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Simpósios Temáticos


Imprensa e Memória

Coordenadores:
Laura Antunes Maciel
Marta Emisia Jacinto Barbosa

Resumo:
Por ocasião das comemorações dos 200 anos da imprensa no Brasil, este Simpósio Temático propõe a reflexão sobre diferentes espaços sociais do fazer imprensa, de jornais diários até a produzida por movimentos sociais e populares, de modo a ampliar as dimensões da memória social brasileira preservadas e contribuir para a visibilidade de memórias pouco valorizadas e reconhecidas.
A proposta é refletir sobre as tensões presentes no processo de ampliação do periodismo no Brasil, discutir as razões da invisibilidade das ações populares neste processo, para reconhecer os sinais da presença pública da memória popular na dinâmica social. Assinala-se o trabalho do historiador no aprofundamento de estudos sobre os significados da produção da imprensa, ao investigar caminhos da sua produção em distintas formas e linguagens, desvendar trajetórias percorridas por diferentes sujeitos produtores e recompor redes de comunicação e redes de produção de memória que entrelaçam complexas dimensões do fazer histórico.
Cabe problematizar e articular linguagens e experiências sociais e criar possibilidades investigativas para reconstituir experiências múltiplas que tenham se constituído como espaços alternativos ao poder, lugares de crítica ou contraponto a falas e projetos dominantes. É importante trazer ao conhecimento e ao debate público investigações e reflexões sobre periódicos, indiciando vozes alternativas e/ou dissidentes, em diferentes conjunturas, reconhecendo-os como instrumentos de afirmação na luta política e na histórica.
Estas são algumas questões para reflexão neste Simpósio Temático aberto a pesquisadores orientados por distintas perspectivas teóricas que desenvolvam investigações em torno da imprensa, que se preocupem com uma compreensão crítica e com a afirmação de memórias inscritas no campo de forças conflituosas das interrelações entre popular e massivo, entre hegemonia e classes sociais, fundamental na conformação de sentidos para a vida social.

Programação:

04/08 - Segunda-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Jorge Ferreira
    Panfleto. O jornal do homem da rua
    Como é comum em organizações de esquerda, o grupo nacional-revolucionário do PTB liderado por Leonel Brizola tinha o seu jornal: "Panfleto, o jornal do homem da rua". Mas Panfleto também se apresentava como porta-voz da Frente de Mobilização Popular, frente de esquerda fundada pelo próprio Brizola. De periodicidade semanal e com 32 páginas, o primeiro número surgiu em 17 de fevereiro de 1964. A seguir, vieram mais seis, sendo que o último tinha data de 30 de março do mesmo ano. Com editoriais escritos por Brizola e matérias criticando o governo, denunciando falcatruas e privilégios, mostrando a pobreza do povo, elogiando os processos revolucionários cubano e chinês, além de entrevistas com líderes de esquerda, o jornal ainda apresentava colunas fixas, a exemplo de “Trincheira dos sargentos” e o “Evangelho. Ontem, Hoje e Amanhã”. Uma parte de Panfleto era dedicada à área cultural, com matérias sobre carnaval, teatro, futebol, música, cinema e poesia. Também estavam presentes no jornal caricaturas e tiras de histórias em quadrinhos. Os grupos e partidos políticos organizados na FMP tinham em Panfleto um veículo de comunicação que expressava suas idéias, projetos e estratégias, mas que, ao mesmo tempo, respondia aos anseios políticos e culturais dessas mesmas esquerdas.
  • Rosalba Lopes
    Idéias e debates no Brasil da ditadura: as mudanças nas esquerdas brasileiras expressas através da imprensa alternativa
    Pretende-se analisar os debates e as novas concepções produzidas no campo das esquerdas brasileiras após o desmantelamento da perspectiva da luta armada, vale dizer, a partir de 1974. Se o estudo dos momentos seguintes à grande repressão tem mostrado o início de um processo de autocrítica, cumpre investigar as características e os desdobramentos desse processo acompanhando seus contornos até, pelo menos, a reorganização partidária que marca o final da década de 1970 e o início da década de 1980.
    Tomando a imprensa alternativa como um lugar privilegiado para a reflexão acerca da maneira como as esquerdas incorporaram temáticas que até então desconsideravam ou secundarizavam, a proposta constrói-se a partir da análise de dois periódicos: o jornal MOVIMENTO (1975), e o jornal EM TEMPO (1977), que, segundo Bernardo Kucinski, tornaram-se sucedâneos de organizações políticas clássicas. Assim, a tentativa será a de considerar, sobretudo aquelas seções identificadas como sendo o espaço de expressão destas organizações, analisando a maneira como eram tratadas questões importantes no período como as eleições de 1974, a campanha pela anistia, a formação de novos partidos, os movimentos sociais etc.


