Histórias da escrita da história |
Coordenadores: Rebeca Gontijo
Marcia de Almeida Gonçalves
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Resumo: Na qualidade de discurso e prática cultural, a escrita da história é uma das estratégias de conformação e de crítica da(s) identidade(s) que grupos e sociedades elaboram com relação a si e a outros. Materializada como narrativa, se presta a usos diversos, ao instituir concepções, valores, imagens, enfim, sentidos acerca das ações de sujeitos, individuais e coletivos, no mundo. De posse dessa perspectiva, interessa-nos, no simpósio proposto, reunir e por em diálogo trabalhos que, ao tematizar o conceito de historiografia, contribuam tanto para uma reflexão acerca de suas histórias, quanto para questionamentos concernentes às relações de força, tensões e ambiências implicadas nas escolhas teóricas e metodológicas associadas à produção desses saberes. Se hoje, o conceito de historiografia identifica amplos e diversificados conjuntos de textos, acadêmicos e didáticos; o mesmo, em função desse rico universo, torna-se um campo de investigação profícuo, em parte devido às suas interfaces transdisciplinares no que tange à literatura, à filosofia, à antropologia, à pedagogia, à política, à psicanálise, entre outros. Assim, ao centrar indagações na própria configuração do que veio a ser classificado como historiografia, acreditamos poder elucidar o caráter movediço de sua identidade como conhecimento e, ao fazê-lo, situar, em alguma medida, a historicidade de seus objetos, questões, e métodos, bem como as aproximações, afastamentos, sobreposições face a gêneros outros, como as biografias, as crônicas e os romances. Os trabalhos propostos deverão contemplar as preocupações aqui expostas, preferencialmente privilegiando a historiografia brasileira. Nesses termos, para além das análises sobre autores e obras, ou pelo redimensionamento desse enfoque à luz de suas condições sociais de produção, destacam-se, em igual proporção, as possibilidades de abordar as formas de conceber a história, o tempo, a memória que essa escrita categoriza, pereniza, encobre, descobre.
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Programação: |
04/08 - Segunda-feira - Tarde (14h às 16h)
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Márcio Romão Brantuas Barcia
O historiador e sua identidade: a escrita da história pensada a partir da literatura
Baseado no livro As cidades invisíveis, de Italo Calvino, pretendo refletir sobre a nossa identidade de historiadores a partir de um texto literário. Trata-se, na verdade, de pensar a escrita da história através da literatura. Nesse sentido, quero situar esta análise do ofício do historiador em um lugar limite, um lugar de tensão, pois sabemos que a afirmação da história, enquanto disciplina científica, fundamentou-se em um distanciamento e em uma negação do discurso literário. Sendo assim, podemos interrogar nosso papel e nossa identidade de várias maneiras: O que fazemos ao escrever a história? No que cremos? O que nos autoriza a falar sobre o passado? Quem somos nós? Criadores de ausências, como dizia Michel de Certeau? Inventores de cidades invisíveis, como o Marco Polo, de Italo Calvino? Ou construtores que trabalham incansavelmente na oficina da história?
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Amanda Danelli Costa
Entre espaço e horizonte: a pena de um dândi carioca
João do Rio foi um crítico da modernidade carioca do início do século XX e da neurose do seu tempo. Acelerações e deslocamentos de tempo são presenças constantes nas suas reflexões sobre a cidade e suas sociabilidades. O grupo de crônicas de caráter filosófico, reunido em "Chronicas e frases de Godofredo de Alencar", publicado em 1916, é analisado nesta comunicação a partir das categorias de tempo, espaço de experiência e horizonte de expectativa, propostas por Reinhart Koselleck no seu "Futuro Passado". O objetivo que orienta a presente pesquisa se relaciona num âmbito mais amplo aos estudos sobre modernidade, civilização e cultura na cidade do Rio de Janeiro, através da leitura da obra do cronista da belle époque carioca.
