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Simpósios Temáticos


Revisitando perspectivas de gênero: identidades, temporalidades e configurações sócio-culturais.

Coordenadores:
Caetana Maria Damasceno
Miriam Cabral Coser

Resumo:
A diversidade de representações sobre a categoria gênero tem uma temporalidade própria que aponta para diferentes significados a respeito das configurações sociais e culturais que evolvem tal categoria, construídas em tempos e espaços distintos. Parece haver uma certa fragilidade dos modelos que partem de uma divisão entre a família e a economia como a base das formações sociais. Contudo, as dicotomias clássicas entre as esferas do “doméstico” e do “público”, entre “família” e “economia” ou entre desigualdade e igualitarismo tiveram e parecem ter um lugar importante, senão central, nas pesquisas que, direta ou indiretamente se articulam com as relações de gênero. Todavia, a centralidade da categoria gênero reconhece as conexões entre valores e práticas chamados “domésticos” (vinculados à casa, à família e mesmo às sexualidades) e aqueles associados às esferas extradomésticas como o mercado e o estado, apontando para concepções identitárias múltiplas de mulheres e homens. Através desses pressupostos teóricos objetivamos discutir os papéis das mulheres em várias esferas da vida social como, por exemplo, na geração de riqueza material e de capital simbólico para suas famílias e/ou outros grupos de pertencimento (como o religioso, por exemplo), através do seu engajamento no “mercado”, no estado, etc. Trata-se de pensar a multiplicidade de papéis das mulheres, cujas ações histórica e culturalmente construídas, resultariam numa maior ou menor “domesticação” ou conversão em signos de valor. Entender como são produzidos prestígio social, valor econômico e capital cultural em sociedades e em tempos diferentes implica, portanto, em considerar os papéis de gênero atribuídos a homens e mulheres. Em resumo, o cerne deste ST é abrir espaço para a discussão da importância da abordagem de gênero para a análise da mudança social e como os seus efeitos são “experimentados”, “compreendidos” e transformados de acordo com a história, cultura e relações sociais locais e nacionais.

Programação:

05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Margareth de Almeida Gonçalves
    (Re)configurações de gênero em ritos e cerimônias do catolicismo
    Esta comunicação trata da análise etnográfica e histórica de rituais religiosos levados a cabo por uma comunidade do catolicismo contemporâneo no Brasil, denominada de “Filhos/as da Pobreza do Santíssimo Sacramento” da Fraternidade de Aliança Toca de Assis. Procura-se contribuir para uma reflexão sobre continuidades e descontinuidades no universo religioso. Para isso, pretende-se apreender como representações do sagrado no catolicismo, que projetam imagens santificadas de homens e mulheres do passado (Francisco de Assis e Catarina de Sena, por ex.), atuam na reconfiguração simbólica das identidades gêneros no tempo presente.
  • Janine Targino da Silva
    Lideranças pentecostais femininas: notas sobre a re-elaboração da identidade feminina no meio pentecostal
    Nos últimos anos, a Baixada Fluminense, área periférica do Rio de Janeiro, tem sido palco de um interessante fenômeno religioso, responsável por promover alterações significativas no âmbito das denominações pentecostais: a fundação de igrejas pentecostais autônomas por mulheres. Impulsionadas pela vontade de viver sua “fé” de um modo alternativo, sem estarem submissas a uma hierarquia que, na maioria das vezes, não delega cargos de liderança à parcela feminina, estas mulheres rompem com as congregações pentecostais e neopentecostais das quais eram seguidoras e fundam pequenas igrejas em espaços adaptados.
    Através da pesquisa de campo e de entrevistas com líderes e freqüentadores, esta comunicação analisa a maneira como a identidade feminina vêm sendo re-elaborada no meio pentecostal em função do surgimento destas igrejas autônomas. Retomando o conceito de “pentecostalismo autônomo”, as elaborações cosmológicas e os discursos das líderes sobre as suas expectativas em torno da formação de igrejas pentecostais comandadas exclusivamente por mulheres também serão observados, tendo em vista que o principal intuito desta comunicação é apreender o papel destas novas líderes enquanto geradores de capital simbólico em seus grupos religiosos.