  • João Henrique de Castro de Oliveira
    Do underground brotam flores do mal: Anarquismo e contracultura na imprensa alternativa brasileira (1969-1992)
    A historiografia da imprensa alternativa no Brasil vem trabalhando, há tempos, com um conjunto de fontes que acabou se tornando sinônimo desse tipo de mídia independente. Quando se fala do período de ditadura civil-militar no país (1964-1985), por exemplo, as referências giram em torno de "O Pasquim", "Movimento", "Opinião", "Em Tempo" e alguns outros. Contudo, poucos ouviram falar de títulos como "O Inimigo do Rei", "Barbárie", "Tribo", "Ação Direta", "Soma" e outros que representam grupos também opostos à ditadura, porém pouco lembrados (ou até mesmo ignorados) pelos pesquisadores das esquerdas. A proposta do trabalho, portanto, foi investigar a atuação desses grupos libertários, entre 1969 e 1992, privilegiando como fontes primárias os jornais por eles publicados. Partindo de suas idéias-base, tais grupos foram divididos em dois: os que se reivindicavam anarquistas e os que eram mais prontamente identificados com os chamados “movimentos de contracultura” dos anos 60/70. Assim, pretendeu-se demonstrar que o espectro tanto dos jornais alternativos quanto das esquerdas foi bem mais amplo do que se costuma pensar, revelando diferentes espaços sociais do fazer imprensa e contribuindo para o conhecimento de memórias pouco valorizadas.
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  • Frederico José Falcão
    Novos Tempos: os 50 anos de uma revista por um marxismo nacional?
    A crise que se abateu sobre o Partido Comunista do Brasil (PCB), a partir das denúncias contra o lider soviético Josip Stalin, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), em 1956, levou a um fracionamento de uma parcela importante da militância pecebista, em especial de setores ligada à imprensa partidária. Esses militantes, chamados de "intelectuais" no interior do Partido, partiram para a criação de uma revista, denominada Novos Rumos, com o objetivo de divulgar as suas diferentes posições acerca da realidade brasileira. Porém, a proposta mais original dos criadores da revista foi a de torná-la um veículo de divulgação das mais diferentes formulações do pensamento revolucionãrio brasileiro. Há que se levar em consideração o fato de, por exemplo, existir, à época, nos estatutos do PCB, normas que proibiam contatos, inclusive pessoais, com militantes tidos como trotskistas, apontados como renegados da revolução. Novos Tempos assumiu, assim, apesar de seu pouco mais de um ano de existência, um papel pioneiro de superação do sectarismo entre as diferentes correntes de esquerda brasileira. Meio século depois, o exemplo de Novos Tempos deve ser resgatado como uma crítica à intolerância que cerceava as alternativas de teansformação da realidade brasileira.
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05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Marta Emisia Jacinto Barbosa
    Imprensa, cultura e memória
    Este texto é resultado da pesquisa “Imprensa e vida urbana: redes de comunicação na região norte do estado do Ceará”, que tinha como um dos focos discutir a relação entre a organização da imprensa e a constituição de uma cultura letrada entre o século XIX e o início do século XX. Identificando livros, revistas, cartas, e jornais, gabinetes de leituras, trabalhando com documentação bancária e comercial ligada à cultura da impressão, foi possível começar a indiciar como se constituiu a materialidade da imprensa e seus sujeitos. A pesquisa procura pensar como um circuito e um sistema de troca de informações foi organizado e criou uma rede de comunicação fundamental que nos permite discutir processos de produção de memória.
  • Claudia Adriana Alves Caldeira
    A margem - Trajetória do editor Francisco de Paula Brito
    Este trabalho tem como objeto a trajetória de Francisco de Paula Brito(1831-1860), mulato sem instrução formal, que se tornou tipógrafo, jornalista, tradutor, escritor e editor . Nas palavras de Machado de Assis: “.... foi o primeiro editor digno deste nome que houve entre nós.”
    Essa escolha se deve a forma como esse elemento, vindo de classes subalternas, consegue através da imprensa e mais tarde da literatura, contribuir para que indivíduos de origens semelhantes a sua pudessem conquistar um espaço no mundo das letras.

