História do Esporte e das Práticas Corporais |
Coordenadores: Victor Andrade de Melo
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Resumo: Dando seqüência à proposta realizada por ocasião do XII Encontro Anpuh/Rio (2006), bem como às já organizadas nos últimos encontros da Anpuh/Nacional, o objetivo deste Simpósio Temático é promover a troca de idéias e experiências de pesquisa entre historiadores que têm o esporte e as diferentes práticas corporais institucionalizadas (educação física, dança, ginástica, capoeira, entre outras) como objeto de investigação. Por todo o mundo tais objetos têm chamado a atenção de cientistas sociais e historiadores como uma possibilidade de contribuir para ampliar nosso olhar sobre o contexto social em que se inserem. No Brasil, ainda que existam estudos realizados desde o século XIX, a história do esporte/práticas corporais é um ainda recente campo de investigação. Mesmo que o fenômeno esportivo não tenha escapado ao olhar atento de importantes teóricos brasileiros no decorrer do século XX, os estudos históricos que o têm como foco central somente na última década começaram a crescer quantitativa e qualitativamente, bem como a adquirir maior organicidade. As práticas corporais estão entre as mais importantes manifestações culturais em diversos contextos históricos, tendo sua configuração articulada com todas outras dimensões sociais, culturais, econômicas, políticas. As práticas corporais sempre fazem parte do patrimônio cultural de um povo, plenamente articuladas com uma cultura específica e sendo importantes ferramentas na construção de identidades: de classe, de gênero, de etnia, ligadas a construção da idéia de nação. No caso do Brasil, isso fica acentuado pela grande presença do futebol em nossa formação cultural, em nossa história. Por tais motivações, e pelos excelentes resultados obtidos no XII Encontro, cremos ser importante a manutenção desse espaço de encontro para os pesquisadores interessados na temática.
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Programação: |
04/08 - Segunda-feira - Tarde (14h às 16h)
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Raphael Rajão Ribeiro
Circulação da Informação e Conexões: o caso do futebol em Belo Horizonte (1904-1921)
A prática do futebol iniciou-se em Belo Horizonte no ano de 1904, dez anos após sua introdução no país. O desenvolvimento de tal atividade atlética deu-se de forma autônoma nessa cidade, sendo estimulado por seus próprios habitantes. Apesar disso, evidenciando uma tendência que já se afirmava naquele momento, seus adeptos mostravam-se atentos ao que se passava em outras partes do Brasil e do mundo. Contando com os inúmeros mecanismos de circulação de pessoas, mercadorias e informação, os esportistas da capital mineira envolviam-se em um fenômeno global de difusão da nova modalidade. Em meio a tal processo, dialogavam com inúmeras questões concernentes aos significados projetados em torno dos exercícios físicos, às culturas urbanas da "Belle Époque", aos debates sobre o corpo e às tentativas de integração nacional através do esporte.
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Victor Andrade de Melo
Esporte, futurismo e modernidade
Este estudo tem por objetivo discutir as relações entre o esporte e o Futurismo, um dos mais ruidosos, influentes e polêmicos movimentos da vanguarda artística européia no pré 1ª Grande Guerra. Cremos que tal discussão pode nos permitir melhor desvendar os papéis ocupados por essas importantes práticas sociais (esporte e arte), a partir de seus diálogos, na construção do ideário e do imaginário da modernidade nas décadas iniciais do século XX. Para alcance do objetivo, dialogamos com as idéias de Peter Burke (2004) sobre a possibilidade de construir uma “história cultural da imagem” ou uma “antropologia histórica da imagem”. Optamos ainda por conceder ênfase à análise de obras e manifestos da 1ª fase do Futurismo. Esperamos, assim, dar prosseguimento a nossos esforços de promoção de uma “arqueologia social” do fenômeno esportivo, desvendando sua presença nas mais diferentes redes e teias sociais.