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DANIEL PINHA SILVA
Santiago Ribeiro e a cor temporal: uma interrogação sobre os primeiros debates da historiografia literária brasileira oitocentista
O objetivo da comunicação é analisar a proposta historiográfica de Santiago Nunes Ribeiro para os primeiros estudos de história literária brasileira. Chileno radicado no Brasil, sócio do Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro, co-fundador e editor da Revista Minerva Brasiliense, Santiago publicou no prefácio do primeiro número deste periódico, datado de novembro de 1843, um artigo denominado “Da nacionalidade da literatura brasileira”. Este texto se inseria no debate travado na época acerca da existência ou não de uma literatura especificamente brasileira. Partindo do exame deste escrito, o presente trabalho pretende problematizar dois eixos centrais: primeiro, de que modo se estabelece uma determinada escrita da história da literatura brasileira cuja característica principal reside na busca de uma unidade essencial nacional que se conforma no tempo – tal proposta terá em Gonçalves de Magalhães o seu principal expoente; segundo, a tentativa de Santiago Nunes Ribeiro de pôr em questão esta homogeneidade temporal, mantendo a ênfase nas marcas da nacionalidade, mas acrescentando a importância de se reconhecer as diferentes particularidades históricas que conformavam os gostos das épocas distintas.
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05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
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Andre de Lemos Freixo
José Honório Rodrigues: os clássicos e uma possível identidade historiográfica brasileira (décadas de 1940-80)
Quais são os autores clássicos a constituir o "panteão" historiográfico brasileiro? Certamente, há muitas respostas possíveis. Porém, há ainda aqueles nomes que não faltariam em grande parte das listagens. Varnhagen, Capistrano de Abreu, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., dentre outros. Proponho tentar compreender como estes autores passaram a ser reconhecidos como a linhagem historiográfica brasileira. Acredito que José Honório Rodrigues tenha sido, em grande medida, responsável pela organização e canonização desta linhagem, enquanto clássica, para os historiadores do Brasil. A questão que proponho é: em que medida esta linhagem constituiu uma identidade para os historiadores no Brasil?
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Rebeca Gontijo
A história da história no Brasil: mapeando um terreno em movimento
O objetivo da comunicação é apresentar um mapeamento dos textos (com destaque para livros e artigos) que abordam a história da escrita da história no Brasil, de modo a: a) identificar autores e obras que freqüentemente tem servido de base para a compreensão da história dos estudos históricos entre nós; b) apontar parâmetros conceituais e analíticos utilizados nessas abordagens; c) compreender os vínculos entre esse tipo de produção e o exercício memorialístico, que promove lembranças e esquecimentos. Destaque especial será dado à produção difundida entre as décadas de 1940 e 1970, recorte temporal cuja escolha foi determinada pela emergência, no primeiro momento, da produção acadêmica resultante dos primeiros cursos de história promovidos pelas faculdades de filosofia, criadas nos anos 1930; e, no segundo momento, pela criação das pós-graduações em história. O trabalho proposto está relacionado à pesquisa (em andamento) desenvolvida em conjunto com o prof. dr. Fábio Franzini (UNINOVE) a respeito da historiografia modernista dos anos 1930, comumente vista como marco de ruptura em relação aos estudos históricos produzidos até então.
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Fábio Franzini
A História presente e a História ausente nos volumes da Coleção Documentos Brasileiros (1936-1959)
Desde o seu lançamento, em 1936, até pelo menos fins da década de 1950, a Coleção Documentos Brasileiros, publicada pela Livraria José Olympio Editora, foi um dos principais veículos de difusão de novas abordagens e novos discursos sobre a História do Brasil produzidos no decorrer desse período. Seus volumes compõem, assim, um importante e sugestivo painel de nossa historiografia na primeira metade do século XX, momento importante, senão decisivo, para a superação do modelo oitocentista de escrita da História, “tradicional”, e sua adequação às “modernas” formas do labor historiográfico. Há que se notar, contudo, que nem todos os olhares que então se voltavam ao passado foram contemplados pela série, o que torna tais ausências também significativas, ao menos para a investigação acerca de seus critérios de produção e dos interesses político-intelectuais que a envolviam. O propósito desta comunicação é, então, analisar as características gerais da Coleção Documentos Brasileiros entre 1936 e 1959 para, a partir delas, mapear o campo da historiografia brasileira da época e pensar nas relações de força, tensões e ambiências implicadas nas escolhas teóricas e metodológicas associadas à sua produção.
