Escravidão e Pós-emancipação: perspectivas comparadas |
Coordenadores: Flávio dos Santos Gomes
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Resumo: Símpósio tem como objetivo refletir sobre a produção historiográfica mais recente a respeito da temática da escravidão e pós-emancipação, especialmente avançando no campo de estudos de história comparada. Tem surgido em vários programas de pós-graduação investigações articuladas e comparativas sobre áreas açucareiras e cafeeiras em várias partes do Brasil e nas Américas. Neste simpósio desejamos reunir e refletir perspectivas teóricas e metodológicas diversas para pensar sociabilidades e culturas escravas, destacadamente padrões do tráfico, alforrias, africanos, regimes demográficos, morbidade e mortalidade escrava e história social do trabalho; assim como campesinato e pós-abolição. Este simpósio dará continuidade as atividades regulares (seminários e palestras) realizadas no âmbito do Laboratório de Antropologia e História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunindo pesquisas e pesquisadores na área de antropologia e história da escravidão e da pós-emancipação.
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Programação: |
04/08 - Segunda-feira - Tarde (14h às 16h)
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Luiz Alberto Alves Couceiro
A sedução do feitiço: Juca Rosa, Pai Gavião e acusações de feitiçaria no Império do Brasil.
Na dissertação de mestrado, defendi a hipótese de que as investigações sobre “acusações de feitiçaria” no Sudeste do Império do Brasil somente aconteciam caso estivessem ligadas a crimes contra membros da classe senhorial. Como “feitiçaria” não era um crime prescrito no Código Criminal de 1830, tecnicamente não temos nos arquivos documentos gerados com esta “chave de entrada”. Mesmo assim, é possível encontrar documentos onde aquelas acusações aparecem. Na tese, estou trabalhando com casos de acusação de feitiçaria nos quais objetos eram identificados e definidos pelas autoridades policiais e judiciais para a “prática de feitiçaria”. Uma vez que autoridades jurídicas acusam escravos, libertos e africanos livres de terem “seduzido pessoas com suas práticas de feitiçaria”, o que o contexto social de cada caso pode revelar sobre essa acusação? Como compreender a “sedução”, presente nos documentos, como uma categoria de acusação?
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Tânia Salgado Pimenta
Adoecer e curar: experiências de escravos e forros no Rio de Janeiro do Oitocentos
Nesta comunicação pretendemos investigar a experiência de escravos e forros como terapeutas no Rio de Janeiro do Oitocentos. Enfocaremos dois períodos distintos: o primeiro (1808-1828), marcado pela possibilidade de oficializar suas atividades de cura, no qual se pode identificar a construção de redes sociais; e o segundo (pós 1828), caracterizado pela crescente desqualificação de seus ofícios, como sangrador e curandeiro. Observa-se que, embora a sangria e o uso de plantas medicinais nativas continuassem a ocupar um papel fundamental na medicina acadêmica, as pessoas que exerciam essas atividades foram sendo desautorizadas à medida que avançava o processo de monopolização das artes de curar por parte dos médicos com formação acadêmica. Outro aspecto que pretendemos abordar neste trabalho é a experiência de enfermar por parte de escravos e forros, relacionada às condições de vida dessas pessoas. Para tanto, as fontes utilizadas são: documentos da Fisicatura-mor, da Junta de Higiene, da Santa Casa da Misericórdia, além de periódicos médicos e de ampla circulação.
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Jaciana de Oliveira Xavier Melquiades
Os nomes de Sacramento. 1860-1870.
Com um recorte temporal entre os anos de 1860 e 1870, este trabalho contempla a reconfiguração da corte imperial a partir do contexto tráfico interprovincial, fomentado pelo aumento da procura por mão-de-obra nas grandes regiões cafeeiras, e do aumento da imigração, sobretudo portuguesa.
Baseada em hipóteses iniciais, apresentarei dados parciais, com o propósito de estabelecer paralelos entre os padrões numéricos e de apadrinhamentos dos registros paroquiais da Freguesia do Santíssimo Sacramento. A reflexão proposta gira em torno da hierarquização de valores sociais dentro do universo escravista, relativos a grupos sociais diferenciáveis com o propósito de demonstrar as redes de relacionamentos que estariam presentes no Rio de Janeiro escravista. Desta forma, são analisados padrões de apadrinhamento de africanos e crioulos, levando em consideração as variáveis livre, liberto ou escravo, e ainda se são ou não provenientes do tráfico interprovincial.
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Keith Valéria de Oliveira Barbosa
SAÚDE E ESCRAVIDÃO: ASPECTOS DAS EXPERIÊNCIAS NEGRAS ENTRE ANGOLA E BRASIL NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX
Nesta comunicação apresentaremos as primeiras reflexões da pesquisa em andamento a respeito das experiências escravas relativa à doença e a morte. No conjunto renovado de estudos sobre a escravidão nas últimas décadas emergem novas perspectivas teórico-metodológicas. É neste âmbito das “experiências negras” que se renovam as abordagens e métodos sobre a escravidão e a pós-emancipação, privilegiando aspectos dos arranjos familiares, dos significados de liberdade, das formas de protesto e cultura políticas, entre outras práticas.