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  • Caetana Maria Damasceno
    Revisitando perspectivas de gênero no catolicismo contemporâneo: uma análise de rituais.
    Hoje, o retorno de práticas místicas e de santificação no catolicismo se expressa como um fenômeno singular que aponta também para a emergência de novos modos de formação de redes de circulação social e de sociabilidade. A cena religiosa contemporânea aponta para o surgimento de formas de constituição da subjetividade que oferecem sentidos múltiplos aos sujeitos religiosos. Esta comunicação trata da análise etnográfica e histórica de alguns aspectos dos rituais religiosos levados a cabo por uma comunidade denominada de “Filhos/as da Pobreza do Santíssimo Sacramento” da Fraternidade de Aliança Toca de Assis, considerando, para fins comparativos, outros espaços sociais de atuação dessa comunidade. O principal cenário da nossa observação foi o encontro anual da Fraternidade de Aliança Toca de Assis, designado de Tocão, realizado em 2007, na cidade de Cachoeira Paulista, local em que se situa a Canção Nova, uma comunidade que também integra uma das vertentes do catolicismo, chamada de Renovação Carismática. A compreensão do processo de ressignificação do misticismo pode contribuir para uma reflexão sobre a própria história como lugar de memória e de redefinição das relações de gênero, por meio da atualização de imagens santificadas de homens e mulheres do passado católico.
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Daniela Bogado Bastos de Oliveira
    Parto anônimo: aspectos históricos, políticos e sociais contemporâneas
    O presente trabalho visa abordar a proposta de legalização do parto anônimo no Brasil a partir de dois viés: o do resgate histórico da roda dos expostos e o da suscitação de questões sociais e políticas contemporâneas tais quais saúde pública, políticas preventivas e planejamento familiar; o mito da maternidade; a relatividade da maternidade tida como sempre certa; a filiação socioafetiva versus a biologização da paternidade, a (des)criminalização do aborto;a adoção e a institucionalização de crianças abandonadas.
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  • Regina Mendes de Araújo
    Mulheres de Vila do Carmo: analise dos bens móveis e imóveis de forras e livres
    Estudar a história das mulheres, particularmente, a de culturas ibéricas, traz várias imagens de representação dos “poderes” femininos. Esse estudo se apresenta desafiador a medida que se busca recuperar a identidade social da mulher.
    Com a ampliação dos objetos da história um novo olhar lançou-se sobre a fontes documentais conferindo uma atenção especial as lacunas, as omissões, as entrelinhas de maneira que os conteúdos que se apresentassem pudessem contribuir para esclarecer o papel da mulher como sujeito. Portanto, pretende-se lançar luz sobre os inventários de e mulheres forras e livres que viveram em Vila do Carmo, buscando traçar o perfil econômico e social destas.
    Por meio da analise do perfil dos bens, buscaram-se adentrar na vida delas por meio de suas roupas, utensílios, móveis, posse de escravos, etc. Através das evidências e indícios deixados nos inventários que abarcam os anos de 1713 a 1750 tentou-se visualizar o “viver cotidiano” das forras e livres, considerando as condições materiais de existência e as “construções sociais” presentes na sociedade mineradora.