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
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Nayara Emerick Lamb
Ficções históricas nas páginas do Plutarco Brasileiro
O objetivo do presente trabalho é apresentar algumas reflexões sobre o livro “Plutarco Brasileiro”, de João Manoel Pereira da Silva (1817-1898), editado em 1847. Parte integrante do projeto “Retratos em papel e letras: imaginário nacional e narrativa biográfica no Império do Brasil (1839-1889)”, sob a coordenação da professora Márcia de Almeida Gonçalves, nossa investigação visa identificar algumas das características do conjunto de textos biográficos aglutinados na publicação em análise, de modo a não só inventariar os sujeitos biografados e a forma de narrar suas vidas, mas principalmente, verificar as relações entre tais narrativas e a construção de valores do imaginário nacional do Império do Brasil. Interessa-nos, igualmente, valorizar aspectos do texto mencionado que permitem inseri-lo nos quadros das sensibilidades românticas, nas formas como essas se manifestaram entre apostas e escolhas de homens de letras, no Império do Brasil, nas décadas de 1830 e 1840.
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Silvia Patuzzi
Historia magistra sanctitatis?
Esse trabalho enfoca as relações entre historiografia e hagiografia na cultura pós tridentina, particularmente na produção jesuítica sob o generalato de Claudio Acquaviva (1581-1615). Para tanto, analisaremos partes da obra que se tornará modelo hagiográfico da Companhia até a publicação dos Actas Sanctorum bolandistas, o Flos Sanctorum (1599-1601) de Pedro de Ribadeneyra, e o avant-propos da obra de outro jesuíta, o Tableaux Sacréz (1611) de Louis Richeôme. Deste modo, apontaremos de que maneira o paradigma de história selecta aplicado à narrativa das vidas dos santos permitiu à Companhia incorporar o modelo heróico humanista (plutarquiano) para produzir um texto rigoroso, no qual o milagre fosse reconduzido ao campo do verossímil, ampliando o seu valor de exemplaridade. Em segundo lugar, apontaremos para a centralidade da relação entre palavra e imagem na espiritualidade inaciana, tal qual é praticada por Ribadeneyra ao se apropriar do conceito de “pintura espiritual” de Louis Richeôme, produzindo uma história dos santos que fosse “retrato e espelho de santidade”, direta referência ao topos humanista da ut pictura poesis.
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Marcia de Almeida Gonçalves
Dimensões do biográfico na escrita da história do Brasil
Entre as décadas de 1820 e 1870, muitas foram as iniciativas daqueles que se viram como homens de letras, no sentido de constituir e significar o que viesse a caracterizar os códigos de identificação do Império do Brasil, na qualidade de nação autônoma e soberana. Assim, no campo da palavra impressa, iniciou-se um movimento de expansão em que proliferaram os registros que pudessem dar forma, em letra de forma, aos valores e projetos edificadores de pertencimentos nacionais. Nesse trabalho objetivamos analisar, de forma pontual, os usos e valores da narrativa biográfica quanto à escrita da história do Brasil, elaborados por alguns dos homens de letras dos oitocentos, a saber: João Manuel Pereira da Silva, Joaquim Norberto de Souza Silva e o Cônego Fernandes Pinheiro. No nosso entendimento, a despeito das diferenças de estilos e de preferências temáticas, tais autores, para além do ponto comum de colaboradores da seção “Biografias de brasileiros distintos ...”, constante da RIHGB, podem ser aproximados por terem concedido à escrita biográfica um valor ímpar como narrativa do campo dos estudos históricos e, ao fazê-lo, acabaram por delinear uma maneira de conceber o que deveria ser a historiografia brasileira.
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Talita Daher Rodrigues
História, biografia, pedagogia nas páginas de“Brasileiras Célebres”
Entre as décadas de 1830 e 1870, época de fundações da nação brasileira e de consolidação do Império do Brasil, a escrita biográfica veio a ser particularmente valorizada por alguns homens de letras comprometidos com a edificação de referências simbólicas da identidade de ser brasileiro. Vidas individuais vieram a ser tomadas como paradigmáticas para a escrita de uma história da nação. Nesse contexto, no ano de 1862, Joaquim Norberto de Souza e Silva publicou o livro “Brasileiras Célebres”, uma coletânea de biografias muito particular e que se distinguiu de todas as demais por ter a categoria gênero como critério aglutinador e por ter uma função pedagógica explícita, declarada pelo próprio autor, de educar as jovens mulheres brasileiras. Este trabalho, parte integrante do projeto “Retratos em papel e letras: narrativa biográfica e imaginário nacional no Império do Brasil”, sob a coordenação da Professora Márcia de Almeida Gonçalves, busca caracterizar os valores que interfeririam na construção do que poderia tornar uma mulher célebre nos tempos do Império do Brasil, bem como o tipo de mulher brasileira que se desejava formar através do exemplos das biografadas escolhidas.
