Diálogos Contemporâneos: história, mídias e suas linguagens |
Coordenadores: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus
Mariana de Aguiar Ferreira Muaze
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Resumo: Não é de hoje que a história deixou de ser elaborada, exclusivamente, com textos escritos. A revolução documental dos anos 1960, não só colocou em pauta a discussão sobre o documento único e a possibilidade de trabalhar-se com uma abordagem quantitativa –as fontes seriais -, como também colocou em xeque o próprio imperialismo da escrita sobre outras formas de expressão. Nossa proposta é apresentar o estado atual das questões relacionadas ao uso das fontes audiovisuais por historiadores e suas implicações teórico-metodológicas na análise das mídias e suas linguagens. Um balanço do estado da arte de tais pesquisas, bem como sua avaliação no marco de abordagens de caráter transdisciplinar, justifica-se pela grande quantidade de trabalhos produzidos de forma dispersa em diferentes instituições de pesquisa e ensino, dentro e fora do Rio de Janeiro.
Objetivos:
1. Avaliar o estado atual da produção das pesquisas sobre mídia e história;
2. Sistematizar procedimentos teórico-metodológicos da pesquisa histórica com fontes áudio-visuais;
3. discutir a relação entre o verbal e o não verbal como suporte de memória histórica;
4. Relacionar o conceito de intertextualidade para os estudos históricos sobre as mídias e suas linguagens.
Relevância Acadêmica.
Os estudos sobre história e mídia vêm ampliando sua presença em simpósios e congressos das áreas de comunicação e ciências sociais, definindo-se como um campo de estudos transdiciplinares. Daí a relevância do presente simpósio face aos desafios e questionamentos colocados para a oficina da história hoje. A proposta desse simpósio associa-se às questões colocadas pelo GT de Cultura Visual da ANPUH Nacional, atuando como um espaço local que congregue estudos dentro desta problemática.
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Programação: |
04/08 - Segunda-feira - Tarde (14h às 16h)
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Maria do Carmo Teixeira Rainho
1968: moda e revolução nas imagens do Correio da Manhã
Esta comunicação pretende refletir sobre o ano de 1968 pelo viés da moda, tendo como foco os jovens cariocas e as revoluções que empreenderam nas suas formas de vestir ao longo da década de 1960. Para tanto será analisada uma parcela de fotografias do jornal Correio da Manhã.
Nos anos 50 os jovens se vestiam como os pais; nos 60 tudo o que não queriam era se parecer com eles. Contestadores e revolucionários, fizeram do corpo e da roupa um laboratório, experimentando as tendências em curso, que vinham de outros países – como a minissaia – mas, criando também estilos próprios relacionados aos seus interesses políticos e estéticos. Pode-se afirmar que poucas vezes a roupa significou tanto quanto nos chamados anos rebeldes: expressão de mudança, de oposição aos valores vigentes, reforçou a juventude como valor e como força criativa.
Nesse sentido, as imagens do Correio da Manhã serão aqui analisadas como marcas que informam sobre as formas de ser e de estar no mundo da juventude carioca, incluindo suas práticas vestimentárias opções de consumo e seus padrões de moda, mas também como símbolos, aquilo que os produtores das imagens estabeleceram como registros a serem perenizados, revelando ainda a maneira como esta “realidade social” é construída, pensada, dada a ler.
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Elizabeth Castelano Gama
“Como subir fazendo força”: memórias de um passado imperfeito.
Nada mais tentador do que buscarmos imaginar quais os efeitos e sensações que uma bela fotografia jornalística provocaram no leitor à sua época. Nada mais perigoso, ao tentarmos analisar essas fotografias, atribuirmos um sentido para elas, que em determinado período histórico nos qual foi produzida, seria impossível ser amplamente compartilhado.
A fotografia de Luiz Pinto “Como subir fazendo força”, que ganhou menção honrosa no Prêmio Esso de Jornalismo de 1965 é uma dessas fotos: tentadora e perigosa. E é através dela que buscamos uma reflexão para a compreensão, não de uma totalidade de uma época, mas de fragmentos articulados intimamente a ela que possam fazer compreender a relevância da visualidade no processo de construção e conformação de significados e relações de poder em meio a uma sociedade que iniciava em 1965 novas diretrizes políticas que alteraram significativamente as relações e práticas sociais. Logo, alterava e incitava novas propostas no regime de visualidade e que marcaria uma época no fotojornalismo brasileiro transformando a cultura visual de uma época lembrada nostalgicamente até os dias de hoje. É através do conceito de foto-ícones que tentaremos levantar a discussão sobre que história é essa que, através do artefato fotográfico, atravessa o tempo.
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Leila Beatriz Ribeiro
Imagens do silêncio, imagens silenciadas – Marcel Gautherot e a construção de Brasília
Marcel Gautherot, fotógrafo consagrado por suas imagens de arquitetura moderna, documentou exaustivamente a construção de Brasília (1956-1960). Contratado pela Nova Cap, empresa responsável pela tarefa de erigir a capital brasileira até 21 de abril de 1960, Gautherot não se limitou a fotografar apenas o nascimento das grandes e monumentais obras de Niemeyer. Esse fotógrafo foi além e registrou também o “candango”, trabalhador retirante que ergueu com suas próprias mãos a grande cidade. Das 23 pranchas-contato selecionadas e pertencentes atualmente à reserva técnica do Instituto Moreira Salles, privilegiamos duas pequenas séries, num total de 20 imagens. As séries fotográficas serão investigadas, de acordo com Pollak, como estratégias de enquadramento de uma memória que pretende apagar traços identitários do trabalho e dos trabalhadores. Para tanto, realizaremos uma análise fotográfica a partir do conceito de imagem índice proposto por Dubois. Articularemos questões sobre as imagens silenciadas que durante muitas décadas permaneceram inéditas nos arquivos do fotógrafo (a ausência da presença) e as imagens do silêncio que exprimem tanto os vazios da arquitetura monumental como a lacuna do trabalhador (a presença da ausência).