  • Maria Luiza de Carvalho Mesquita
    ISABEL E A ESCRITA DE SI: UMA PRINCESA ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO
    No ano de 1884, a princesa Isabel, acompanhada de seu marido e filhos empreende uma viagem ao sul do país. Através das cartas que escreve a seu pai, D. Pedro II, durante sua passagem pela província de São Paulo, podemos observar sua circulação entre os mundos masculino e feminino, público e privado do final do Século XIX. Dividida entre idéias de progresso e modernidade, a influência da Igreja Católica e a permanência de normas culturais tradicionais, a herdeira do trono se mostra uma mulher do seu tempo.
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  • Heloisa Helena de Oliveira Santos
    O papel dos intelectuais na redefinição dos papéis da mulher e da família: amor e literatura no século XIX
    Pretendo discutir a participação de intelectuais brasileiros na definição da vida íntima no século XIX, momento em que a sociedade brasileira atravessava profundas alterações, em especial após a declaração de Independência. Para tal, analiso três romances do período, A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo, Senhora de José de Alencar e Dom Casmurro de Machado de Assis. Segundo Antonio Candido e Lilia Schwarcz, a literatura, após a Independência, teve papel fundamental na produção de uma cultura e memória nacionais. A análise dos romances indica que um esforço similar foi empreendido no que se refere à vida íntima. Os romances apontam novos modos de relação conjugal, uma relação fundamentada no amor mútuo entre o casal, onde a decisão sobre o casamento era tomada apenas pelo par envolvido. No entanto, as reflexões históricas e sociológicas sobre o período apontam em direção distinta, destacando que, mesmo mulheres e filhos possuindo uma maior liberdade, a decisão sobre os casamentos ainda cabia aos patriarcas no século XIX. Deste modo, é possível conceber que os intelectuais do período, autores de literatura de ficção, estavam inseridos num projeto maior de redefinição da família e das relações conjugais, mas que as mulheres permaneciam inseridas na lógica de dominação masculina.
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Rachel Soihet
    Defrontando-se com os preconceitos: mulheres e a luta pelo controle do corpo
    Em crônica recente, o jornalista Fausto Wolff, focalizando um infanticídio, atribui as mazelas das mulheres pobres ao descaso das feministas, para ele “as verdadeiras campeãs do neoliberalismo”. Utilizo tal demonstração de misoginia como um mote para reconstrução das lutas empreendidas por feministas nos anos 1970/1980 em busca da cidadania plena, na qual se inclui o reconhecimento de seus direitos ao controle do corpo. Nesse particular, destaco os preconceitos enfrentados, inclusive no seio dos próprios feminismos, num momento em que se priorizava a conscientização das mulheres pobres no que tange à exploração de classe e a luta pela redemocratização do país então imerso na ditadura. Com a abertura política e o empenho de mulheres em demonstrar a negação imposta a sua sexualidade consolida-se a consciência da relevância dessa questão, em meio a uma forte carga de pressões, que através da zombaria visavam o descrédito dessas iniciativas.


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  • Paola Lili Lucena
    Discutindo intimidades: percepções sobre a sexualidade feminina no jornal Lar Católico
    Em várias regiões do Brasil, inclusive na cidade de Juiz de Fora, a década de 50 foi marcada no campo das relações amorosas, pela prevalência de uma dupla moral sexual, que restringia a sexualidade feminina. De um modo geral, as mulheres encontravam poucos espaços, até mesmo dentro de suas famílias, para discutir e entender melhor os vários mecanismos de suas próprias sexualidades. Nesse contexto de relativo silêncio e de valores rígidos que controlavam a sexualidade feminina, estão inseridas as leitoras do periódico Lar Católico, que escrevem para o consultório sentimental do jornal, com a intenção de obter orientações para o seu comportamento sexual. A partir disso, o objetivo desse artigo é analisar alguns depoimentos deixados por mulheres no jornal juiz-forano Lar Católico, enfocando os momentos nos quais elas tratam de questões relativas ao campo sexual, para observar como essas personagens compreendiam e exerciam a sua sexualidade. Em suma, pretende-se discutir quais eram as principais dúvidas, anseios, expectativas e ideais que essas mulheres possuíam no que diz respeitos às interações sexuais.


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  • Silvana Rodrigues de Andrade
    Identidades e Representações das Mulheres em Cargos de Chefia nas Páginas da Revista Vida Executiva
    Em 2004, cerca de 31% dos 19.167 cargos de diretores de empresas no Brasil eram ocupados por mulheres (RAIS, 2004).
    No campo acadêmico de ciências sociais, tal reflexo ainda não é expressivo, considerando que são poucos os estudos sobre esse grupo de mulheres. Grande parte da produção científica, até o presente momento, concentra-se no grupo que conseguiu a inserção no mercado formal em cargos não-executivos, com contratos de trabalho precários, ou que ainda permanecem na informalidade.
    Em contrapartida o mercado editorial brasileiro já dá indícios do crescimento da participação feminina em cargos executivos, como no lançamento em junho de 2004 da revista Vida Executiva. Um periódico mensal voltado diretamente para as mulheres que ocupam cargos executivos, abordando questões relativas às estratégias de carreira, à conciliação família e trabalho e aos conceitos do mundo empresarial.
    Este estudo tem como objetivo investigar as representações dessas mulheres nas primeiras publicações da revista Vida Executiva, de junho a dezembro de 2004, considerando a hipótese de que essas trabalhadoras fazem parte de representações recentes das mulheres no mercado de trabalho brasileiro e essa análise poderá auxiliar no entendimento da construção das múltiplas identidades desse grupo.