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Juliana Garcia Ramos
Futebol e racismo nas décadas iniciais do século XX:a construção da representação de Arthur Friedenreich
Nos anos finais do século XIX e iniciais do século XX, a sociedade brasileira passou por profundas transformações políticas e sociais, dentre as quais a abolição da escravidão, que estabeleceu uma nova conformação social no país. Esse contexto foi marcado por intensos conflitos, freqüentemente associados à questão racial. O ambiente cultural, influenciado por modelos europeus, indicava um conjunto de representações sociais que desvalorizavam os negros e mestiços e definiam a superioridade dos brancos. Tais tensões manifestavam-se em todos os âmbitos, inclusive no futebol. Considerando tais discussões, este estudo tem por objetivo analisar a representação de Arthur Friedenreich, considerado o primeiro expoente do futebol brasileiro, atuante nas primeiras três décadas do século XX. Tal estudo justifica-se não apenas pela trajetória vitoriosa deste jogador, mas fundamentalmente por tratar-se de um mulato cuja carreira coincide tanto com a emergência da prática do futebol no Brasil quanto com a difusão das idéias racistas no pensamento social brasileiro.
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Cláudia Maria de Farias
Projeção e emancipação das mulheres brasileiras no esporte, 1932-1968
O trabalho, ao incorporar o gênero como categoria de análise histórica, sem desconsiderar a importância dos conflitos de classe e raça, pretende discutir a construção, a partilha e os deslocamentos da desigualdade entre os sexos no campo esportivo brasileiro, entre os anos 30 e 60, principalmente nos esportes aquáticos e no atletismo femininos. Assim, entendendo a prática esportiva como campo de poder, tramas, conflitos, tensões e investimentos, analisaremos a trajetória de vida de algumas atletas brasileiras que, entre rupturas e conformidades, protagonizaram importantes conquistas na busca pela afirmação dos seus direitos e das suas múltiplas identidades em diferentes contextos históricos.
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05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
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ALINE AMOÊDO CORRÊA
"A construção da modernidade e o controle do não-trabalho na sociedade brasileira: uma analise comparada do Serviço de Recreação operária (SRO) e o Serviço Social do Comercio (SESC). "
Investiga-se as criações e os funcionamentos do Serviço de Recreação Operária (SRO), fundado em 1943, pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, durante a gestão de Alexandre Marcondes Filho e do Serviço Social do Comércio (SESC), fundado em 1946 durante o governo Dutra -instituição privada de serviço social, mantida por empresários do Setor Terciário - com o objetivo de pensar a coordenação do lazer dos trabalhadores e de suas famílias. Apesar de atentar para as perspectivas de controle e de manipulação do Regime, a análise avança, na medida em que não considera os operários como massa passiva e manipulável diante daquele que era visto como a expressão do poder dominante.Neste estudo, não se acredita que a criação desses órgãos tenham sido resultado da inteligência de um único homem ou de uma única classe.Como resultado, variadas são as possibilidades de entendimento acerca da atuação nos momentos de lazer. Projetos de intervenção podem tomar diferentes formatos e uma de nossas grandes preocupações liga-se à relação que vem sendo estabelecida, no interior dessas iniciativas, entre trabalho, educação e lazer enquanto ocupação do tempo livre.
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Angela Brêtas
"Trabalho, recreação e repouso ou como fazer feliz o homem que produz": as atividades corporais e o Serviço de Recreação Operária (1943-1944)
O tempo do não-trabalho do operariado já foi alvo de inúmeras tentativas de controle por parte do patronato, por parte do Estado e, inclusive, por parte do movimento operário organizado - ao menos até ser percebido como importante fonte de lucros e de riquezas. Considerado valioso por seu potencial de liberdade e de subversão da ordem despertou a cobiça de governos, patrões e lideranças operárias que, com objetivos específicos, empregaram esforços para atrair a massa trabalhadora de modo a enquadrá-la e educá-la de acordo com aquilo que acreditaram ser o modelo do operário ideal. Neste artigo apresentamos as práticas corporais ofertadas e expomos e analisamos os argumentos que sustentaram tal oferta destinada à vivência dos trabalhadores sindicalizados ligados ao Serviço de Recreação Operária. Este órgão foi criado em 1943, pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, durante a gestão de Alexandre Marcondes Filho e teve como seu primeiro presidente o advogado Arnaldo Lopes Süssekind.
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Kimon Speciale B Ferreira
Política e Esporte: as Olimpíadas de Berlim e o discurso nacional-socialista.
Os XIº Jogos Olímpicos da era moderna foram marcados pela plena interferência do Estado Alemão em sua organização e realização.