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  • Guilherme Mendes Tenório
    Representações dos populares nas revistas ilustradas do Rio de Janeiro(1902-1910)
    Esta comunicação é uma análise suscinta das representações das camadas populares vinculadas nas charges publicadas pela revista O Malho entre 1902 e 1910, destacando as charges como mediadoras para a construcção de uma memória da Primeira República.
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  • Clarissa Staffa Nascimento
    “Além da Imagem”: experiências e memórias populares através da TV Maxambomba.
    Este trabalho pretende apresentar algumas reflexões desenvolvidas sobre formas alternativas de comunicação, a partir do uso do vídeo por movimentos sociais e populares; tendo como foco uma experiência de comunicação e educação popular, chamada TV Maxambomba, desenvolvida na Baixada Fluminense entre os anos 80 e 90. A Maxambomba foi uma experiência de TV de rua que produzia programas em vídeo sobre essa região e exibia-os em praças públicas, em um telão armado sobre uma Kombi.
    Ao longo de sua existência, os programas da TV Maxambomba abordaram temáticas variadas, que incluíam desde a denúncia de problemas comuns aos bairros da Baixada, como falta de saneamento básico, até o registro de festas e manifestações culturais da região. Os vídeos eram utilizados como um instrumento de comunicação entre os moradores da Baixada, mas também como um instrumento de denúncia, mobilização e reivindicação por melhorias e direitos junto às autoridades públicas.
    Este trabalho pretende apresentar e discutir, através dos materiais produzidos pela Maxambomba, os significados desta experiência de comunicação popular pra os diversos sujeitos envolvidos, relacionando-a um contexto mais amplo de criação e proliferação de TVs comunitárias e de emergência de movimentos sociais e populares em todo Brasil

  • Laura Antunes Maciel
    Imprensa e memória populares
    Reconhecendo o “caráter ativo da memória” e a existência de um “campo social onde memórias hegemônicas e alternativas são produzidas na vida cotidiana” (Cultura, trabalho e cidade: muitas memórias, outras histórias, São Paulo, Projeto PROCAD/CAPES, mimeo, 2000, p. 9) e com base no reconhecimento de periódicos produzidos por grupos populares no Rio de Janeiro, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do XX, proponho uma reflexão sobre os significados do fazer imprensa para diversas categorias de trabalhadores, associações e outras entidades de classe. Buscando possíveis articulações e embates entre essa imprensa popular e outras formas de periodismo, proponho refletir sobre a crescente ampliação e diversificação de títulos e grupos produtores, bem como para a transformação da imprensa operária ou militante tradicional, quando outras lutas sociais e políticas tomam conta da cidade e também se expressam por meio de publicações periódicas. Procuro também reconhecer a pluralidade de locais e sujeitos históricos envolvidos nos embates em torno da elaboração de versões e explicações para a sua realidade que, por meio da imprensa, buscaram construir espaços de crítica, liberdade e resistência, fundamentais para a compreensão daquele período histórico.
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Paulo Ignacio Corrêa Villaça
    Imprensa e luta pela terra no Pontal do Paranapanema(1995-2002)
    O problema agrário na região do Pontal do Paranapanema remete a questões estruturais na luta pela terra no Brasil. Nas lutas de resistência contra a exploração e a expropriação, os trabalhadores rurais foram construindo uma capacidade de organização e mobilização a favor dos seus direitos constitucionais. A região do Pontal se tornou emblemática na retomada do debate da reforma agrária no país em decorrência de vários aspectos: revelou a apropriação indiscriminada de terras públicas por grandes proprietários rurais e empresas e projetou nacionalmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que, aos poucos, se constituiu como o principal interlocutor na sociedade civil na luta contra a perversa estrutura fundiária brasileira. A história recente da luta pela terra no Pontal, envolvendo os movimentos sociais de trabalhadores na luta pela democratização da terra contra o monopólio da terra pelos “ditos” proprietários, proporcionou à imprensa um conteúdo muito diversificado de fatos, histórias e experiências. A imprensa, consolidada como espaço público coletivo, selecionou e produziu, a partir desse universo de experiências e lutas, ‘fatos’ e notícias capazes de reforçar valores e projetos, no sentido da naturalização de uma memória das relações sociais vigentes no campo
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  • Jan Peter Ganter de Otero
    Mitos e mídia: Che Guevara na Revista Veja
    Adorada ou odiada, a figura do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara muitas vezes afastou-se da experiência histórica para consolidar posicionamentos entre aqueles que a ele se referiam, constituindo uma mitificação do personagem. Considerando a atualização contínua desse processo em relação ao guerrilheiro argentino - definindo um objeto a se investigar – e a mídia como poderosa ferramenta neste processo, a comunicação busca fazer uma reflexão sobre a construção de mitos a partir da análise de recente artigo divulgado na Revista Veja em outubro de 2007. Pretende-se indicar que revista realizou, com sua matéria de capa, o que Roland Barthes qualificou como dupla operação: empobrecimento e resignificação e refletir sobre o significado social desta operação.