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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Tatiane do Socorro Correa teixeira
    Mulheres Negras Remanescente de Quilombolas, Práticas Culturais e Interação entre saber popular e Saber científico
    O presente trabalho tem como proposta re-visitar o passado através da memória, mediante relatos orais e de histórias de vida de mulheres parteiras e curandeiras remanescente de quilombolas da povoação do Juaba, no município de Cametá (Pa), cujos saberes e práticas perpassam séculos se fazendo presente até a atualidade. Estas mulheres e suas descendentes desde a formação dos primeiros povoados negros rurais, no município de cametá, já manipulavam ervas, e eram as detentoras de conhecimentos que as tornavam responsáveis tanto pelo cuidado a saúde quanto pela própria vida dos habitantes destes povoados. Logo este trabalho pretende através da memória entender, analisar e registrar histórias, práticas e saberes culturais e religiosos de parteiras e curandeiras remanescente de antigos quilombolas buscando mecanismo de valorização e capacitação dessas “abençoadas” mulheres, consideradas entre os seus como “benditas”, “mágicas”.



  • Bárbara Araújo Machado
    O Pioneirismo Feminino na Medicina Brasileira: O caso da Doutora Clarice Amaral Ferreira
    A presença feminina no mercado de trabalho brasileiro aumentou consideravelmente a partir de meados do último século. A prática médica acompanhou esse crescimento, sendo a ginecologia uma especialidade que tem atraído particularmente as profissionais femininas. Todavia, a inserção das mulheres nesse mercado de trabalho não se deu sem o enfrentamento de obstáculos.
    O presente trabalho procura perceber até que ponto a condição feminina interferiu no ingresso e na conquista desse espaço profissional. Tem como objeto de pesquisa as primeiras professoras do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que ingressaram na especialidade ginecológica em um contexto em que esta era dominada por homens.
    Foi realizada uma entrevista com a doutora Clarice Amaral Ferreira, que criou o primeiro serviço de esterilidade em um hospital público brasileiro, foi presidente da Academia Internacional de Citologia, entre outras conquistas profissionais. Assim, ela pode ser considerada uma pioneira no mercado de trabalho médico, em especial na ginecologia. Através da metodologia da história oral, procurou-se recuperar a história de vida desta médica para recuperar as dificuldades vividas por ela no mercado de trabalho e os meios utilizados para enfrentá-las.

  • lorena gouvea de araújo
    Sob o signo do pecado (Bruxaria, sexualidade e feminino no Malleus Maleficarum)
    Em 1484, os monges dominicanos Heinrich Kramer e James Sprenger deram termo aos trabalhos de elaboração do que seria, a partir daquele momento, o grande instrumento de ensino e sistematização do combate às heresias, bruxarias e a toda ordem de males que afligia o Ocidente Católico. O resultado desse trabalho foi a publicação do grande manual da inquisição católica em fins do século XV, o livro Malleus Maleficarum. Consagrado pelo Papa Inocêncio VIII – através da Bula Papal de 1484 –, que proferiu autoridade inquisitorial aos dois monges supracitados e determinando a legitimidade dos processos inquisitoriais, o Malleus Maleficarum, deve ser compreendido como um discurso paradigmático no sentido de configurar um grande esforço normativo sobre os procedimentos e métodos a serem adotados pela inquisição nos diversos locais em que ela existiu no período moderno.
    Este trabalho pretende analisar o processo de estabelecimento de uma narrativa acerca do feminino; narrativa esta em que a representação da mulher foi instituída de maneira negativa e associada às idéias de demonização, pecado, fraqueza, instabilidade, etc. Daí, a questão da sexualidade, que surge como um elemento que agrava justamente as noções pejorativas sobre o feminino.