Pretendemos nesta comunicação analisar o discurso nacional-socialista no período compreendido entre os anos de 1933 e 1936, atentando para a importância concedida aos Jogos Olímpicos e às práticas esportivas.
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Marcelo Paraiso Alves
PRÁTICAS CORPORAIS NA ESCOLA PROFISSIONAL HENRIQUE GOULART: O papel da Educação Física no cotidiano escolar (1950-1955)
O presente estudo teve como objetivo compreender o papel da Educação Física e o processo de escolarização da Escola Profissional Henrique Goulart e a sua relação com a ideologia do Estado. As fontes utilizadas para a constituição da pesquisa foram: depoimento oral e material iconográfico. A utilização de fotografias do cotidiano dos alunos da Escola Profissional é um indício (GINZBURG,1989), uma evidência das práticas pedagógicas realizadas nas aulas de Educação Física e em atividades eventuais da escola. Para Le Goff (1990), a fotografia aqui é entendida como um artefato social, um documento/monumento que perpetua a história de indivíduos e da sociedade. Uma outra razão que nos permitiu a aproximação com a fotografia como fonte histórica é a facilitação do entendimento do leitor como um dado primário causando um impacto visual (LOIZOS, 2002). Para Loizos (2002), esse impacto promove um valor persuasivo e evidente quando utilizado como um método de pesquisa visual, pois promove a especificidade da mudança histórica. O depoimento oral das testemunhas (professores e alunos) nos permitiu a aproximação com a realidade estudada, pois “toda fonte histórica derivada da percepção humana é subjetiva, mas apenas a história oral permite-nos desafiar essa subjetividade” (THOMPSON,1992).
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
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Nei Jorge dos Santos Junior
Entre o choro e o riso: as narrativas sobre o futebol brasileiro na copa do mundo de 1982
Em sociedades letradas os jornais cumprem um importante papel na construção de identidade nacional. Nesse sentido, as narrativas jornalísticas apresentam sua memória resgatando fatos, imagens, ídolos, êxitos e fracassos anteriores, no sentido de construir uma tradição, como um elo entre as gerações aficionado pelo esporte. Nessa perspectiva, apesar da derrota para seleção italiana, a Copa do Mundo de 1982 ficou para muitos, como a verdadeira expressão do futebol-arte. Na construção do estilo de jogar transformada em instrumento para consolidar nossa identidade, que simbolicamente convencionou-se chamar futebol-arte. Contudo, o presente estudo tem por objetivo investigar as narrativas produzidas pelos jornais na Copa do Mundo de 1982, a partir de uma análise comparativa sobre as narrativas jornalísticas produzidas antes da participação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982 com as matérias que remetem a essa participação após a eliminação na Copa do mundo de 1982. Afim de identificar a funcionalidade das narrativas na construção da identidade nacional través do futebol, bem como compreender esse universo como um campo de tensões na afirmação de identidades.
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Maurício Drumond
O dissídio esportivo: a disputa pelo futebol brasileiro nos anos 30.
Em 1933, o futebol carioca se dividiu no que foi chamado dissídio esportivo. Duas organizações nacionais se confrontaram pelo controle da organização do principal esporte nacional. O Rio de Janeiro, então capital federal, era a sede da Confederação Brasileira de Desportos, a CBD, entidade regulamentadora do esporte em todo o país. Com o dissídio, uma nova instituição é criada, a Federação Brasileira de Futebol (FBF), criando novos campeonatos e novas federações. Logo a cisão do futebol carioca se espalhou pelos demais estados brasileiros, e cada vez mais clubes abandonavam as fileiras da CBD e se filiavam à FBF. Apesar dos motivos oficiais dessa disputa se basearem no confronto entre amadorismo e profissionalismo, este trabalho sustenta a hipótese de que essa disputa foi motivada pela disputa de duas elites pelo controle do esporte. A antiga elite que controlara a CBD desde sua criação, em 1916, perdeu o controle da entidade – e do futebol nacional – após a Revolução de 1930, quando uma nova elite chega ao poder com o novo governo. Esse trabalho vê assim a disputa política entre duas elites pelo controle do esporte nacional como o principal motivador dessa disputa.
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Hugo da Silva Moraes
O Jogo dos Sentidos: O Escrete Vascaíno e a Conquista do Campeonato Carioca de 1923.