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Leandro Augusto Martins Junior
Galeria dos Brasileiros Ilustres: escrita biográfica e imaginário nacional na consolidação do Império do Brasil (1840-1860)
Em um momento duplamente caracterizado pelo uso da História como via de legitimação dos Estados Nacionais e pelo reconhecimento da mesma como um saber disciplinar,o século XIX assiste igualmente a ampliação do debate acerca da relação entre os gêneros histórico e biográfico. Entre aceitações e repúdios,tal proximidade foi ainda caracterizada por se inscrever,em terras brasileiras,na construção de um projeto de nação baseado no princípio monárquico de governo,e em valores e práticas de um certo imaginário nacional garantidor, entre outros aspectos,do caráter unitarista e centralizador do regime então instaurado. Em tais temporalidades,o francês Sebastião Augusto Sisson produz sua Galeria dos Brasileiros Ilustres (1859-1861),obra por nós entendida como manifestação do uso da biografia na qualidade de discurso fundador e difusor da memória e da identidade da nação brasileira.Pretende-se,então,investigar e caracterizar o lugar de tais textos biográficos nessas estratégias discursivas, promovendo, em especial,uma discussão acerca dos esforços investidos da tarefa de elaborar os retratos de papel e letras daqueles personagens cujas vidas individuais vieram a ser tomadas como referenciais para a escrita de uma história da nação, em tempos de vigência do princípio monárquico de governo.
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
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Raquel Luise Pret Coelho
Espírito ou imagem? As escritas da história e os sistemas de colecionamento e exibição no Museu Histórico Nacional
A década de oitenta foi marcada por uma concepção de cultura preocupada com a diversidade das formas e das experiências culturais numa sociedade essencialmente estratificada e excludente. Havia um discurso pungente sobre a necessidade de se democratizar a cultura, torná-la mais pluralista. Vivia-se um momento em que Marilena Chauí nomeou de politização da cultura. O Estado tentava responder às demandas sociais de transformar a “cultura nacional”, promovida por ele – até então pautada em símbolos comuns a uma minoria – em algo mais acessível e representativo de todos. Destacaram-se algumas medidas como a Política Nacional de Cultura; a criação da Fundação Nacional Pró-Memória e do Programa Nacional de Museus. Este último foi criado, como afirmou Rui Mourão, para dar suporte aos museus que vinham sofrendo paulatino sucateamento pela falta de investimentos. O tradicionalismo e a defasagem que os museus apresentavam não era a imagem à qual os patrocinadores culturais queriam estar vinculados. A palavra em voga era revitalização. Assim, pretende-se analisar como o MHN, o MR e o MNBA foram transformando suas escritas da história a partir das demandas sociais e das imposições das políticas culturais, dando enfoque ao projeto de revitalização, financiado pelo Programa Nacional de Museus.
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Elza Helena Lourenço Gomes dos Santos
Negacionismo no Brasil: as obras de S.E. Castan.
O termo ?Revisionismo Negacionista? refere-se a uma variante ?intelectual? de movimentos de extrema-direita do pós-guerra, cujo projeto incorpora a banalização, a justificação ou mesmo a negação da inexistência dos campos de extermínio e do Holocausto Nazista. Entre os objetivos que figuram no projeto de pesquisa do Prof. Dr. Luis Edmundo de Souza Moraes a respeito do Negacionismo, está em realizar um levantamento de informações e o estudo da recepção e construção da memória coletiva sobre o Holocausto no Brasil no pós-guerra. Ao verificar-se um processo de disputa pela memória coletiva sobre o nazismo de forma mais ampla e sobre o holocausto em particular,
averiguamos que instituições e personalidades reproduzem o discurso bem
como os procedimentos próprios do negacionismo no Brasil. Este trabalho,
vinculado àquele projeto mais amplo, tem por objetivo analisar os métodos
empregados na negação do Holocausto nos materiais tornados públicos pela
Editora Revisão, voltada à produção e distribuição de textos negacionistas
no Brasil, especificamente aqueles assinados pelo fundador da editora,
Sigfried Ellwanger Castan. O olhar será sobre quais instrumentos
argumentativos, bem como por quais processos de demonstração, são
utilizados e inseridos nestes textos.
