveladora para a compreensão da ideologia presente na Ação Integralista Brasileira. Com isso foi possível observar um discurso conservador e autoritário para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Utilizou-se o estruturalismo genético goldmanniano a fim de se verificar a existência de artifícios e formas que possam comprovar se as obras literárias de Plínio Salgado são consideradas romances e, portanto, expressão burguesa inserida em uma sociedade periférica pautada no estudo do teórico Aijaz Ahamad.
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  • Betzaida Mata Machado Tavares
    Milan Kundera e o século XVIII
    Muito frequentemente os romances de Milan Kundera demonstram uma descrença no racionalismo iluminista e nas explicações e modelos sociais e políticos que dele derivaram.
    No livro “A lentidão” este autor, tendo como ponto de partida um velho castelo francês, constrói histórias que caminham paralelas até o final do romance: de um lado, e podemos dizer que num plano central, desenrolam-se histórias que se passam no século XX, com seu culto à velocidade e a valorização do exibicionismo. De outro lado, de forma discreta e sutil, o autor reconstrói o século XVIII a partir de Madame T., uma personagem nobre de um conto de Vivant Denon. A reconstrução de uma nobreza do século XVIII serve como contraponto às idéias iluministas que se consolidam no século XIX.
    Diante disso, este trabalho pretende analisar a maneira como Milan Kundera se apropria do século XVIII em sua obra e quais perspectivas historiográficas estão envolvidas nessa apropriação.


06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Mariana Nunes de Carvalho
    Intelectuais, imprensa e a contestação ao regime monárquico
    Este trabalho consiste em identificar o discurso republicano proposto pelos intelectuais que utilizavam a imprensa como veículo difusor de seus ideais e de suas propostas políticas para a formação de um novo estado e também como forma de diálogo com o seu público alvo, a nova burguesia urbana. Busca-se delimitar o papel dos intelectuais neste processo de transição da monarquia para a república através da utilização de artigos no jornal A República. O periódico escolhido circulava na cidade do Rio de Janeiro, palco desta disputa e local onde as idéias políticas fervilhavam neste contexto de transição e ruptura da ordem política até então estabelecida.
    Ao reconhecer a importância da imprensa no final do século XIX como fórum de debates centrais da época, objetivo recuperar o entendimento da dinâmica que se estabelecia de construção e manipulação de representações do Império e do monarca campanha republicana expande-se. Os periódicos são, neste contexto, compreendidos como “produto social”, ou seja, resultado de um ofício exercido e socialmente reconhecido, constituindo-se como um objeto de expectativas, posições e representações específicas. Já os intelectuais são entendidos como “agentes sociais” uma vez que são os responsáveis pela criação do discurso.

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  • Bruno Bontempi Junior
    Os leitores do Inquérito sobre a situação do ensino primário em São Paulo e suas necessidades (OESP, 1914)
    Em 1914, O Estado de S. Paulo publicou o Inquérito sobre o ensino primário em São Paulo e suas necessidades, série de respostas de especialistas em educação sobre a situação da instrução pública no estado. Como parte de uma investigação que vem sendo empreendida sobre diversos aspectos dessa série, suas razões e seus impactos, esta comunicação intenta a caracterização de seu leitor destinatário como uma fração específica e especializada dentre o universo de milhares de leitores desse diário noticioso. Investiga-se a hipótese de que, embora o impresso de circulação diária estivesse em processo de popularização, a série em tela visava a um pública bastante restrito, a que poderíamos denominar em termos atuais de "formadores de opinião". A metodologia consiste em relacionar elementos, tais como a linguagem e diagramação à informações sobre a produção, circulação e público do jornal no período de publicação do inquérito.