A década é a de 1920. A cidade é o Rio de Janeiro. O objeto de análise é o Clube de Regatas Vasco da Gama, primeira equipe formada em sua maioria por negros, mestiços e homens vindos de camadas pobres, e que se sagrou campeã Carioca de Futebol em 1923. A proposta é evidenciar como o futebol, símbolo de uma cultura moderna e de ampla importância no início do século XX, pode funcionar como uma chave de análise da sociedade.
A eugenia, a moralização social, os desenvolvimentos psíquico e físico e o nacionalismo surgem como idéias difundidas na época, que engessavam o futebol carregando valores sociais definidos. Porém, este esporte, dentro de sua configuração social complexa e heterogênea, foi muito mais do que um conjunto de idéias. O jogo é apropriado, vivido e praticado por diversas camadas sociais, as quais transformaram esta prática em uma arma dotada de múltiplas significações, que traduzem uma sociedade multifacetada, envolvida em relações associativas e ao mesmo tempo conflitantes.
O objetivo é apresentar alguns elementos de pesquisa em andamento, a partir de documentação referente aos debates sociais e esportivos por ocasião da conquista do campeonato carioca pelo Vasco da Gama, o futebol em sua dinâmica, complexidade, e representatividade social.
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Leda Costa
Os vilões da derrota da seleção brasileira. A importância do resultado nas narrativas jornalísticas sobre futebol
Se o futebol – assim como os esportes de um modo geral – se transformou em um dos mais importantes produtores de figuras heróicas nas sociedades modernas, certamente, não poderia deixar de produzir figuras vilânicas. O mundo da bola também costuma ser dividido entre o bem e o mal, sendo que cabe aos vilões o papel de partidário das forças maléficas. Os vilões aqui em questão são aqueles assim denominados por terem sido culpabilizados por alguma derrota. Não uma derrota qualquer, mas aquelas ocorridas em jogos decisivos. A identidade vilânica é composta, sobretudo, de lacunas, falhas, enfim de tudo que tenha o peso da negatividade. Podemos concebê-lo como lento, sem habilidade, sem garra, mascarado ou mercenário, o que vale mesmo é que o vilão da derrota é aquele que sempre decepciona e fica a dever. Trata-se, porém, de uma percepção filtrada pelo impacto da derrota.
Analisando a recepção de alguns fracassos da seleção brasileira em Copas do Mundo, este trabalho visa investigar a configuração dessa tipologia vilânica nas narrativas jornalísticas, assim como demonstrar a importância do resultado de uma partida na interpretação das mesmas.
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Antonio Jorge Gonçalves Soares, Tiago Lisboa Bartholo
Sobre espelhos e máscaras: os confrontos entre brasileiros e argentinos na imprensa carioca
O objetivo do artigo é analisar a construção do nacionalismo e de estereótipos culturais sobre o “ser brasileiro” a partir do confronto com a Seleção Argentina de futebol. Analisamos reportagens e colunas de opinião do jornal Correio da Manhã e do Jornal dos Sports em três confrontos na Copa Roca (1939, 1940 e 1945). Os argumentos e as racionalizações construídos pelos especialistas para analisar as derrotas e a posterior vitória do selecionado brasileiro ilustram tensões que extrapolam a questão do esporte. A narrativa sobre o “estilo nacional” não aparece de forma explícita nas colunas dos articulistas, mas divide espaço com uma narrativa que prega a modernização dos métodos de treinamento e gestão das equipes. Projetos de “Brasis” atravessam os debates nos confrontos futebolísticos, ora em oposição ora em conciliação.