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Suellen Mayara Péres de Oliveira
Distinções complementares: as representações identitárias nos Institutos históricos e geográficos americanos
Com base na pesquisa que investiga a prática epistolar mantida pelos sócios do Instituto Histórico e Geográfico brasileiro, Instituto Histórico e Geográfico do Uruguai, Instituto Histórico e Geográfico do Rio da Prata no período de 1838-1860.Propomos apresentar o inventário das representações identitárias das sociedades americanas veiculadas em tais correspondências, problematizando o lugar da alteridade na constituição dos elementos que definiram os estudos históricos e geográficos tal como configurados nos respectivos Institutos. Visto que a identidade disciplinar corresponderia a própria identidade coletiva das respectivas nações. Ressalta-se, assim,o conjunto de práticas comuns que organizavam a construções de tais identidades distintivas.
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Rodrigo Turin
A história pelo corpo: estratégias e ambigüidades no discurso antropológico do Museu Nacional (1870-1892)
O presente trabalho visa analisar os elementos que conformavam a 'operação etnográfica' praticada pelos integrantes do Museu Nacional do Rio de Janeiro, no final do século XIX. Um destaque será dado à forma como os cientistas do Museu Nacional procuravam elaborar uma temporalidade para os indígenas a partir de análises e experimentos laboratoriais que tinham no 'corpo selvagem' seu campo de atuação. Um tempo biologizado, mas que não deixaria de coexistir, de forma tensa e ambigüa, com perspectivas ligadas a um tempo católico. Nessa tensão, pode-se mapear as linhas de continuidade e ruptura entre o Museu Nacional e os trabalhos etnográficos desenvolvidos por uma geração anterior no IHGB.
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Fernanda Teixeira Moreira
O Institut for Historical Review e a Negação da História
O Negacionismo é um movimento intelectual vinculado a extrema-direita que surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial, ainda na década de 1940. Autodenominando-se Revisionismo, os adeptos do negacionismo pretendem “revisar” a história, através da negação da existência de câmaras de gás e do assassinato em massa de judeus e outros grupos nos campos de concentração nazistas. Para fornecer autoridade institucional aos autores negacionistas, em 1979 foi criado o Institut for Historical Review (IHR), pelo o anti-semita norte-americano Willi Carto, tornando-se o principal centro articulador do negacionismo, principalmente através da realização de conferências e da publicação do Journal of Historical Review. Considerando que enquanto ideologia as idéias negacionistas são “a expressão particularmente assustadora da naturalidade com que convivemos com verbalismo vazio e a demagogia pseudo-científica” (Milman, 2000:116), neste trabalho procuro analisar a contribuição do IHR na difusão das idéias negacionistas e na negação da historiografia oficial sobre a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Deter-me-ei na análise do negacionismo como uma construção ideológica de aparência historiográfica (Milman, 2000), que tem como objetivo principal a reabilitação dos projetos Nacional-socialistas.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Nayara Galeno do Vale
Delgado de Carvalho: trajetória e pensamento de um intelectual da educação
A proposta central deste trabalho consiste em discutir aspectos do ensino da História enquanto disciplina e conhecimento escolar no Brasil na década de 1930. Dentro desta temática procurarei caracterizar a trajetória intelectual de Carlos Miguel Delgado de Carvalho em relação ao ensino desta matéria na educação em geral e particularmente no curso secundário nesta mesma década. Para isso, empreenderemos um estudo sobre as estratégias do autor no campo intelectual e uma caracterização do contexto educacional da época buscando explicitar a importância que a disciplina histórica adquire no período correspondente ao primeiro governo de Getúlio Vargas, por ser reconhecida como uma disciplina que formava os estudantes para o exercício da cidadania.