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Andréa Cristina Silva
Imagens do silêncio, imagens silenciadas – Marcel Gautherot e a construção de Brasília.
Marcel Gautherot, fotógrafo consagrado por suas imagens de arquitetura moderna, documentou exaustivamente a construção de Brasília (1956-1960). Contratado pela Nova Cap, empresa responsável pela tarefa de erigir a capital brasileira até 21 de abril de 1960, Gautherot não se limitou a fotografar apenas o nascimento das grandes e monumentais obras de Niemeyer. Esse fotógrafo foi além e registrou também o “candango”, trabalhador retirante que ergueu com suas próprias mãos a grande cidade. Das 23 pranchas-contato selecionadas e pertencentes atualmente à reserva técnica do Instituto Moreira Salles, privilegiamos uma pequena série, num total de 08 imagens. As fotografias serão investigadas, de acordo com Pollak, como estratégias de enquadramento de uma memória que pretende apagar traços identitários do trabalho e dos trabalhadores. Para tanto, realizaremos uma análise a partir do conceito de imagem índice proposto por Dubois. Articularemos questões sobre as imagens silenciadas que durante muitas décadas permaneceram inéditas nos arquivos do fotógrafo (a ausência da presença) e as imagens do silêncio que exprimem tanto os vazios da arquitetura monumental como a lacuna do trabalhador (a presença da ausência).
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Fernando Torres de Andrade
Práticas fotográficas e memória: a Fábrica Bangu
Este trabalho, fruto de nossa pesquisa de dissertação em andamento, investiga o modo pelo qual um grupo de adolescentes alunos de uma oficina de fotografia, no bairro de Bangu, selecionam, produzem e interpretam as imagens. Com as fotos feitas por eles, aliadas a imagens antigas, é realizada uma análise comparativa sobre os aspectos relativos às mudanças que o bairro vem sofrendo ao longo do tempo, tendo como ponto de partida a Fábrica Bangu e seu entorno. A pesquisa acontece com participantes da Oficina de Fotografia do Pólo de Educação Pelo Trabalho Presidente Médici da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro. O bairro teve sua expansão no século XX, com a implantação da Fábrica Bangu produtora de tecidos, que motivou o deslocamento de pessoas para a região e influenciou a implantação do núcleo urbano. Atualmente, o espaço abriga um shopping center, inaugurado em 2007, que também apresenta uma relevância sobre a dinâmica da identidade dos moradores do local. A análise das fotos que faziam parte do acervo da extinta fábrica, compõe um processo de resgate da memória do bairro. Em contraponto, a produção fotográfica elaborada pelos alunos, propõe uma interpretação do contexto cultural do passado versus presente, formando uma composição da identidade imagética do grupo.
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Mariana de Aguiar Ferreira Muaze
Os Guardados da Viscondessa: família, riqueza e representação social no Brasil Oitocentista (1840-1889)
O presente trabalho discute o tema da família no Império através do viés metodológico da microhistória e da análise da documentação íntima a qual pertenceu a família Ribeiro de Avellar, rica proprietária de terras, cafezais e escravos em Paty do Alferes, vale do Paraíba fluminense. Perseguindo as histórias individuais e coletivas ao longo de quase um século, foi possível refletir sobre o conceito de família, as estratégias individuais de manutenção do patrimônio, as relações intra e extrafamiliares de frações da classe senhorial e a formação de um habitus de grupo legitimado como mais um elemento de diferenciação social.
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05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
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IOHANA BRITO DE FREITAS
Além da imagem: tipologias e representações nas pinturas e fotografias oitocentistas
Ao longo do século XIX, o registro visual teve papel fundamental enquanto veículo de difusão da imagem do outro. Os olhares lançados sobre o desconhecido materializar-se-iam segundo diferentes técnicas pictóricas, seja através do desenho e da pintura ou da fotografia, em uso corrente a partir de meados dos oitocentos. Propõe-se então pensar estes diferentes registros para além de suas especificidades técnicas, como agentes de conformação da realidade em um processo de montagem e de seleção, no qual o mundo se revela ‘semelhante’ e ‘diferente’ ao mesmo tempo. Os oitocentos aparecem, pois, como espaço de ruptura e continuidade de uma tradição imagética, a de registro de tipos, compreendendo a imagem como um conjunto articulado de categorias e esquemas de percepção, isto é, representações visíveis de imagens mentais, de conceitos, de associações de conteúdos culturais dotados de significação simbólica. Como recorte de pesquisa, opto pelo diálogo entre as obras de Jean Baptiste Debret e Cristhiano Júnior, procurando entender as identidades gestadas em suas tipologias e representações.