  • Charleston José de Sousa Assis
    Imprensa e redemocratização no Brasil: o caso da revista Veja
    Os meios de comunicação são "reflexo ou guia" do que pensa a sociedade? Esta inquietação de Jean-Jacques Becker é a de todos os historiadores que têm como fontes as notícias veiculadas pelas diversas empresas de comunicação. Para o historiador do tempo presente, freqüentemente os jornais estão entre as fontes mais relevantes. O processo de redemocratização brasileiro se constitui em um interessante laboratório para o estudo das relações entre imprensa e sociedade, nas quais se destaca o esforço daquela em conduzir e condicionar a última. O estudo do caso particular da revista Veja tem como objetivo confrontar sua atuação objetiva na cobertura da campanha Diretas Já com a visão de si mesma que a revista exibiu em edição especial comemorativa dos vinte anos da redemocratização, ocasião na qual procura, entre outras coisas, construir uma memória positiva de sua atuação durante a ditadura militar. Ademais, o presente estudo visa contribuir para a discussão acerca da possibilidade desse tipo de fonte permitir a apreensão da cultura política de um ou mais segmentos sociais ou mesmo de toda a sociedade, se examinados com rigor e cotejados com outros veículos e outros tipos de fontes.
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  • Andréa Cristina de Barros Queiroz
    PIF PAF e Millôr: a densidade em tempos de efemeridade
    O periódico Pif Paf chegou às bancas do Rio de Janeiro, em 1964, em menos de dois meses do golpe civil-militar. O jornal foi definido como “carioca, quatorzenal, de irreverência e crítica”. Era a primeira investida de Millôr Fernandes, após ser demitido por “justa causa” da revista O Cruzeiro. Nesta revista, Millôr elaborou uma seção com o nome de Pif Paf e a assinava com o pseudônimo de Emmanuel Vão Gôgo. Sua expulsão de O Cruzeiro está associada à produção da fábula “A Verdadeira História do Paraíso”, em que questionava a condição humana e os personagens Bíblicos. Por ter escrito essa narrativa, Millôr sofreu pressão dos setores religiosos mais conservadores da sociedade, como as Ligas Católicas (mesma entidade que apoiou o golpe de 1964) e foi expulso da revista. Em protesto, o jornalista lançou um alternativo com o mesmo nome de sua antiga coluna, com a seguinte frase editorial: “Não temos prós nem contras, nem sagrados nem profanos”. Podemos dizer que, apesar de ser voltado predominantemente à crítica de costumes e ter sido preparado antes do golpe, Pif Paf foi recebido como uma resposta ao golpe civil-militar. Por isso, tornou-se uma revista política. Foi esse o uso que fizeram dela as circunstâncias e seus leitores.
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Marcelo Bittencourt
    Raça, colonização, nativismo e a imagem do Brasil na imprensa angolana (1870-1930)
    Pretende-se investigar, na imprensa periódica de Luanda e Benguela, a possível influência do exemplo brasileiro para o surgimento de sentimentos nativistas e da crítica à dominação colonial portuguesa.
    A exploração da mão de obra africana pelos colonos e suas transformações entre 1870 e 1930, bem como a problemática das relações raciais, serão abordadas na comunicação, enfatizando-se a análise de como a idéia de raça, apropriada de diferentes maneiras por colonizadores e colonizados, é parte integrante do processo de intensificação da presença portuguesa em Angola.
    Pretende-se, com isso, relativizar a imagem homogênea construída, a posteriori, sobre a crítica à dominação colonial portuguesa em Angola.
    Essa comunicação é resultado parcial de uma pesquisa coletiva denominada “Imprensa Atlântica: Angola, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe”, que investiga os olhares e influências culturais recíprocas expressas em jornais das cidades de Luanda, Benguela, Rio de Janeiro, Salvador, Mindelo, Praia e São Tomé.