  • GLEUDSON PASSOS CARDOSO
    “Rubor que todo o Mundo agita”: Poesia Combativa e Experiência Social na Imprensa dos Trabalhadores de Fortaleza no Início dos Anos 1920
    Na história da imprensa operária cearense, dois jornais se destacaram apresentando preocupações pedagógico-doutrinárias para os trabalhadores locais. A Voz do Gráfico (1921 - 1922) e O Combate (1921), respectivamente, órgão da Associação Gráfica do Ceará e da Federação dos Trabalhadores do Ceará, estamparam em suas páginas as idéias do “socialismo libertário” e outras iniciativas em nome do “associativismo combativo” e a defesa dos interesses dos trabalhadores, dentre outras ações. No manuseio desta documentação hemerográfica, foi percebido o uso recorrente da poesia como estratégia discursiva, com destaque para as produções de Pedro Augusto Mota, Eliézer Rocha e anônimos que se velaram com pseudônimos dos mais diversos (“tupã”, “vulcano” etc). Neste sentido, o presente estudo se propõe analisar a “cultura política” desta produção literária, a entender nas “dimensões sociais da estrutura da obra” as experiências destes agentes históricos engajados na militância operária cearense no início dos anos 1920. Será também evidenciada a apropriação dos significados em torno da idéia de inserção pública, democracia e participação dos trabalhadores nas decisões políticas, tendo em vista o empenho destas entidades em consolidar uma postura hegemônica entre diferentes grupos de trabalhadores
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  • José Renato Lattanzi
    Ideologia e legalidade: os princípios liberais na imprensa (1961-1964)
    Na primeira metade da década de 1960, o Brasil vivenciou a radicalização de projetos antagônicos de poder. A disputa entre grupos de esquerda e direita teve influência marcante sobre a imprensa, dando às empresas jornalísticas a oportunidade de se posicionarem através de discursos próprios. No que se refere aos jornais cariocas O Globo e Correio da Manhã, é possível destacar, em cada um, discursos e objetivos distintos. Nesse aspecto, o compromisso com a ideologia liberal permitiu a O Globo atrelar ao anticomunismo a defesa de princípios democráticos, colocando-se no papel de vigilante e crítico de elementos identificados com a esquerda. Dentro dessa visão, era fundamental preservar os fundamentos do liberalismo, condição fundamental para o desenvolvimento do país. Para o Correio da Manhã, o problema se restringia ao radicalismo de grupos instalados nos dois extremos do quadro político, caracterizados em suas páginas como inimigos do regime democrático. O posicionamento desse jornal revelava, assim, um descompromisso com aspectos ideológicos, prevalecendo em seus textos a defesa da legalidade constitucional. Portanto, temos aí empresas jornalísticas que, na crise política do pré-golpe de 1964, atuaram na defesa de ideais distintos e, em vários momentos, divergentes
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  • Martina Spohr
    Lições de anticomunismo para jovens: difusão ideológica e busca de hegemonia no Brasil (1961-1964)
    Esta comunicação irá tratar da atividade de disseminação dos valores ideológicos do grupo multinacional e associado realizada no Brasil na primeira metade da década de 1960, através de empreendimentos culturais, mais especificamente a edição de livros. Trabalharemos com alguns exemplares da coleção “Livros para a juventude”, publicados pela Editora Record entre 1963 e 1964. O anticomunismo e um modelo de democracia isento de características consideradas negativas - a agitação sindical, o nacionalismo extremado e etc. - estão entre os principais valores constitutivos dos livros, produzidos internamente ou importados, principalmente, dos EUA. Tais livros expressam a aspiração por uma nova ordem, do ponto de vista de setores econômicos, políticos e militares críticos do sistema político praticado no Brasil desde 1946. Compreendemos que estes setores, representados pelo grupo do capital multinacional e associado, buscavam a construção de um projeto hegemônico, que tinha como via de divulgação tais empreendimentos culturais. Conduzidos institucionalmente pelo Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), pregavam mais do que a oposição ao governo João Goulart (1961-1964), procurando influenciar, pela propaganda de valores, a geração da qual sairiam os futuros dirigentes do país.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Silvana da Silva N. Perrut dos Santos.
    Civilidade e Instrução no Brasil Oitocentista: Projeto Nacional e o Imperial Instituto dos Surdos Mudos no Município da Corte entre 1855 e 1870.
    O trabalho que ora apresento pretende analisar as motivações sóciopolíticas que culminaram na criação de um estabelecimento voltado para a instrução de alunos “surdos mudos” na segunda metade do século XIX, e apreender como a criação deste se insere no debate sobre as políticas de Instrução Pública para o ensino de primeiras letras conduzidas no Segundo Reinado pela elite dirigente e, por sua vez demonstrar como estas se integram ao processo de consolidação do Império e construção de uma identidade nacional inspirada nos referenciais de civilidade europeus.
    No Brasil, a educação não ficaria fora do projeto de construção de uma identidade nacional, pois as “exigências de civilização” incentivavam a introdução do tema educacional no direcionamento de um programa político nacional.