Palavras-chave: Futebol, Identidade, Brasil, Argentina
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
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Isabela Maria Azevedo Gama Buarque
Configurações recentes do campo da dança (décadas de 1980 e 1990): um estudo comparado entre duas companhias cariocas
Este trabalho tem por objetivo analisar as trajetórias de duas companhias de dança do Rio de Janeiro (Deborah Colker e Nós da Dança) com o intuito de discutir a recente configuração do campo da dança. No período investigado, décadas de 1980 e 1990, a arte no Brasil passa por algumas mudanças impulsionadas pelas formas de se pensar e planejar a cultura. Na transição destas décadas vai se observar também uma transição no modo de se fazer dança. A criação das leis de incentivo e a profissionalização do campo cultural afetarão diretamente a maneira de produção de espetáculos. Penso que comparar duas companhias que tiveram um início semelhante de trajetória, mas seguiram caminhos distintos, especialmente no que tange à captação de recursos e à linguagem, poderá nos apontar caminhos para melhor entendermos as tensões que se estabeleceram na configuração do campo. As companhias foram selecionadas por sua representatividade e peculiaridade de trajetória no período investigado. Para alcance do objetivo, faremos uso de análise documental (de acervo próprio das companhias e de acervo da Funarte), bem como da história oral com envolvidos com a dança nos anos em tela.
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Vivian Luiz Fonseca
É Roda, vem jogar: um estudo etnográfico sobre rodas de capoeira
Os estudos sobre capoeira vêm enfrentando um crescimento nas últimas décadas, sendo objeto de estudo em diversos centros de pesquisa nacionais e estrangeiros. Apesar desse crescimento, ainda são escassos os estudos que propõem etnografias das rodas de capoeira. Essas análises etnográficas, como ferramentas, nos permitem um maior entendimento de nossos objetos, procurando, muito mais do que uma descrição, compreender os significados das ações e discursos dos nativos. Busca-se perceber, para além do que está aparente, significados a princípio ocultos para um observador distante. Tendo em vista essas questões, o presente trabalho tem por objetivo propor uma análise comparativa de rodas de dois estilos de capoeira, Angola e Regional, a partir de um olhar etnográfico. O que pretende-se perceber são as diferenças e aproximações nos dois estilos que nos fazem compreender como discursos e propostas de ação encontram legitimação num terreno de disputas e conflitos. O que está em jogo é quem teria o posto de capoeira autêntica em um momento no qual a capoeira atrai um número cada vez maior de recursos financeiros e praticantes, se expandindo não só no Brasil, como no mundo todo.
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Alvaro Vicente Graça Truppel Pereira do Cabo
Um contraponto genial: o baile de Astaire e Garrincha no documentário "Nós que aqui estamos por vós esperamos"
O objetivo principal da presente comunicação é analisar as imagens contrapostas de Fred Astaire e Mané Garrincha contidas no documentário de Marcelo Masagão, "Nós que aqui estamos por vós esperamos".
A análise da sequência de imagens que tem duraçã de 1m e 39 seg, observando a beleza estética e o desenvolvimento corporal dos dois gênios é o eixo norteador deste trabalho.
A contraposição de dribles incríveie do ex-atleta botafoguense com passos de sapateado de uma das maiores estrelas dos musicais norte-americanos, possibilita uma reflexão sobre a importância que o corpo tem na representação simbólica de objetos apaixonantes como o Futebol e a Dança.
Isto posto, um drible genial ou um passo artístico podem acionar a memória dos admiradores de ambos elementos culturais, independentemente da questão temporal e utilitária.
Assim sendo, comprender a relação estética e corporal do paralelo feito pela cineasta Masagão nesta curta cena pode ajudar a discussão sobre as conexões lúdicas que muitas vezes são estabelecidas entre objetos culturais distintos como neste caso o Futebol e a Dança.
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Aline Lima Brandão
Identidades em jogo no resort: o caso do Club Med
Pioneiro na formatação do conceito de resort, o Club Méditerranée foi criado, em 1950, com objetivo de ajudar as pessoas a esquecerem da fome e da depressão do pós-guerra. Para isso, os hóspedes, chamados de Gentis Membros (G.M.), dispunham de fartura de comida e de diversão, com um sistema de atrações programadas dirigidas pelos G.O.s, Gentis Organizadores, os animadores responsáveis pelos esportes, lazer e integração de todos.
Voltado para atender a classe média francesa, o Club Med cresceu rapidamente e, hoje, é uma das líderes mundial no segmento de hotéis de lazer. Apesar de sua proposta ter se modificando ao longo do tempo, a rede reforça em seus materiais de divulgação a existência de uma filosofia Club Med que busca incessantemente a felicidade, sendo esta possível mediante a integração das pessoas.