Delgado de Carvalho, por sua vez, representou uma figura atuante na conjuntura dos anos 1920 a 1940, nos principais espaços onde se desenvolviam discussões acerca dos rumos da educação nacional. Pretendemos caracterizar o seu discurso veiculado através de algumas de suas obras publicadas na década de 1930 buscando investigar em que medida, os vários projetos para o ensino de história veiculados nessa época eram elementos componentes de diferentes projetos de nação.
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Iara Conceição Guerra de Miranda Moura
Instituições Político- Culturais e Historiografia Piauiense: uma relação discursiva entre saber e poder.
A proposta da pesquisa é analisar o papel das instituições político-culturais da cidade de Teresina- PI, no período de 1950 aos dias de hoje, no que diz respeito á produção, financiamento, editoração e divulgação das obras de História do Piauí. Buscar-se-á, especificamente, compreender que tipo de relação os historiadores piauienses mantêm com esses lugares sociais, quais as regras e os jogos de interesses que estão por detrás dessa ligação, as pesquisas tornadas possíveis por elas, bem como o curto período de existência dessas instituições, e a sua relevância para a fomentação cultural da nossa região, principalmente para a historiografia piauiense.
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Rui Aniceto Nascimento Fernandes
A Renascença Fluminense: história e política na construção da identidade fluminense na década de 1920.
A Renascença Fluminense foi um movimento intelectual que ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, na década de 1920, que objetivava o resgate e a valorização da história nacional destacando a ação dos fluminenses em sua construção. Incentivavam o culto cívico aos filhos do seu torrão e a comemoração de efemérides como formas de construir uma identidade alicerçada na tradição histórica do estado. Suas idéias associaram-se à política estadual com a presidência de Feliciano Sodré (1923-1925). Neste momento o nilismo, grupo que dominara a política local por três décadas, fora alijado do poder após a derrota de Nilo Peçanha nas eleições presidenciais de 1922 e a intervenção federal em 1923. Sodré procurou firmar-se como a principal liderança daqueles que até então eram oposição ao nilismo e, durante sua gestão, buscou construir uma imagem do administrador que recuperaria o lugar histórico do estado perdido no pós-proclamação da República. A presente comunicação pretende analisar as estratégias de construção de um discurso historiográfico de afirmação da importância dos fluminenses na construção da história nacional levadas a cabo pela Renascença Fluminense na década de 1920. Objetivamos também analisar as associações desse discurso com o cenário político que estabeleceu a partir de 1923.
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Ivan Norberto dos Santos
As concepções de História na "História do Brasil" de Rocha Pombo
Esta comunicação pretende discutir algumas das diferentes concepções de História presentes na "História do Brasil, ilustrada", de José Francisco da Rocha Pombo, seja as apontadas no prefácio pelo historiador, seja as efetivamente praticadas na elaboração da obra. A partir da análise das múltiplas e contraditórias noções mobilizadas pelo historiador paranaense, busca-se identificar parte das representações acerca da produção do conhecimento historiográfico que conviviam, se sobrepunham ou entravam em conflito no debate político-intelectual brasileiro do início do século XX. Algumas dessas concepções configurariam modos possíveis de tratamento acerca do passado que foram gradualmente perdendo espaço para certo tipo de historiografia que se tornou hegemônico, particularmente a partir da “profissionalização” do campo da História no Brasil.
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Marcia Guerra Pereira
Pardal de Clio - Delgado de Carvalho e a proposta de Estudos Sociais
Tendo como objeto de análise a produção didática de Delgado de Carvalho, geógrafo e historiador carioca, professor de ensino médio, autor de livros didático, catedrático de História Moderna e Contemporânea na Universidade do Brasil, discutimos os fundamentos e estratégias elaboradas por Delgado de Carvalho para implementação daquela que foi sua proposta de vida - a implementação dos Estudos Sociais no ensino fundamental e, particularmente, a perspectiva de articulação entre História, Geografia, Sociologia, Economia e Psicologia para o ensino Médio.
Procuramos articular a formação do autor, entrecruzando as influências de Vidal de Lablache e d' Ecole des Annales às premissas e valores difundidos pelo norte-americano John Dewey, às suas proposições para a implementação de Estudos Sociais contidas em “Metodologia e prática de ensino de História na Escola Primária do Distrito Federal”, manuscrito datado de outubro de 1949. e no livro Sociologia e Educação, publicado em 1934.