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  • Tatiane dos Santos Duarte
    “ ‘A autoridade que ela tem não vem do sexo e sim do Senhor’: impressões sobre a carreira religiosa de uma mulher pastora.”
    Nesta comunicação procuro capturar (BRENNER,1998) as performances ritualísticas e os papéis desempenhados por mulheres que transitam do domínio da religião pentecostal para o da grande política (e vice e versa), no âmbito de uma pesquisa mais ampla realizada em um município da Baixada Fluminense/RJ. Interessa-me em analisar a trajetória religiosa de uma pastora, cujas “competências” específicas, adquiridas no âmbito da sua circulação por diferentes tradições pentecostais, lhe permitem ser (re)conhecida em diferentes espaços sociais (como no da “grande” política). Em diversos rituais, seu discurso aponta para a constituição de sua autoridade espiritual, o que lhe tem garantido ser uma “porta-voz autorizada” (BOURDIEU,2005) de um novo Ministério. A análise do processo de construção de sua “competência” religiosa e política vem sendo objeto de minha atenção, considerando diversas situações sociais (GLUCKMAN,1978), nas quais ela e outros atores sociais são colocados em perspectiva e analisados por meio da descrição etnográfica em diálogo com a narrativa histórica contextualizada. Tal perspectiva nos permite tanto repensar o(s) lugar(es) de mulheres evangélicas nos diferentes espaços sociais quanto nos possibilita enfrentar os desafios das abordagens analíticas das relações de gênero

07/08 - Quinta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Sana Gimenes Alvarenga Domingues
    Gênero, educação e cidadania na visão liberal: as idéias de Rousseau e de Stuart Mill
    O objetivo deste trabalho é comparar duas obras que destacam a forma como homens e mulheres são educados. A primeira delas é Emílio ou Da Educação, de Jean-Jacques Rousseau. Já a segunda é A Sujeição das Mulheres, de John Stuart Mill. Tendo sido escritas por autores diferentes e em momentos históricos subseqüentes, as duas obras apresentam visões diametralmente opostas no que diz respeito à cidadania feminina, embora ambos os autores sejam partidários do pensamento liberal. Para Rousseau, as mulheres possuiriam uma natureza peculiar, o que condicionaria o tipo de educação que elas deveriam receber. Nesse sentido, o autor ressaltou a necessidade de uma educação exclusivamente voltada para uma pretensa inclinação para as tarefas domésticas e para a maternidade. Stuart Mill, ao contrário, defendia que era a forma como as mulheres eram educadas que as condicionava a ter características supostamente naturais. Por essa razão, lutou pelo tratamento igualitário nas relações sociais entre os sexos, rechaçando a idéia da inferioridade feminina e desnaturalizou os processos históricos que tornam homens e mulheres tão desiguais. O presente estudo também aborda aspectos da biografia dos autores, na tentativa de entender a influência de suas trajetórias pessoais na elaboração de suas idéias.
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  • Priscila Aquino Silva
    Imagens do Poder: análise do Pelicano, a empresa régia de D. Leonor e D. João II (Portugal – Século XV)
    Animal, que na lenda bica o próprio peito para alimentar e salvar seus filhotes famintos, a imagem do pelicano remete a uma metáfora de uso político profundo: a do Cristo redentor no momento crucial da salvação dos fiéis. Essa foi a empresa escolhida por D. João II (1481 a 1495) enquanto ainda era príncipe – sendo, portanto, uma auto-imagem – e se entendia a sua esposa, D. Leonor. A análise da empresa abre caminho para analisar a radical mudança no domínio da assistência que tem como palco Portugal. Ressalta-se que foi na época joanina que a caridade e o assistencialismo sofrem uma profunda remodelação expressa na construção do Hospital das Caldas da Rainha, iniciada por D. Leonor em 1485, e manifesta com toda sua força na construção do Hospital de Todos os Santos, de Lisboa, sob orientação de D. João II e sob a mesma dinâmica das instituições das Misericórdias. Trata-se de um momento de ruptura com as práticas anteriores e que revela, já no século XV, o papel central que o Estado começa a desempenhar na esfera da assistência. É sobre essa ótica que D. João II e D. Leonor aliam sua ação assistencial à imagem heráldica do pelicano, que remete a um imaginário régio de salvação, proteção, justiça e messianismo.