Esta proposta de trabalho pretende resgatar a história da rede no mundo e analisar os papéis desempenhados e as identidades apresentadas por G.O.s e G.M.s para criação do universo lúdico proposto pelo resort. Especial atenção será dedicada presença da rede no Brasil e à compreensão de porque tanto G.M.s e G.O.s brasileiros são considerados como modelos em função da animação.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Cleber Augusto Gonçalves Dias
A cidade e os esportes na natureza: novas configurações do esporte no Rio de Janeiro
O objetivo deste trabalho é discutir as relações simbólicas historicamente entabuladas entre dois fenômenos sociais distintos, nesse caso, a cidade e os esportes. Mais particularmente, essa pesquisa pretendeu observar os vínculos entre o desenvolvimento da malha urbana do Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1970 em suas inter-relações com esportes praticados em ambientes naturais, os chamados esportes na natureza. Nesse caso, tais vínculos disseram respeito, nomeadamente: i) a um determinado recorte de classe, que fez que as reformas urbanas da época bem como os “novos esportes” fossem vivenciados por uma fração de classe específica (a classe média); ii) uma forte associação com representações de natureza, onde tanto as alterações paisagísticas quanto as práticas corporais buscavam celebrar o contato com o verde; iii) um imaginário fortemente perpassado por um certo americanismo, que se materializa, por exemplo, no culto a uma cidade planejada para o automóvel ou na rápida adesão a esportes como o surfe; iv) a marcada presença de inovações tecnológicas como elemento de modernização; v) um certo sentido de originalidade.
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Marcia Cristina Pinto Bandeira de Mello
A inserção de novas práticas esportivas no suburbio carioca: um espaço democrático, disciplinador e educativo?
O Subúrbio Carioca possui entre suas características identitárias, as rodas de samba, os vizinhos na calçada, e o campo de pelada (de várzea) entre outros aspectos. O presente trabalho pretende verificar a inserção, no bairro. da Piedade, de novas práticas esportivas e/ou corporais. Entendemos tal inserção como um movimento exógeno à população, portanto, desejamos verificar a construção de um espaço democrático, disciplinador e educativo, no subúrbio, através das práticas desportivas. Utilizando a metodologia da História Oral, realizamos um estudo de caso, onde temos à formação da Associação Atlética Gama Filho, como um exemplo de instituição que promove tal inserção e por conta disso, um modelo de disciplina, organização e educação no bairro.
O significado de tais inserções no cotidiano do bairro, a construção de um novo cotidiano e de novas Representações Sociais, como as definiu Moscovici, sobre o bairro de Piedade e, da prática de esportes no subúrbio mereceram nossa atenção.
Através da AAGF, a comunidade do subúrbio passou a ter acesso a esportes “nobres”, e de elite, que apenas tinham na sua maioria, como espaço, a zona sul da cidade.
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RAFAEL FORTES SOARES
De “passatempo de vagabundos” a “esporte da juventude sadia”: surfe, juventude e preconceito em Fluir (1983-1988)
Este artigo tem por objetivo discutir de que maneira os estigmas que cercam os surfistas brasileiros aparecem nos primeiros anos de circulação da revista Fluir, e como são relacionados com as iniciativas, levadas a cabo naquele momento, de organizar, profissionalizar e comercializar o surfe nacional. Por um lado, a revista abria espaço para a discussão de problemas, questões, propostas e soluções. Por outro, defendia, de maneira insistente, a seriedade do surfe e de muitos que estavam envolvidos com ele. Isto se dá tanto pela celebração de iniciativas e acontecimentos considerados positivos quanto pela denúncia e resposta àqueles enquadrados como negativos. Embora constitua um universo menos numeroso, é sobre o segundo grupo que me debruço. Particularmente, como a revista negocia papéis e responsabilidades, às vezes genéricos, às vezes específicos, para os agentes envolvidos com o surfe brasileiro.