    Nesse sentido, nossa investigação, portanto visa contribuir para a reflexão sobre a relação entre os temas educação, projeto civilizatório e construção do Estado nacional no Brasil, assim como refletir sobre os desdobramentos da implementação de políticas educacionais forjadas no oitocentos pela elite dirigente do Império.

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  • Ramona Halley Rosário de Souza
    Estado e Ensino Público. Instrução de Primeiras Letras na Corte (Rio de Janeiro 1850-60).
    Seguindo o propósito de aprofundar a reflexão sobre a educação no Brasil no século XIX da pesquisa Civilização e Artifício: Projeto Nacional e Educação no Brasil Oitocentista, procuramos atentar sobre o ensino primário, ou, Ensino de Primeiras Letras como era chamado, e sobre sua importância no projeto da elite política conservadora de consolidar-se no governo, “construir” uma nação e dar-lhe “civilidade”, “difundir as luzes” de acordo com os ideais ilustrados dos países considerados os maiores exemplos de “Nação Civilizada”: Inglaterra e França. O Município da Corte, o Rio de Janeiro, então Município Neutro – separado da Província fluminense – por se tratar de um “campo experimental” onde estes conservadores elaboraram leis e acompanharam de perto sua implantação e os resultados obtidos de todo o esforço feito para oferecer e fiscalizar o ensino, foi o lugar escolhido para análise neste trabalho. A década de 1850, por caracterizar um período de grandes transformações para o ensino e formação desses políticos intelectuais “civilizados” no Império e também por marcar o início do período de apogeu deste, é objeto de estudo neste trabalho. Atentamos também para a questão da diferenciação do ensino por gênero/sexo no ensino primário e para as condições das escolas.
  • SÉRGIO PAULO AURNHEIMER FILHO
    VISÕES REPUBLICANAS: esboço panorâmico de uma disputa pela pedagogia conceitual da República
    O estudo em questão pretende efetuar uma recuperação do conceito de República desde a sua origem grega clássica até as concepções de alguns dos principais pensadores brasileiros sobre a natureza da República no Brasil da primeira metade do século XX. Assim fica patente o objetivo de tentar realizar uma busca pelas transformações ocorridas na apropriação do conceito republicano pelo exemplo das obras que concretamente ficaram como referenciais para toda a ação e percepção política acusada, julgada ou proclamada como republicana. Portanto importância da atuação de certos intelectuais é destacada como eixo condutor d de um panorama de historicidade das idéias sobre a República bem como relacionar no seu desfecho com a instituição republicana brasileira. São usados, principalmente, os conceitos de Gramsci como base da interpretação teórica postulada que procura relacionar o nascimento histórico da República no Brasil com uma forma de torcedura coronelista da sonhada visão de um Estado que fosse uma união perfeita da forma aristocrática republicana vislumbrada tanto em Aristóteles como em Montesquieu.
    Palavras Chaves: República, Brasil Republicano e Historiografia.

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  • JORDANIA ROCHA DE QUEIROZ GUEDES
    "Está escrito"- Um estudo dos mappas dos Colégios Particulares da Corte Imperial ( 1854-1869).
    O presente trabalho tem por finalidade observar as relações estabelecidas entre o poder imperial e os Colégios Particulares da Corte, utilizando-se de um conjunto de Mappas escolares produzidos entre 1854-1869, que se encontram disponíveis no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AGCRJ).
    Os mappas são os relatórios mensais ou trimensais enviados à Inspetoria Geral de Instrução Primária e Secundária da Corte por diretores e professores. De acordo com o Regulamento de 17 de Fevereiro de 1854 que definia as regras gerais para a educação escolar na Corte Imperial, uma vez que estivessem em funcionamento , as escolas deveriam enviar à Inspetoria seus relatórios e cada estabelecimento de ensino organizava este tipo de prestação de contas.
    O número de escolas particulares em relação às escolas publicas era superior e haviam as escolas que funcionavam sem qualquer participação de suas atividades à Inspetoria.
    Através dos mappas era possível acompanhar o desenvolvimento dos alunos , bem como filiação, endereço, freqüência e outras informações além das prescritas na lei.
    Destaca-se neste trabalho o uso dos Mappas como mecanismo de vigilância e de controle exercidos pelo Império , personalizado na figura da Inspetoria e dos agentes responsáveis pelo funcionamento desta engrenagem.