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Raquel Vasconcelos Alves de Lima
Entre o Magnífico e o científico: as expedições da National Geographic Society para a observação de eclipses do sol.
A pesquisa pretende analisar as expedições astronômicas organizadas pela National Geographic Society cuja finalidade era observar eclipses totais do sol. Apesar de inserida no imaginário ocidental como uma instituição voltada exclusivamente à divulgação científica, a Sociedade possuía desde sua criação, em 1888, laços estreitos com os governos norte-americanos, que por um lado tornaram-na verdadeira porta-voz dos interesses expansionistas do Estado, mas por outro lado justificaram suas iniciativas de caráter científico.
À luz destes pressupostos teóricos analisamos os artigos publicados na revista oficial da Sociedade, National Geographic Magazine, a propósito das expedições astronômicas organizadas pela Sociedade entre 1890 e 1947. Expedições estas consideradas altamente relevantes para a física e a astronomia da sua época. Alguns artigos foram escritos por astrônomos renomados, como Irvine Gardner e S. A. Mitchell, membros daquelas expedições, contendo informações sobre as pesquisas científicas mas também sobre os locais visitados. Seu discurso contribuiu para a construção do imaginário norte-americano e ocidental não só do ponto de vista geográfico como social, principalmente no que diz respeito aos chamados países do terceiro mundo, para onde aquelas expedições se dirigiram
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Marcos Felipe de Brum Lopes
Alteridade e autoridade: palavras e imagens de Mario Baldi numa história contada por um índio
O propósito deste trabalho é analisar a obra literária de Mario Baldi (1896-1957), de título "Uoni-Uoni conta sua história" (1951). Baldi foi um fotojornalista dedicado a expedições ao interior do Brasil desde os anos 1920 até sua morte. A obra literária em questão, que inclui 42 reproduções de fotografias, é uma compilação de diversos acontecimentos dessas viagens, contadas, agora, por um pequeno índio. O principal elemento a ser considerado neste esforço de interpretação é a escolha de um índio como narrador de sua própria história. Sendo Mario Baldi um homem que esteve vinculado a diversos empreendimentos ditos "civilizatórios", empreendimentos que pouco ou nada consideravam o que o "outro" tinha a dizer sobre si mesmo, qual o significado de tal escolha? Como as palavras e as imagens conferem sentido às falas do índio, sendo ambas construções de Mario Baldi? O livro "Uoni-Uoni conta sua história" dialoga com recorrentes concepções sobre o indígena, mas propõe uma postura incomum para o período: a de dar voz ao “outro”. Tal tensão, traduzida verbal e visualmente por Mario Baldi, é o foco deste trabalho.
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Heitor Pinto de Moura Filho
Demografia da Cidade Maurícia, por Franz Post
O quadro de Franz Post Vista da Cidade Maurícia e do Recife nos oferece a possibilidade de retornar à capital do Brasil Holandês, em meados do século XVII. Apesar da concentração de personagens no quadro mostrar-se além de uma realidade “fotográfica”, podemos considerar a interpretação do artista, ao desenhar 146 figuras tendo por cenário esta importante aglomeração urbana, como uma representação jornalística dos habitantes e costumes locais. Neste texto, queremos fazer valer exatamente a reconhecida capacidade de observação de Post e a esperada precisão do seu sentido de tipicidade. Ou seja, tomaremos as figuras retratadas como selecionados por uma pesquisa “representativa” da demografia da Cidade Maurícia, o atual bairro de Santo Antônio, no Recife. Classificamos essas figuras por sexo/idade (homens, mulheres e crianças) e cor/origem étnica (brancos, pretos, índios e mestiços em geral), comparando esses resultados com as proporções consideradas usuais para a população de Pernambuco na época. Alguns resultados surpreendem, como a proporção entre índios e índias, bem como aquela entre pretos e pretas. Os signos empregados por Post para caracterizar cor/origem étnica e classe social de cada indivíduo são comentados.
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
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José Luiz de Araujo Quental
A I Convenção Nacional da Crítica Cinematográfica: novas perspectivas.
A realização da I Convenção Nacional da Crítica Cinematográfica em novembro de 1960 na cidade de São Paulo reuniu uma centena de críticos de todo o país para discutir o temário “A crítica cinematográfica perante a indústria, o comércio e a cultura cinematográfica brasileira”. Mesmo com boas expectativas Paulo Emílio Salles Gomes, o idealizador do evento, foi surpreendido com a diversidade e intensidade das discussões ocorridas.
Nas histórias do cinema brasileiro a Convenção é citada ora como uma edição tardia dos Congressos de Cinema ora como um palco onde foram apresentados a tese Uma situação Colonial? de Paulo Emílio Salles Gomes, texto chave, que teria grande importância para o pensamento cinematográfico brasileiro dos anos de 1960 e o filme Aruanda, de Linduarte Noronha, tido com marco inicial do Cinema Novo.
Tais abordagens, apesar de destacarem importantes elementos ocorridos na Convenção, não parecem dar conta da diversidade de questões apresentadas. Outros temas, debates e acontecimentos representaram melhor os anseios dos críticos cinematográficos que ali se reuniram. Esta comunicação tem por objetivo apresentar um primeiro mapeamento dos debates ocorridos durante a Convenção e apontar quais os temas e questões que marcaram aquele evento.
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Gabriel do Nascimento Silva
A “estética da fome”, de Glauber Rocha, e a constituição da cultura brasileira através da libertação nacional.