Em nossa análise pretendemos, ainda, examinar as concepções sobre história e ensino de história que então se confrontaram, assim como as aproximações e separações entre a produção acadêmica e a escolar.
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07/08 - Quinta-feira - Manhã (10h às 12h)
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Marcelo de Mello Rangel
Algumas questões epistemológicas sobre a escrita da história a partir de Friedrich Nietzsche
Mostraremos que a crítica que Nietzsche tece à historiografia alemã oitocentista respeita um movimento de evidenciação ontológica, que acaba por colocar em questão a produção de conhecimento em geral. Ao criticar o saber histórico, Nietzsche nos fala do princípio de realidade que comanda a vida, princípio que está no fundo de qualquer atitude, entre elas a de conhecer. Segundo o filósofo alemão, tudo que o homem constrói cresce desde sentidos sempre-já postos, o que significa dizer, sempre que produz conhecimento o homem é movimentado por um determinado conjunto de afetações, de sentidos em relação aos quais pouco ou nada pode arbitrar. Aqui, percebemos que a consciência, razão, inteligência, espírito etc, é uma atividade humana sempre-já cingida pelo pathos do afeto. Então, Nietzsche conquista a possibilidade de nos perguntar – o que fazer quando nos deparamos com a evidência de que o conhecimento histórico é, em seu fundo, fusão de experiências, fusão de trajetórias?
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José Nicolao Julião
Breve Ensaio sobre a Filosofia da História
O objetivo deste ensaio é o de fazer uma analise sobre a Filosofia da História percorrendo um período abrangente do seu desenvolvimento histórico. Porém, o foco do nosso estudo não é o de apresentar um panorama geral e exaustivo da Filosofia da História, sem antes situar um problema que a permeie, nem mesmo de desenvolver inúmeras teses existentes acerca de suas problemáticas, pois tarefas desse porte estender-se-iam por todas as correntes ou pela maior parte delas, o que seria enfadonho e supérfluo. O nosso propósito é mais modesto, nos contentaremos em apresentar em linhas gerais como o surgimento das teorias da história no séc. XIX não eliminou por completo as bases metafísicas que fundamentavam as clássicas filosofias da história, pelo contrário, se nutriram delas e a partir delas ergueram os seus alicerces epistemológicos e possibilitou no século seguinte, o renascimento das Filosofias da História com diversas variações.
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Leonardo de Carvalho Augusto
Compostura e catarse: a fundação da História e a representação séria da realidade na obra de Erich Auerbach
O objetivo que orienta a presente pesquisa é a fundação da História como um registro discursivo. No texto "A Cicatriz de Ulisses", Erich Auerbach sugere como o realismo ético presente na tradição grega dos textos homéricos, marcado pela idéia de transparência, teria sido uma possível marca de reconhecimeto da fundação da história a partir de um tempo novo – dos homens – constatado no efeito purificador de um espectador atento, o próprio Ulisses. Mas inversamente, proponho que o ponto de Auerbach não seria o realismo épico da tradição grega, e sim o realismo trágico de Abraão. Este, se alia à categoria de compostura, um traço do estilo pessoal “deliberadamente modesto” do filólogo, que juntamente à “representação séria da realidade cotidiana” opera no sentido da "revisão do conceito de metafísica”, fazendo com que Auerbach opte pelo trágico, no qual a decisão soberana e incontrolável da divindade dá lugar à confusão e à imprevisibilidade das forças históricas.
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Carlos Mauro de Oliveira Júnior
Sobre a noção do político: História e Cultura Democrática em Pierre Rosanvallon.
O objetivo deste trabalho é realizar uma leitura do conceito do “político” presente nos trabalhos de Pierre Rosanvallon em sua inserção nos debates da historiografia e ciência política francesas sobre a democracia contemporânea e suas origens revolucionárias. O conceito do “político” remete a um tipo de avaliação histórica interessada nos discursos, práticas e estratégias dos variados atores, assim como seus sucessos e decepções. Neste sentido, realiza uma avaliação das mutações no discurso democrático, desde o século XVIII, tendo em vista os grupos em disputa e os vocabulários políticos mobilizados por estes.