  • Antonio José Augusto
    A Questão Cavalier: música e sociedade na Primeira República
    A Questão Cavalier é um conjunto de documentos relativos à tentativa de Carlos Severiano Cavalier Darbilly – antigo professor do Conservatório de Música do Império, formado no célebre Conservatório de Paris – provar seu direito a ocupar uma posição no Instituto Nacional de Música, estabelecimento oficial instituído com o advento da República. Este impedimento suscita o questionamento dos fatores que proporcionaram seu reconhecimento no Segundo Reinado e seu posterior afastamento das posições de prestígio musical pela nova ordem republicana. Esta problemática é abordada através do entrecruzamento da trajetória pessoal deste músico com a constituição de uma rede de relações sócio-culturais, a “sociedade dos músicos”. Esta, por sua vez, torna-se presente em alguns lugares diretamente voltados à produção e à prática musical, núcleos de complexas inter-relações e tensões que envolvem dimensões do poder, da sociabilidade e da linguagem musical. Desta forma, analisamos a “sociedade dos músicos” e sua ação nos primeiros anos da República, atentos ao trânsito entre a prática musical oficial e a popular, evidenciando a diferença de interesses, percepções e condutas sobre a música, especialmente no que tange a um gênero específico do teatro-musicado: a Mágica.
  • Ana Lorym Soares
    Sociabilidade Folclorística: a Correspondência da Comissão Nacional de Folclore (1947-1959)
    Organizada no final da década de 1940, no Rio de Janeiro por orientação da UNESCO, em um contexto de pós-guerra, a Comissão Nacional de Folclore – CNFL cria uma rede nacional de intelectuais em torno das questões do folclore, denominada de movimento folclórico brasileiro. Este trabalho objetiva estudar a correspondência da Comissão Nacional de Folclore, buscando perceber em que medida a prática epistolar contribui para o estabelecimento dessa rede de folcloristas, constituindo-se em um locus de sociabilidade intelectual. Para tanto, lanço mãos de um conjunto de correspondências recebidas e expedidas entre os anos de 1947 e 1959, tais como: cartões, telegramas e cartas de naturezas diversas; associadas à análise de outros materiais produzidos pela CNFL. A hipótese que está sendo perseguida neste trabalho é a de que o conjunto documental formado pela correspondência ativa e passiva da Comissão Nacional de Folclore no referido período é suporte de memórias, projetos e identidades do movimento folclórico brasileiro.
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  • Carlos Eduardo Dias Souza
    Os bacharéis e o Império: identidades
    Burocracia como vocação de todos, já dizia José Murilo de Carvalho. De fato, tendo em vista a formação dos Bacharéis em Ciências e Letras do Colégio Pedro II na década de 1850, percebemos que 53% dos formados ingressariam futuramente na burocracia imperial. Como local de reprodução da “boa sociedade” imperial, o colégio ainda exercia papel importante na formação de parte da futura elite dirigente nacional. Após 1854, quando da Reforma Couto Ferraz, percebe-se um aumento não apenas na vigilância do governo central sobre a instituição, mas também o crescimento de ex-alunos do colégio ingressantes nas faculdades de medicina do Império. Se, na década de 1850, 14 de todos os formados no CPII ingressam nessas instituições, na década de 1860 este número aumenta para 32. Dos burocratas imperiais, agora também os médicos são agentes da ordem e da civilização – a sociedade que se quer limpa e organizada coloca os médicos higienistas no centro do debate. Buscamos identificar quais as identidades formadas entre estes bacharéis e o Império, através da análise do porquê do aumento de bacharéis formados no Colégio Pedro II que ingressariam nas faculdades de medicina, bem como compreender o novo papel atribuído aos médicos no projeto de consolidação da ordem social do Império.
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  • Rafael Pinto Rodrigues
    O Século XIX e a Instrução Pública Secundária no Rio de Janeiro
    Este trabalho tem como objeto a instrução secundária no Município Neutro da Corte, no Rio de Janeiro, no contexto de consolidação do Estado monárquico. Escolhemos estudar o colégio Pedro II, no período que se estende de 1838 a 1860. A criação do colégio, os programas e a organização, foi inspirada em países europeus, como França e Inglaterra, identificados como exemplos de civilização e progresso. Com a atenção especialmente voltada para a França, a sua fundação expressa o projeto civilizatório de parte da elite política, em que a educação constitui um valor fundamental de unidade nacional e de rompimento com o legado colonial. Propõe-se analisar as concepções de educação, pátria, nação, presentes no modelo de ensino, como também destacar o perfil social e econômico dos alunos que freqüentavam o colégio Pedro II.


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