Segundo Glauber Rocha, a estética da fome é a busca pela libertação nacional frente ao imperialismo para possibilitar a formação da cultura brasileira. E essa finalidade passa pela violência, pois só assim o colonizador toma conhecimento da vida e cultura que ele explora. Concomitantemente às lutas revolucionárias travadas no campo estético, o cinema toma forma e conteúdo. Vale ressaltar que tais ideais estéticos estão entrelaçados com o contexto político e social de seu tempo: um grande exemplo evidenciado na obra de Glauber é a libertação política da Argélia.
Rocha sugere que o estabelecimento destas afirmações para o campo cinematográfico era possível através da articulação entre burguesia, estado brasileiro e cinema nacional independente. Atenta-se para as contradições dessas afirmações, pois resulta em conseqüências: uma delas, segundo Ismail Xavier, é o esvaziamento conceitual do que seria cultura popular.
A questão primordial da estética da fome está no engajamento político e ético. Assim, o cinema é visto em contradição com padrões comercias, num posicionamento antiimperialista. Outro aspecto é o cinema de autor, como caminho alternativo para expressões de uma visão de mundo. Então, a articulação entre arte, nação, política é a busca incessante de Glauber Rocha
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Wolney Vianna Malafaia
Guerra Conjugal: Cinema Novo, Cotidiano e Sexualidade nos Anos 70
A partir de 1973, os cineastas ligados ao Cinema Novo desenvolveram uma profunda transformação quanto à sua proposta política e cultural no campo da produção cinematográfica. Esta transformação possibilitou uma adequação das produções cinemanovistas às novas condições do mercado cultural brasileiro, criadas a partir da implantação do Regime Militar, em 1964. O filme Guerra Conjugal, de Joaquim Pedro de Andrade, produzido em 1974, se insere nessa nova proposta, pois estabelece um intenso diálogo com as profundas transformações sócio-culturais ocorridas na sociedade brasileira, em tempos de "Milagre Econômico" e, ao mesmo tempo, representa uma imagem crítica das chamadas "pornochanchadas", que dominavam o mercado cinematográfico, realizando uma verdadeira desconstrução das suas temáticas e formas narrativas. Tal desconstrução e diálogo podem ser verificados através da análise das opções estéticas realizadas pelo autor, construindo uma narrativa fílmica original, bem como das temáticas por ele abordadas, referentes ao cotidiano da classe média urbana, à violência e à sexualidade, um panorama da sociedade brasileira naquele momento.
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Carlos Eduardo Pinto de Pinto
Luz, câmera, política! Pindorama e a busca pela identidade histórica brasileira
"Pindorama" (Arnaldo Jabor, 1971) é um filme inserido num conjunto de obras realizadas por diretores associados ao Cinema Novo durante as décadas de 1960 e 1970, que usaram temas da história do Brasil como argumento para seus roteiros, recorrendo a elementos narrativos de vanguarda, considerados mais politizados que a linguagem clássica norte-americana. Através da recusa aos épicos hollywoodianos e aos dramas ufanistas protagonizados por heróis, mocinhas e vilões caricatos, foram produzidos filmes extremamente críticos em relação à História representada e ao contexto vivenciado no período, marcado pela ditadura civil-militar instaurada no país em 1964. O objetivo deste trabalho é proceder a uma arqueologia da criação de Arnaldo Jabor, procurando compreender quais caminhos foram seguidos pelo diretor para atingir seu objetivo final: construir um filme histórico engajado politicamente que discorresse, não sobre um tema específico da historiografia, mas sobre a formação da identidade do povo brasileiro. A principal referência teórica reside nas reflexões de Quentin Skinner sobre o conceito de intencionalidade na criação, desenvolvido em "Visions of Politics" (2002).
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
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clarisse de mendonça e almeida
A questão da construção da identidade na relação Cinema e Internet
O presente artigo propõe uma reflexão, a partir da análise da produção cinematográfica “Caixa Dois” (Brasil, 2007) sobre como as representações sociais sobre a Internet no Cinema estariam contribuindo para a construção de um novo modelo de identidade do homem pós-moderno. Esse filme faz parte de um corpus de 20 (vinte) filmes selecionados para nosso projeto de dissertação “Representações da Internet sob o olhar do Cinema”. O objetivo do artigo é pensar sobre como os personagens presentes no filme analisado reforçariam uma relativização no antigo antagonismo – tão fortemente presente na história das produções cinematográficas – do homem bom versus o homem mau. Um traço típico do homem pós-moderno seria o fato do mesmo indivíduo, munido de atitudes corretas e coerentes, adotar, no momento seguinte, posturas questionáveis eticamente e trafegar entre o bom e o mau, o certo e o errado, sempre em constante transformação. Ou seja, seria um indivíduo construindo uma identidade que pode ser contraditória, fluida e híbrida que se desloca e se cruza em vários momentos. Emerge, assim, a figura de um novo mocinho que, conectado ao que o mundo lhe oferece pela Internet, pode se sentir pertencendo muito mais a um grupo distante geograficamente do que daquele presente ao seu lado fisicamente.
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Marina Moraes dos Santos Berbereia
De Buñuel a Rocha. Construção de uma nova linguagem cinematográfica.