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André Maia Schetino
Pedalando na Modernidade: a bicicleta e o ciclismo no Rio de Janeiro e em Paris na transição dos séculos XIX-XX
Esse trabalho teve como objetivo investigar a presença da bicicleta e do ciclismo no Rio de Janeiro e em Paris na transição dos séculos XIX e XX, buscando compreender a execução do ideário de modernidade a partir de uma de suas produções mais marcantes. A comparação entre as cidades do Rio de Janeiro e Paris nos permitiu estabelecer as semelhanças e diferenças não só da história desse artefato, mas também dos discursos e do imaginário sobre a modernidade nas duas cidades. Em Paris, o projeto de uma cidade moderna estava em curso, e a bicicleta se populariza rapidamente, se tornando um importante meio de transporte para a população. O ciclismo, por sua vez, se torna um dos símbolos da identidade nacional para a França. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, percebemos que a modernidade se apresentava mais enquanto discurso e desejo do que de forma efetiva na sociedade. O contexto econômico e social do Rio também contribuiu para que a bicicleta fosse por muito tempo um artigo de luxo, reservado às elites, e o ciclismo encarado como um espetáculo distante da maioria da população da cidade. Utilizamos como fontes para essa pesquisa os jornais da época, analisando as colunas esportivas, anúncios, classificados, charges e crônicas, onde a bicicleta e o ciclismo estivessem representados.
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07/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
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HENRIQUE SENA DOS SANTOS
Classe e cor na formação da cultura do futebol baiano, 1901 - 1920.
Pretende-se investigar o processo de formação da cultura futebolística em Salvador no período de 1901 a 1920. O futebol chega à Bahia através de jovens burgueses que estudavam em escolas inglesas, país onde surgiu o futebol moderno. De 1901 a 1912, inicia-se, então, a formação de uma cultura futebolística burguesa e branca, através do surgimento de clubes como Vitória e a Liga Bahiana de Desportos Terrestres, instrumento de sociabilidades das elites baianas. Porém, paralelamente a formação de uma cultura futebolística “oficial”, Salvador também experimenta o surgimento de uma outra, esta popular, representada por práticas próprias, constituída por grupos subalternos, em sua maioria negros. Esta encontra maior expressividade de 1912 a 1920, período da existência da Liga Brasileira de Desportos Terrestres, que, além de substituir a Liga Baiana no futebol baiano, se constituía enquanto um espaço de prática do futebol pelos clubes subalternos, formados por negros, que tinham sua participação negada na extinta Liga. Entendendo a noção de cultura enquanto um modo de vida e de luta dialógico, busca-se analisar os conflitos e os dialogicismos entre a cultura futebolística burguesa, “oficial”, e a popular, bem como a contribuição destas para a formação de uma cultura do futebol na Bahia.
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Joanna Lessa Fontes Silva
Memórias do futebol de várzea em Recife, limites e desafios
O que é futebol de várzea? Como surgiu? Qual a importância do resgate de sua memória? Como esse resgate nos campos recifenses pode contribuir para um melhor entendimento da realidade social? Este trabalho pretende traçar algumas reflexões sobre os estudos históricos na área esportiva, mais especificamente do futebol de várzea - manifestação importante do campo futebolístico e ainda pouco investigada pelas ciências humanas - subsidiadas pelos estudos da Memória, da Sociologia do Esporte e do Lazer. Primeiro, apontaremos as principais características do futebol de várzea nos campos recifenses, destacando as diferenças do mesmo com o futebol profissional para, em seguida, trazermos algumas reflexões quanto ao seu surgimento nas origens do futebol no Brasil. Por fim, refletiremos a importância no trabalho com a memória no futebol de várzea, seus limites e desafios.
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Márcia Maria Fonseca Marinho
Práticas esportivas e sociabilidade na Belle Époque natalense (1900-1930)
O século XX foi marcado por rápidas mudanças no estilo de vida, no uso das técnicas e pelas novas descobertas cientificas. A força jovem passa a ser o símbolo da mudança nesse século da agilidade. Em Natal, as agremiações esportivas incorporavam os novos valores de juventude e modernidade que passavam a fazer parte da vida da cidade. Os clubes esportivos moviam a vida social não apenas dos sócios que pagavam as mensalidades e freqüentavam as suas sedes sociais, mas sim de uma vasta camada da população que passou a identificar-se com os clubes, formando os coros das torcidas, ocupando a rua em festa nos dias de jogos de futebol nos anos 1920 e enchendo o cais Tavares de Lyra nos dias de competição dos clubes náuticos na década de 1910. Desse modo, o esporte marca uma nova maneira de usar os espaços públicos da cidade. Nos anos 1920 os clubes esportivos, especialmente os clubes de futebol, apontavam a emergência dos esportes de massa na cidade.
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