  • Andrea Marzano
    África, africanos e seus descendentes na imprensa do Rio de Janeiro e de Salvador (1870-1930)
    Pretende-se avaliar, na imprensa do Rio de Janeiro e de Salvador, a construção de imagens da África, dos africanos e de seus descendentes entre as décadas de 1870 e 1930.
    Serão contemplados, em uma perspectiva panorâmica, diferentes temas: abolicionismo, projetos de inserção social dos libertos, memórias da escravidão e da abolição, raça, relações raciais, cultura afro-brasileira e relações Brasil-África, enfatizando-se, ainda, os olhares lançados pela imprensa brasileira, em diferentes momentos, em direção ao continente africano.
    Essa comunicação é resultado parcial de uma pesquisa coletiva denominada “Imprensa Atlântica: Angola, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe”, que investiga os olhares e influências culturais recíprocas expressas em jornais das cidades de Luanda, Benguela, Rio de Janeiro, Salvador, Mindelo, Praia e São Tomé.

  • Mozart Linhares da Silva
    IMAGENS, ESTEREOTIPIAS E SUJEITOS-FALHOS: AFRO-DESCENDENTES E IDENTIDADE ÉTNICA NA IMPRENSA ESCRITA NO VALE DO RIO PARDO
    O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados das análises sobre a construção do imaginário acerca dos sujeitos-falhos, no caso, os afro-descendentes, na imprensa escrita do vale do Rio Pardo. O que se problematiza nas análises é o processo de construção das estereotipias sociais e étnicas no conjunto dos discursos identitários da Região do Vale do Rio Pardo, nomeadamente, os municípios de colonização germânica. Como os sujeitos-falhos são construídos e subjetivados a partir das imagens veiculadas na imprensa escrita? Quais os estereótipos construídos e como estes podem ser estrategicamente articulados como contrastantes pelas narrativas identitárias da região, narrativas, vale lembram, norteadas pelo germanismo. A análise compreende o período de 1970-2000, período marcado pela retomada do discurso étnico-racial, passado o recalque da II Guerra, e propagação das identidades comunitárias e regionais num mundo marcado pelo avanço da globalização.
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  • Andréa Santos da Silva Pessanha
    O Paiz e a Gazeta Nacional: crimes de senhores, escravos e libertos na imprensa republicana do Rio de Janeiro
    Nos anos finais da escravidão, os jornais O Paiz e a Gazeta Nacional, que tinham como expoentes Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo, respectivamente, eram defensores da república e da abolição. Assim, através destes periódicos é possível analisar pontos de encontro e de tensão entre as duas causas. Para esta apresentação, estudaremos como a partir do liberalismo e do etnocentrismo científico, estas folhas reconstruíram e divulgaram crimes praticados por senhores, escravos e libertos no Rio de Janeiro.
  • iram rubem pereira brandão
    Uma resistência sinuosa: a trajetória de José do Patrocínio do sucesso no abolicionismo ao ostracismo na república
    Patrocínio fez uma trajetória sinuosa, polêmica, que grosso modo vem sendo explicada por suas características personalógicas. Junto aos demais abolicionistas da Corte participou de um projeto audacioso, liberal-reformista, que visava à abolição como um processo de emancipação, modernização e inserção do país no concerto das nações civilizadas.Quando da dissolução do grupo, foi o único a manter-se na luta por seu projeto político e contra o esquecimento que se fazia em torno do seu nome. Utilizou-se de seu jornal , a Cidade do Rio, na luta abolicionista e na defesa de um modelo de república idealizada. O jornal, por falta de recursos, fechou em 1902, tendo Patrocínio falecido em 1905.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Viktor Henrique Carneiro de Souza Chagas