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07/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Marcelo Santos de Abreu
A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932: HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA
O trabalho discute a relação entre a produção historiográfica acadêmica e a literatura testemunhal sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. Busca-se compreender o lugar que a Revolução Constitucionalista de 1932 ocupa na história política republicana e em que medida a historiografia colaborou na reprodução da memória do acontecimento forjada por “constitucionalistas” e “ditatoriais” na década de 1930. Nesse sentido, o trabalho proposto pretende discutir as tensões entre a operação histórica e o enquadramento da memória social. Busca-se, portanto, avaliar em que medida a historiografia como discurso comprometido com a verdade participa ou se distancia da criação da memória sobre os eventos políticos da década de 1930, particularmente a Revolução Constitucionalista de 1932.
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Mayara Paiva de Souza
Memória e História: a reinterpretação do tempo na Constituinte de 1946
As elites políticas destituídas do poder com o golpe de 1930 têm recebido pouca atenção da historiografia brasileira. A Revolução impôs uma nova concepção do presente/passado/futuro, esse novo tempo histórico transformou 1930 em marco político na história do Brasil. Após a deposição de Getúlio Vargas outubro de 1945, o grupo derrotado em 1930 e 1932, então reunido sob a bandeira da UDN, retornou ao cenário político na Assembléia Nacional Constituinte de 1946. A Constituinte daquele ano era o lugar e o momento propício para reinterpretar o passado, isto é, julgar o Estado Novo e retomar a experiência política da Primeira República. Além de reinterpretarem o passado, os parlamentares udenistas temiam o futuro que lhes parecia totalmente imprevisível. Nesse sentido, a Constituinte de 1946 aparecia como o momento de refazer a Era Vargas sob as cores da arbitrariedade e violência. Os debates parlamentares naquela Constituinte revelam, muito mais do que disputas partidárias, disputas de memória. Não se trata de fazer História dos vencidos, mas evidenciar as diversas possibilidades de interpretação do tempo que foram elididas pela escrita historiográfica. Nessa perspectiva, a Constituinte de 1946 é um campo fértil para se pensar o tempo histórico, bem como a escrita da História.
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Marcos César Pereira Santos
Sinais: Passos da Humanidade - Uma Experiência na Serra da Capivara
As teorias hitóricas construídas para aprimorar as interpretações sobre o passado buscaram se basear em fontes históricas documentais, sendo este o sustentáculo essencial para a viabilização da analise e construção de um raciocínio sobre o passado. Essas teorias designaram como História o tempo a partir do surgimento da escrita, e Pré-História os povos que não desenvolveram a mesma. Neste contexto, os estudos sobre a Pré-História se afastaram das teorias históricas e se aproximaram das teorias arqueológicas enquanto as duas ciências, que visam à construção de um passado através das fontes existentes sobre o mesmo afastavam-se cada vez mais (seja no quesito das teorias ou nos das fontes documentais). Portanto este projeto pretende analisar como o conhecimento histórico pode ser construído e aprimorado através de fontes documentais materiais, que hoje são ligadas a arqueologia, e mostrar a viabilização de se construir a História usando elementos arqueológicos (tanto na teoria quanto na prática). E animado pela experiência prática que tive de dois meses (460hs), na fumdham - Fundação Museu do Homem Americano, dirigido pala Doutora Niede Guidon, que cordena as pesquisas arqueologicas no Parque Nacional Serra da Capivara-PI.
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Igor Guedes Ramos
Uma história dos historiadores: O messianismo acadêmico.
A produção historiográfica brasileira das décadas de 1970 e 1980, que se dedicou ao estudo da formação da classe operária no Brasil, traz consigo expectativas de futuro. Logo, o passado aparece como prenúncio do que virá; de acordo com representações de história e de classe operária.
Esta comunicação tem por objetivo apontar como essas representações, por um lado, se constituem historicamente, por meio da incorporação das configurações socioculturais; e, por outro lado, se manifestam como matrizes da prática e do discurso historiográfico, estabelecendo os campos teóricos de análise da formação da classe operária brasileira.
Destarte, compreendemos que a produção historiográfica se apresenta como produção cultural, que transforma materiais brutos (memória) em materiais culturais (história), atribuindo sentido e cientificidade; de acordo com um lugar sociocultural e temporal, uma prática e uma escrita.
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