As obras de Glauber Rocha e Luis Buñuel têm uma aproximação estética que nos permite afirmar sem muitos questionamentos, a construção de uma nova linguagem que nega paradigmas racionais de cinema. Nesse parâmetro, os enfoques de suas temáticas se concentram na crítica a realidades sociais distintas, contudo, em um denominador comum que é a forma como são constituídas as filmagens. As imagens são direcionadas para os problemas abordados, sob modelos e linguagens, no mínimo impactantes que fazem com que o observador deixe de ser um mero expectador para dialogar com o filme.
Em Glauber, temos a estética da fome que atribui um valor estético que nega a cultura dominante. A violência como substrato da fome, é inserida em seus filmes com a intenção de denunciar a realidade do terceiro mundo. Para Glauber, o comportamento de um faminto é tão absurdo que seu registro real cria o neo-surrealismo. Glauber identifica no surrealismo de Buñuel como linguagem do homem oprimido. Em seus filmes, Buñuel lança a critica a Igreja, ao Estado e a moral burguesa. Em ambos temos um cinema revolucionário marcado pela liberdade, misticismo e análise crítica do sistema sócio-econômico e cultural vigente.
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Fernando Sergio Dumas dos Santos
Ideologia e representações sociais do alcoolismo no filme ‘O Ébrio’ (1946)
Este trabalho visa analisar as representações sociais do alcoolismo, na sociedade brasileira, desde o ponto de vista do filme “O Ébrio”, produzido em 1946 e dirigido por Gilda de Abreu. Vamos observar suas articulações com a ideologia do Estado autoritário brasileiro do período, em um momento de consolidação dos papéis político y econômico das classes médias urbanas, de valorização exacerbada de valores morais cristãos e de um nacionalismo vinculado ao ideal de “pureza” do homem do interior.
A construção do discurso médico acerca desta doença desenvolveu-se de forma intimamente relacionada ao processo de reordenamento das forças produtivas e sociais iniciado nas sociedades capitalistas, ao longo do século XIX, entrando, ainda, pelas primeiras décadas do século XX. No contexto destas transformações, observamos que a medicalização dos costumes atuou no intuito de preparar os indivíduos para as exigências advindas dos novos processos de trabalho, atuando de forma a controlar costumes e práticas sociais e culturais. No decorrer do século XX, estes valores, produzidos a partir do discurso médico, incorporaram-se definitivamente no cotidiano da sociedade brasileira.
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Carlos Rafael Braga da Silva, Leonardo de Freitas Onofre
O cinema como representação da identidade cultural
O artigo tem por objetivo demonstrar as influências do Cinema Novo, demonstrando que ele se enquadra como forma de representação da identidade cultural, e sua capacidade de gerar reflexão crítica, estando aí sua dimensão pedagógica. Para realizar essa tarefa faz-se o uso do filme Deus e Diabo na Terra do Sol e do Manifesto estética da Fome como fontes históricas e recurso pedagógico, tratando da cultura e da história nos anos de 1960.
A proposta é tornar perceptível a capacidade do cinema como instrumento de mediação da identidade cultural de um grupo. O filme Deus e o Diabo na terra do Sol permite uma abordagem mais crítica em relação a uma determinada cultura, no caso a nordestina. É possível trabalhar essa obra do Glauber pedagogicamente, pois há um diálogo entre os personagens que possibilita perceber a identidade daquele determinado núcleo social e suas mudanças. Mudanças no sentido de que as identidades também passam por um processo de mutação, que varia de acordo com as necessidades do grupo em que vivencia. Assim sendo, neste filme a identidade de alguns personagens (como o boiadeiro, que se torna o religioso e depois bandido) sofrem transformações ou adquirem outras características exteriores ao seu grupo, contribuindo para a formação de uma nova identidade cultural.
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Flávia Cópio Esteves
Mulheres no cinema brasileiro: as múltiplas faces de Pagu (Norma Bengell, 1987)
O diálogo entre filmes e História é focalizado, neste trabalho, através de Eternamente Pagu, dirigido por Norma Bengell, em 1987. Gênero, política e memória constituem palavras-chave para compreender a trajetória de Patrícia Galvão e suas imagens representadas na tela – musa do Modernismo, escritora, militante política, uma mulher envolvida por múltiplos desafios e preconceitos de seu tempo. Durante os anos em que o feminismo se consolida como movimento social, e no processo de retorno ao regime democrático no Brasil, Pagu é retomada como símbolo de ousadia e liberdade, contudo personagem ambígua, traçando limites nesta construção de sua memória através do cinema. Tal produção se insere em um cinema brasileiro que, nos anos 80, mostra-se atento a uma “visão abrangente da sociedade”, na expressão de Ismail Xavier, e que adquire, nesses anos de mudanças na conjuntura política do país, o papel de refletir sobre tais transformações e o passado recente da sociedade brasileira. Pretende-se analisar como se configura uma leitura particular sobre as múltiplas faces de Pagu, e em uma perspectiva mais ampla, sobre a conjuntura do país, aproximando o filme da operação comum à construção de memórias.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Sônia Maria de Meneses Silva
A Operação "Midiográfica": Lugares, fazeres e problemas na produção do conhecimento midiático
Este artigo pretende analisar a construção epistemológica de um tipo de conhecimento profundamente influente em nossos dias: aquele advindo da atuação midiática. Campo difuso no qual se cruzam vários outros campos, às vezes, de forma caótica, dispersa ou disciplinada, os meios de comunicação colocam em evidência uma imbricada rede de saberes que são apropriados a partir de linguagens e narrativas que produzem um tipo de conhecimento marcado pela urgência de notícias e informações cotidianas. Entretanto, embora pareça estar submetido à efemeridade temporal, tal elaboração estabelece marcos capitais na produção de memória e história; articula uma relação com o tempo que transpõe a evanescência do presente e se situa num movimento de distensão entre passado e futuro. Nesse jogo intertextual há, no entanto, processos que visam disciplinar e demarcar condutas que acabam por tornar a feitura dessa informação, uma operação complexa e problemática na qual se cruzam vários elementos construtores de sentido. Para pensar essa produção, tomamos O Grupo Folha de São Paulo – especialmente seus projetos editoriais do Jornal Folha de São Paulo, além de textos de caráter teóricos produzidos pelo grupo entre os anos de 1981 a 2001 numa tentativa de demarcarmos alguns desses lugares e fazeres.