    'Um jornal prá lançar uma mensagem / tem que dizer a verdade / vontade de todos em uma só ramagem' (Análise das edições do jornal comunitário União da Maré)
    Editado artesanalmente a partir de um original em estêncil, o jornal comunitário União da Maré circulou em 12 edições de periodicidade irregular, entre 1980 e 1982, pela área da Maré, complexo de favelas do Rio de Janeiro. Com um objetivo editorial claro, o jornal enfatizava as virtudes do associativismo e do deliberativismo no meio comunitário, e lutava contra a cooptação de lideranças nas associações de moradores pelo poder público. Ao operar com categorias do senso comum (povo, favelado, trabalhador), os editores deliberadamente usavam das identidades que lhes convinham, entre as muitas a que os leitores se vinculavam. Meu objetivo neste artigo é acompanhar como esta construção identitária passa pela apropriação, por parte dos moradores da favela, de ferramentas de comunicação comunitária através de experiências de jornalismo participativo e cidadão (na acepção de jornalismo público).
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  • Fabrício Roberto Costa Oliveira
    RELIGIÃO, POLÍTICA E IDENTIDADES: A Arquidiocese de Mariana em debate
    A região circunscrita à Arquidiocese de Mariana é, em geral, identificada pela religiosidade católica. Isso se deve à importância histórica da Instituição eclesiástica que desde o século XVIII é influente na conformação do catolicismo, até mesmo fora dos limites territoriais das Minas Gerais. O arcebispado de Dom Oscar de Oliveira (1960-1988) sempre investiu na construção de uma identidade católica distanciada dos problemas políticos e sociais, ou seja, das questões temporais. Entretanto, as formas de controle institucional não foram suficientes para conter o interesse dos atores sociais na construção de uma religiosidade mais engajada com problemáticas sociopolíticas e vinculadas à Teologia da Libertação, sobretudo na década de 1980. Neste sentido, o objetivo do nosso trabalho é mostrar que a identidade e a memória construídas pelo jornal da Instituição são contrastantes com as práticas religiosas dos atores sociais engajados na construção de uma identidade católica politicamente engajada.
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  • Bruno Fernando Santos de Castro
    Modernização do jornalismo carioca: entre memória e identidade - o lugar do jornal A Manha e de Aparício Torelly na memória do jornalismo carioca
    Esse trabalho chama a atenção para as características do jornal A Manha e a relação com o seu contexto. Período no qual a literariedade, a política e o humor no jornalismo moderno teriam de ser separados editorialmente da notícia, objetiva e pretensamente imparcial. Para a efetivação desses valores e o posicionamento em distinção ao que se fazia no jornalismo de então foi preciso, além das grandes mudanças que realmente o jornalismo passou na década de 1950, trabalhar a construção de uma memória do jornalismo brasileiro coerente com o projeto que os agentes hegemônicos do campo jornalístico queriam efetivar. Muitas vezes o problema da memória manipulada é construído em locus de fragilidade de identidades, o que provoca abusos de memória. E como a identidade daquele jornalismo anterior a esse período ainda era frágil, podemos dizer, conceitualmente, que houve abusos dessa memória, manipulando-a através do esquecimento, buscando construir uma identidade para o campo jornalístico. E o nosso objetivo aqui é fazer alguns apontamentos para tentar traçar o lugar de A Manha e de Aparício Torelly nesse processo, procurando perceber as múltiplas formas como este aparece discursivamente e em atos.
    Palavras-chave: Mídia Alternativa – Aparício Torelly – Memória do Jornalismo