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  • Miriam Cabral Coser
    Mulheres "bem guardadas" e mulheres "de coração": a construção de modelos femininos nas crônicas medievais protuguesas
    O principal objetivo das primeiras crônicas oficiais produzidas em Portugal no início do séc. XV era contar a história do reino, tendo como foco os feitos de seus reis. Seus primeiros cronistas são Fernão Lopes (ca.1380-1459) e Gomes Eanes de Zurara (ca.1420-1474) que produzem ao todo sete crônicas. É uma história de homens para homens, na qual as mulheres são pano de fundo das realizações. Entretanto, a história de algumas mulheres se impunha na hora de realizar as crônicas, seja pela evidente importância política de suas ações, seja pela excepcionalidade de sua trajetória, mas sempre pelo valor que seu exemplo representava para o cronista. As ausências são igualmente importantes; o silêncio sobre mulheres que de alguma forma influíram no curso dos acontecimentos ou a pequena ênfase a determinadas ações femininas também são eloqüentes nas crônicas. Além das rainhas Leonor Teles(1350-1386) e Filipa de Lancaster(1360-1415), poucas mulheres mereceram mais do que algumas linhas dos cronistas, recebendo um perfil e a narrativa de suas ações. Entretanto, analisado o conjunto desta produção, observa-se a construção de modelos femininos que em parte reproduzem os grandes modelos femininos medievais, mas que também apontam para a construção de identidades próprias no reino português.

07/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Fabio Pessanha Bila, Marinete dos Santos Silva
    Travestis em Campos dos Goytacazes: dois tempos, duas memórias.
    Tradicionalmente voltada para a economia açucareira e caracterizada por um profundo conservadorismo, Campos dos Goytacazes abrigou desde os anos 50 a figura emblemática de um travesti cuja trajetória pretendemos analisar. Nos anos noventa a modorrenta economia açucareira já fora substituída pela indústria do petróleo que, entretanto, não conseguiu superar a pobreza da maioria da população e o conservadorismo dos setores mais abastados. Nesse período surge a figura de um outro travesti que, contrariamente ao anterior busca uma inserção social calcada em um discurso que prevê uma atuação política, uma atuação artística e um reconhecimento de sua identidade de gênero assim como de sua cidadania.
    Essas duas trajetórias remetem a tempos históricos diversos em termos dos movimentos sociais das chamadas minorias. Em que medida o movimento GLBTT possibilitou as diferenças percebidas nessas trajetórias? Como uma sociedade extremamente conservadora tal qual a campista admitiu, conviveu e convive com esses personagens que trazem consigo uma possibilidade de questionamentos dos valores mais caros a ela?
    Marinete dos Santos Silva*
    Fabio Pessanha Bila**




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  • Marcelo Henrique Ferreira Franco
    Demarcando limites: “Turismo étnico” vs. “Turismo sexual”
    O turismo étnico é, hoje, uma das áreas potenciais para o desenvolvimento da atividade turística nacional, quando o histórico interesse de “negros” norte-americanos pelo Brasil amplia-se via massificação do produto turístico de recorte identitário. Esta comunicação apresenta parte do resultado da pesquisa realizada com turistas “negros” norte-americanos no Rio de Janeiro, qual aponta para a forma com que estes turistas, enquanto consumidores, influenciam na reorganização do mercado turístico carioca por meio de demandas racializadas. Curiosamente, por trás de tais demandas desvelou-se um fundo político, marcado por papéis de gênero, que fornece instrumentos para o mapeamento inicial do “turismo sexual” envolvendo aquela população na Cidade Maravilhosa. A pesquisa aponta que este universo está basicamente dividido em dois grupos de turistas: o do “turismo étnico”, majoritariamente formado por mulheres; e o do “turismo sexual”, composto, com raras exceções, inteiramente por homens. Esta diferença sugere que a racialização imposta no “turismo étnico” seja uma exigência das mulheres americanas e indica a preocupação delas em estabelecer identidades e constatar diferenças com os “negros” em lugares onde eles tenham participado da história, preocupação que não atinge os “turistas sexu
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