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Daiana de Souza Andrade
Ferramenta nova na oficina da História? Os usos do computador na pesquisa histórica
Eletroeletrônico essencial na vida moderna, o computador está presente em vários momentos do cotidiano, desde a caixa registradora de qualquer estabelecimento comercial até os jogos dos adolescentes que se agrupam nas lan houses, lojas especializadas em vender os diversos usos do computador.
Baixar músicas, digitalizar fotografias, conectar-se na internet, editar um texto ou uma planilha, assistir um filme. Várias são as atividades que podem ser realizadas no computador. Como o historiador utiliza este aparelho? Como uma “máquina de escrever flexível” ou como ferramenta facilitadora das fases heurísticas da pesquisa? E de que forma ele muda seus procedimentos práticos, a organização das fontes, o próprio ofício do historiador?
O projeto Imagens Contemporâneas: Prática Fotográfica e os Sentidos da História na Imprensa Ilustrada (Brasil, 1930-1970), no qual me insiro, procura utilizar esse recurso de forma sistemática. Responder as questões acima, ressaltando a importância da informática para o trabalho do histórico atual, e traçar um panorama das pesquisas que utilizam o utilizam no estado do Rio de Janeiro são meus objetivos nesta apresentação.
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Rosilene Alves de Melo
Escrito nas Estrelas: almanaques astrológicos, relicários do tempo, prognósticos do destino
Esta pesquisa busca estabelecer um diálogo entre Antropologia e História a fim de problematizar o universo em torno dos almanaques astrológicos de feira, também conhecidos como folhinhas de inverno, editados no Brasil desde o início do século XX. Os almanaques são anuários cujo interesse é orientar os agricultores como previsões do tempo e pretendem introduzir os leitores no universo secreto e hermético das Ciências Ocultas: astrologia, numerologia, quiromancia, alquimia, além das profecias, magias e adivinhações, saberes que transitam nas fronteiras entre o campo religioso, a relação dos homens com a natureza e o mundo do sobrenatural. São bastante semelhantes aos folhetos de cordel quanto aos recursos de editoração e são comercializados em feiras e mercados populares. Interessa investigar as cosmologias presentes nos almanaques e as formulações dos leitores em relação aos ensinamentos e profecias presentes nestes livros.
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Leticia Cantarela Matheus
Por que o jornalismo precisa da história?
Procura-se formular algumas hipóteses acerca da necessidade que
os jornais têm de apelar a uma dada idéia de história nos seus processos
de representação da realidade. O objetivo é compreender quais noções de
história estão em jogo nas configurações narrativas produzidas por três
impressos fluminenses com mais de cem anos e qual o valor simbólico que
a história adquire para o jornalismo como prática cotidiana. Para isso,
procura-se mapear um conjunto de estratégias narrativas de
"historicização" nesses periódicos, tais como efemérides, memórias e
edições comemorativas. O que essa obsessão pretensamente historiográfica
representa para o jornalismo diário, que tipo de contribuição a teoria
da história pode oferecer à comunicação para a compreensão desse
fenômeno e o que a história pode aproveitar dessa reflexão para seus
próprios objetivos. Estes são três problemas que se tentará abordar
aqui.
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07/08 - Quinta-feira - Manhã (10h às 12h)
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Crystiane Alves Cavalcante
Comunicação, Educação e História: A televisão como objeto de pesquisa nas Ciências Humanas
Este trabalho é fruto de pesquisa de dissertação intitulada “A televisão dentro e fora da escola: mídia, imagem e narração”, que se encontra em processo de elaboração. Entendendo que a mídia faz parte de um contexto histórico, este trabalho tem como objetivo aprofundar a compreensão da televisão enquanto objeto de pesquisa nas Ciências Humanas e sua relação com as diversas práticas educativas, principalmente as que ocorrem no ambiente escolar, campo empírico da pesquisa anteriormente citada. Para isto, tomaremos como ponto de partida os estudos sobre História das Teorias da Comunicação. Sendo assim, a televisão, meio de comunicação tão importante na formação de opinião pública, que influencia comportamentos e costumes e cujo objetivo principal é o entretenimento, será analisada em suas múltiplas relações com outros campos de conhecimentos, neste caso, a Educação e a História, em torno da seguinte questão metodológica: “A TV possuí uma dimensão pedagógica?”. Desta forma, buscaremos entender melhor as relações existentes entre os diferentes sujeitos e esta mídia, tentando romper com a visão maniqueísta que ainda envolve este tema.