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07/08 - Quinta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Paulo Vitor Faustino Marinho
    A educação em foco: o discurso educacional na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro. (1889-1890)
    Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados parciais de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida no âmbito da História da Educação. Trata-se de perceber as propostas educacionais veiculadas pelo jornal Gazeta de Notícias, periódico que circulou no Rio de Janeiro desde a segunda metade do século XIX. O foco da análise foi pautado nos anos de 1889 a 1890, período em que foi publicada uma série de artigos sobre o ensino (primário, secundário, profissional e religioso). Dentre as propostas, para fins deste estudo, selecionei àquela que diz respeito à escola elementar primária, com o intuito de compreender os debates e as principais reivindicações feitas pelos intelectuais e jornalistas para esta modalidade de ensino, na passagem do Império para a República. Sendo assim, é possível compreender as representações veiculadas pela imprensa sobre a "maquinaria" escolar, tão valorizada naquele contexto histórico, num momento em que a instituição escolar foi compreendida como instrumento capaz de construir a nação, conforme os paradigmas em circulação na Europa e nos Estados Unidos, países então ditos modernos e civilizados.
  • Aline de Morais Limeira
    Almanak Laemmert: Um impresso oitocentista como fonte para História da Educação
    O presente trabalho analisa um impresso publicitário (editado entre 1844 e início do século XX) visando interrogar as múltiplas possibilidades de pesquisa que oferece. Trata-se de uma obra que fazia circular seus anúncios nos espaços públicos e privados da Corte Imperial e Província do Rio de Janeiro: Anuário Administrativo, Agrícola, Profissional, Mercantil e Industrial da Corte – ou Almanak Laemmert, como ficou conhecida. Por meio da publicidade, divulgava serviços profissionais, periódicos, instituições, sociedades e associações, comércio, livrarias e tipografias, academias científicas, escolas. Atentando a estas características e analisando as inúmeras possibilidades de uso deste rico material impresso, interessou-nos apresentá-lo aqui como uma fonte que tem muito a oferecer aos historiadores acerca dos mais diversos interesses, como: o estudo de instituições educacionais; do magistério; de associações científicas, artísticas, filantrópicas, literárias; a história do livro, dos impressos e seu mercado, entre outros variados problemas de investigação. Para isso, nos apropriamos do Almanak dando a ver sua configuração, suas formas e sua materialidade, bem como dados e informações a respeito de objetos e práticas educacionais, os quais inscreve em sua textualidade.
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  • Rosimar de Lemos Pires
    Imprensa, política e os movimentos sediciosos ocorridos na Capital Federal(Final do século XIX e início do XX)
    O objetivo desse presente trabalho é propor uma discussão acerca da contribuição da imprensa brasileira na formação de um imaginário político republicano no Brasil no final do século XIX e início do XX. Abordando o uso da imprensa como sustentáculo político e mantenedor ou ainda desqualificador da idéia republicana nesse período de transição política. Analisaremos, especificamente, a atuação de jornais de oposição e defensores do governo nos principais movimentos sediciosos ocorridos na Capital Federal (Revolta da Armada, Revolta da Vacina, Campanha Civilista e Revolta dos Marinheiros). Movimentos, estes, que apareciam como instrumentos fragilizadores da sustentação do governo republicano
  • ALEXANDRA LIMA DA SILVA
    Imprensa, memória e ensino de História- Rio de Janeiro, 1870-1920
    Este trabalho tem como preocupação indicar como as ações na imprensa carioca contribuiram na constituição e consolidação do mercado editorial de livros didáticos de História do Brasil entre 1870-1920. Analisando anúncios, resenhas e comentários publicados em jornais, outros periódicos e nos próprios livros didáticos, pensamos a imprensa não apenas como canal de divulgação, mas "uma prática social que organiza e dá sentido aos acontecimentos". As ações na imprensa ajudaram a fortalecer alguns sujeitos, como determinados donos de editoras e autores. Já em relação à História ensinada, prevaleceu a “mais digna” de ser transmitida pelos manuais didáticos, relegando aos de fora desta rede, o anonimato e muitas vezes, o esquecimento de tantas outras histórias do Brasil.
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  • Ana Flávia Cernic Ramos
    Machado de Assis e Balas de Estalo: imprensa e humor nos últimos anos da Monarquia
    Entre 1883 e 1886, Machado de Assis, sob o pseudônimo Lélio, colaborou na série Balas de Estalo, publicada diariamente na Gazeta de Notícias, jornal que revolucionou a imprensa brasileira no século XIX. O humor e a coletividade da série correspondiam ao desejo dessa nova imprensa de se criar um jornal leve, acessível ao grande público e aberto ao convívio de opiniões diversas. Inserida no contexto de mudanças urbanas, da imigração, do abolicionismo, cada um dos narradores ajudou na construção de um projeto político baseado na falência das principais instituições do país, tais como a monarquia, a igreja e a escravidão, vistas como entrave ao “progresso”. O uso de pseudônimos na série estabelecia o jogo ficcional entre os narradores, proporcionando o diálogo sobre os temas discutidos. Com Lélio, Machado fazia parte deste jogo. O tema dessa pesquisa é compreender de que maneira ele participou dessa série e, de uma forma mais geral, desse jornal que se dizia moderno. Como criou sua personagem e como se posicionou sobre a falência dessas instituições. Como, em 125 crônicas, comentou a Lei dos Sexagenários, a dissolução da primeira Câmara de Deputados eleita pela Lei Saraiva de 1881 e como, através da imprensa, estabeleceu um debate sobre a política imperial com o seu leitor.