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Ellen da Costa Guedes
Memória e história: as possibilidades de História Oral em Alberto Jacob
Partindo da história de vida do fotógrafo carioca Alberto Jacob (acessível graças às duas entrevistas por ele concedidas), a presente comunicação propõe a abordagem de questões relacionadas à produção de fonte oral, tais como a articulação entre projeto e memória para dar sentido à trajetória individual; o valor da memória na revelação de novos elementos sobre um dado período da história, assim como na produção de uma história que não tem registro formal; e a fecundidade da História Oral para a pesquisa histórica.
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Tania Maria Fernandes
Manguinhos: história de pessoas e lugares
Este vídeo é fruto de pesquisa desenvolvida nas Comunidades de Manguinhos/ RJ, através de parceria entre a Fiocruz e as entidades locais ATREVER e RedeCCAP, a fim de elaborar uma leitura história acerca da ocupação deste bairro. É fruto de uma reflexão de moradores, através da TV comunitária, que a partir de oficinas de vídeo, fotografia e informática assume como objetivo trabalhar o senso crítico do morador para a sua inserção na sociedade de forma igualmente crítica. A participação da Fiocruz é de estabelecer uma análise de cunho acadêmico deste processo histórico, a partir de fontes oficiais e entrevistas com moradores, que possa servir de subsídio para esta reflexão e para o seu trabalho na área.
A região era constituída por fazendas, às margens da Baía de Guanabara, com extensa área de manguezal. Foi ocupada inicialmente, como um típico subúrbio carioca por imigrantes portugueses, e do interior do Brasil, a partir de invasões. Projetos urbanísticos e habitacionais foram propostos, definindo-a como uma área industrial com casas populares. A realidade caminhou por outra via e transformou este espaço em uma grande área de exclusão social, agredida, a partir das duas últimas décadas do século XX, pela violência urbana e o tráfico de drogas, característica das favelas cariocas
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Regina Maria Macedo Costa Dantas
Quando uma dissertação dá samba: uma estratégia para disseminar a história do Museu Nacional/UFRJ no Carnaval carioca.
O trabalho apresenta a experiência da historiadora que disponibilizou sua dissertação sobre a história do Museu Nacional como tema de uma escola de samba do Grupo C do Carnaval carioca em 2008. A estratégia foi desenvolvida para disseminar o conhecimento adquirido na pesquisa que reconstrói a história do palácio localizado na Quinta da Boa Vista, desde que foi residência real até a transferência do Museu Nacional do Campo de Santana para lá. O Museu Nacional foi criado por d. João VI em 1818 e se transformou em uma instituição que representa o desenvolvimento das ciências naturais e antropológicas no Brasil do século XIX. O museu após 1946, passou a integrar a UFRJ e continuou a apresentar as pesquisas através das exposições permanentes. Portanto, a experiência apresentada vem para responder a dificuldade da instituição em levar para fora do estabelecimento a sua história, dando visibilidade ao palácio – o Paço de São Cristóvão – seu patrimônio histórico e fortalecendo a identidade do Museu Nacional e parte de seu acervo. O trabalho reconstrói a metodologia utilizada para mostrar a história da instituição para a comunidade da escola de samba visando à apresentação no evento cultural para o público carente que é impossibilitado de comparecer aos desfile dos Grupos A e B.
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Luiz Felipe Sousa Tavares Emidio
Sons da modernidade: modificações urbanas e música popular no Rio de Janeiro (1904-1937)
Nas primeiras décadas do século XX, a cidade do Rio de Janeiro sofreu uma série de intervenções nas suas estruturas físicas, bem como uma redefinição dos padrões de comportamento e consumo da sua população. As reformas urbanas alteraram a geografia da então capital da República, ao inaugurar espaços específicos para as elites que desejavam se inserir no contexto de modernidade peculiar à época. Alguns setores da sociedade carioca experimentaram modificações nos seus ritmos de vida. Foi o caso da classe dos músicos, que a partir da ereção dos novos espaços destinados às elites, como cafés e salas de espera de cinema, viram ampliar-se as possibilidades de sua atuação profissional. A partir desse momento, e com o surgimento do disco e do rádio comercial, a música popular entrou em um caminho sem volta, no sentido de se constituir em um bem com valor de mercado.
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07/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Ivan Lima Gomes
História e o estudo da mídia: o uso de histórias em quadrinhos como fonte histórica
A História, ao longo do século XX mostrou-se preocupada em desmistificar o seu processo de escrita, procurando destacar a importância do problema, da formulação de hipóteses e do uso de fontes alternativas para a construção do conhecimento sobre o passado. No que se refere à História Contemporânea, é possível destacar o aproveitamente do cinema e da imprensa como fontes históricas, por exemplo. E por que não os quadrinhos?
Manifestação artística típica do século XX e daquilo que ficou conhecido como "indústria cultural", os quadrinhos se destacam por permitir as abordagens mais diversas para o estudioso - e o historiador gradativamente passa a utilizá-la a seu favor. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é indicar alguns tratamentos possíveis que possam permitir o uso de quadrinhos como fontes históricas: pretendo destacar alguns estudos relevantes sobre os quadrinhos (Eco, Cirne, Dorfman, Eisner, Mccloud, entre outros) e as abordagens que propuseram; e apresentar um "estudo de caso": a revista "Pererê", de Ziraldo, publicada entre outubro de 1960 a abril de 1964.
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Thainã Silva Ferreira de Medeiros
Contra-propaganda e contra-cultura em M.A.S.H.
O trabalho apresentado é fruto do subprojeto Propaganda, Informação e Documento integrante da pesquisa Texto Fílmico, Informação e Entretenimento. Analisamos as críticas ao poder bélico norte-americano e à instituição militar, sob a ótica da contrapropaganda no filme MASH (1969). A guerra da Coréia é o pretexto narrativo, marcado pelo contexto da contracultura, para tecer críticas à guerra do Vietnã. Enquanto transgridem normas, o corpo médico desobedece aos preceitos morais do exército. As questões da autoridade, da hierarquia e do próprio Estado norte-americano são tratadas em uma subversão de valores. Os soldados são pouco questionadores quanto à guerra, pois em suas posturas eles a ignoram como ação militar, mas atuam no momento de salvar vidas. A autoridade não é questionada, pois o acampamento desconhece qualquer comando. Um indicador é a ausência de armas, pois numa guerra ideológica, elas não são o armamento principal. Dois recursos são adotados no trabalho de contra-propaganda à propaganda no governo e suas instituições: a ironia e a intertextualidade. A primeira reverte os valores; a segunda, sustentada pelas transmissões radiofônicas no acampamento, estabelece um diálogo, por meio de notícias e anúncios, que critica o contexto da guerra.
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Thiago Monteiro Bernardo
“Just a Bad Day”: As relações entre política, identidade e mal-estar na graphic novel Batman: The Killing Joke
Neste trabalho pretendemos estabelecer as relações entre identidade e mal-estar na pós-modernidade, a partir da análise da graphic novel Batman: The Killing Joke, escrita por Alan Moore e com arte de Brian Bolland. Esta graphic novel tem como personagem principal o Coringa e, enquanto desenha o confronto entre ele e o Batman, reconstrói sua origem. Em um jogo de diferentes temporalidades somos levados até o seu passado, vendo-o como um indivíduo abandonado a seu próprio infortúnio. Sem emprego, sem sucesso e sem lugar sua vida sofre uma série sucessiva de reveses, que o teriam levado a insanidade. O ponto central do roteiro é o ataque que o Coringa faz a Batgirl, filha do Comissário Gordon, tentando provar que qualquer um poderia enlouquecer. Partindo deste argumento, a história propõe e que Batman não seria menos louco que o próprio Coringa, mas sim que devido às circunstâncias de sua vida teria desenvolvido outras formas de lidar com sua loucura. Buscaremos assim demonstrar como a desestruturação das redes de proteção social, promovidas pela política econômica dos governos Reagan (1981-1989), funcionam, nesta narrativa como elementos desencadeadores de um profundo mal-estar na construção dos lugares de identidade.
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Gabriel Chavarry Neiva
Uma nova representação cultural: A trajetória do Public Enemy dentro do movimento hip hop
Esse trabalho se propõe a estudar a trajetória do Public Enemy,grupo inovador de hip hop, que teve início nos 80. O conjunto se propõem a trazer para a então incipente forma musical, um discurso político que resgatava a literatura de protesto negra dos anos 60, influenciada pelos Panteras Negras, Angela Davis, Malcolm X e principalmente a Nação do Islã. Dentro dessa configuração, buscam para o hip hop uma nova consciência combativa em prol principalmente de negros norte-americanos soterrados pelo "sistema" sufocador que apaga o cidadão e o segrega em políticas injustas e acaba por os conformar. Ao mesmo tempo, o grupo também adota posições controversas que, de certa forma, suscitam críticas que trazem à tona posições que foram consideradas machistas, anti-semitas e homofóbicas. Tal polêmica se aliou à posição de sucesso do grupo, que se viu diante de um novo público, brancos do subúrbio norte-americano. Diante de tal posição, o grupo observa o alcance de sua mensagem para um grupo não antes envisionado. Assim, aproveitam tal sucesso, principalmente Chuck D, para se posicionar como vozes da opinião da chamada "comunidade hip hop" acerca da sociedade norte-americana. Essa mudança responde à recepção que o próprio grupo norte-americano e as tendências da música hip hop.
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Aline Martins dos Santos
A Segunda Guerra Mundial na Linguagem dos Quadrinhos.
Na história da Cultura Visual, existem motivos e intenções para que se fabriquem produtos para entretenimento. Histórias em quadrinhos são adquiridas principalmente para divertir e entreter e por trás disso está o poder do mercado. Através de seus personagens, as histórias em quadrinhos retratam situações vividas ou revelam anseios e desejos com os quais os leitores se identificam, de modo que essas histórias e personagens refletem valores, crenças e ideologias de seus autores, editoras ou grupos. Como objetos artísticos, as imagens da Cultura Visual também possuem funções e significados implícitos elaborados pela própria sociedade que a produziu.
Diante disso, acreditamos que os quadrinhos e especialmente os personagens com os quais estamos trabalhando – por serem personagens que carregam o estigma de serem norte-americanos e acusados de divulgarem uma “propaganda ideológica” -, seriam mais uma fonte para nos ajudar a entender como se pensava (autores, editores) a Segunda Guerra Mundial naquela época.
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