07/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Gustavo Felipe Miranda
    Um projeto em disputa: integralistas na imprensa durante o Estado Novo
    O Estado Novo instaurado a partir de novembro de 1937 restringia ainda mais a já restrita democracia brasileira da década de 1930. Está intrínseco a todos os regimes ditatoriais da era moderna o controle da imprensa, neste caso não foi diferente, com o golpe em questão esta passa a estar acentuadamente tutelada, configuração que ganha especiais contornos a partir da criação do Departamento de Imprensa e Propaganda, em 1939.
    Porém, mesmo num contexto adverso, um olhar atento sobre a imprensa do período apresenta esta como importante veículo formador de opinião, e por isso, um espaço privilegiado de disputas políticas.
    O que objetivo nessa comunicação é pensar a intervenção dos integralistas tomando como foco os jornais que circulavam durante o Estado Novo. Supondo o espaço público como um lugar de disputa de projetos, pretendo expor como os integralistas, proibidos de se organizar, se articularam na imprensa do Rio de Janeiro durante o Estado Novo.


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  • Marina Maria de Lira Rocha
    A la Señora Presidente y la Opinión Pública: Disputas pelo projeto de outra Argentina (1975-1976)
    Recorrendo ao pensamento bakhtiniano da palavra como matéria para a conformação e expressão da ideologia, este trabalho tem como objetivo analisar comunicados publicados em periódicos argentinos, entre os anos de 1975 e 1976, por diversas organizações políticas e sociais que levavam aos leitores interpretações sobre as crises vividas pelo país e pela América Latina, expressando suas propostas de mudança. Eram disputas políticas em torno da condução ao consenso de uma população fragmentada, cuja proposta do grupo formado por empresários e militares sai vitoriosa e ganha legitimidade para instituir o governo ditatorial de março de 1976. Neste sentido, a imprensa escrita, tantas vezes acusada de estabelecer um ‘golpe midiático’, abre-se para um espaço mais democrático em relação às diversidades ideológicas propagadas com um espaço comprado e que não possuía, pois, a censura cujas reportagens eram submetidas, mas que tinha a possibilidade de expandir discursos a um público não restrito apenas a organização difusora. As solicitadas podem, assim, contribuir no estudo da construção ideológica no contexto em especial, abrindo-nos caminho para entender a história recente do país, difundida amplamente pelos meios de comunicação sem a responsabilidade de uma construção de memória.
  • Raquel França dos Santos Ferreira
    Crônicas, jornais e Rio de Janeiro na década de 1950
    A apresentação é fruto da dissertação de mestrado defendida em 2003, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, intitulada 'Antônio Maria: visões sobre o Rio de Janeiro da década de 1950', sob orientação do professor Ilmar Rohloff de Mattos.
    Centrada em crônicas produzidas por Antônio Maria e publicadas em jornais de grande circulação no Rio de Janeiro da década de 1950, a saber: O Jornal, O Globo e Última Hora. Um dos objetivos da pesquisa foi discutir questões relativas a construções/desconstruções de identidades e representações sobre a cidade do Rio de Janeiro, sua sociedade e cultura, num dos momentos tidos como 'áureos' da sociedade brasileira. Momento em que se gestava, também, a transferência da capital do Brasil para Brasília, pondo-se em xeque o status até então ocupado pela cidade do Rio de Janeiro no cenário brasileiro.
    Para a execução do trabalho, fez-se fundamental a coleta de dados nos jornais preservados em microfilme na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e a leitura de obras de Agnes Heller e Bronislaw Bazco sobre cotidiano e imaginário social, respectivamente.
    Concluiu-se que Antônio Maria, em suas crônicas, produzia olhares diversos daqueles que consideravam incondicionalmente o Rio de Janeiro como uma 'cidade maravilhosa'.

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  • Rodrigo Vilela Elias
    Automobilismo Brasileiro e mídia: Desemvolvimento, Popularização e Imaginário Esportivo.
    Este estudo aborda o desenvolvimento, a popularização do automobilismo e as representações do imaginário esportivo criadas acerca do esporte entre as décadas de 1960 e 2006. Foi realizada uma pesquisa exploratória, que utilizou a revista Quatro-Rodas desde sua primeira edição até as atuais, objetivando relacionar a mídia, com o automobilismo, verificando suas influências e a relação de imagem entre os pilotos brasileiros e o esporte. Os resultados demonstram que as propagandas e matérias publicadas evidenciaram uma evolução simbiótica entre o esporte e a mídia, sendo os pilotos e suas conquistas imagem de veiculação principal e vetor de desenvolvimento.

    Palavras-chave: automobilismo, mídia, pilotos e Quatro-Rodas

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