Portanto, inseridos neste movimento de revisão historiográfica pretendemos oferecer através de uma abordagem comparada sobre morbidade, mortalidade e sociabilidades escravas no Brasil e em Angola algumas características dessas configurações sociais. Com o uso de registros paroquiais de óbitos, em uma perspectiva sócio-demográfica, tornam-se possível à reconstituição do contexto social em que os escravos dessas ambiências circulavam. Assim, ao apreender as múltiplas variáveis que emergem nestes cenários propomos demonstrar, para além das leituras caricatas a respeito da saúde e doença entre a população cativa, como o diálogo entre as regiões analisadas fornecem instigantes indícios de como os cativos viviam e lidavam com a experiência da doença e da morte.
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05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
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Adriano Bernardo Moraes Lima
Com quantas gerações se constrói uma liberdade: os significados da alforria entre os escravos paulistas (Itu, séc. XVIII-XIX)
Os testamentos são velhos conhecidos dos historiadores que trabalham com a prática da alforria. Neles, é possível observar a vontade senhorial – incontestada em vida – relativa ao destino de seus escravos. No entanto, o conhecimento da lógica de como este documento era gerado pela sociedade luso-brasileira de finais do século XVIII e início do XIX, permite sugerir outros elementos a respeito da alforria e dos significados da liberdade para escravos e proprietários. Tomando como ponto de partida casos de escravos alforriados em testamento, procurou-se avaliar como o interesse pela manutenção do cativeiro destes “agraciados” retardou suas liberdades. A discussão do ordenamento jurídico que orientava a feitura do testamento – da sua redação à prestação de contas – torna necessária a indagação sobre a equivalência dos termos alforria e liberdade. O tempo decorrido entre a concessão da alforria e a prestação de contas das verbas testamentárias às autoridades locais fez com que, na prática, muitos libertos tivessem passado toda sua vida servindo a novos senhores como escravos. É neste sentido que pretendo discutir os limites da liberdade e os significados da alforria entre os escravos de uma região açucareira do oeste paulista.
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LUCIMAR FELISBERTO DOS SANTOS
Diálogos em torno da lei 2040: estratégias de ascensão social de afro - descendente.
A lei n.º 2.040, de 28 de setembro de 1871, apelidada de “Lei do Ventre Livre”, entre outras medidas para promover a "lenta e gradual" liberdade para os cativos, estabelecia em seu artigo 3.º a criação do "Fundo de Emancipação de Escravos no Império do Brasil". Era intenção do governo brasileiro assumir a condução do processo para promover a emancipação escrava. São criados meios de auferir recursos para indenizar proprietários que "concedessem" cartas de alforrias aos seus escravos.
As normas de julgamentos para seleção dos que deveriam ascender à condição de livre obedeciam, sequencialmente, aos seguintes critérios: os escravos com família constituída que pertencessem a diferentes senhores, com filhos ingênuos, as mães solteiras, as mães com filhos livres e as mulheres. Possuir pecúlio depositado nos cofres do Tesouro Nacional, garantia também ao cativo preferência na ordem da emancipação.
O diálogo que se pretende travar a cerca deste instrumento de liberdade será não em torno de sua eficácia mas, em torno dos seus significados, que retrai as prerrogativas senhorias de libertar, e das agências dos escravos, que buscando melhorar sua situação entre as categorias prioritárias, entram em cena se apropriando do fundo para levar a cabo estratégias de ascensão social.
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Robério Santos Souza
“Ferrovia-Esconderijo”:Escravidão e fugas para ferrovias na Bahia, século XIX
Introduzidas no Brasil na segunda metade do século XIX, a instalação das estradas de ferro coincidem com período ainda vigente do sistema escravista brasileiro. No intuito de assegurar a disponibilidade de mão-de-obra para as plantações agrícolas, os legisladores oitocentistas criaram leis que proibiam a utilização de braços escravos nas obras ferroviárias. Apesar disso, são várias as trajetórias de escravos que se empregavam nas estradas de ferro brasileiras. Na Bahia, encontramos trabalhadores escravizados que fugiam dos domínios senhoriais e buscavam abrigo nas obras de construção ferroviária, na tentativa de esconder sua condição de cativos e garantir a sua sonhada liberdade. Assim, pretendemos apresentar reflexões preliminares sobre algumas histórias de escravos que, nas malhas da escravidão, escolheram os caminhos das estradas de ferro como esconderijos em suas fugas.
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Lusirene Celestino França Ferreira
Cruzando o Atlântico: os ecos da abolição do Ceará no mundo atlântico (1884)
Nesta apresentação apontaremos as primeiras reflexões de uma pesquisa que está em andamento, que tem como proposta analisar a repercussão da abolição do Ceará na Corte e na França através dos periódicos que circulavam e conectavam diversas notícias e pessoas de diferentes partes do mundo atlântico. Esta análise irá se centrar nas notícias veiculadas por periódicos do Rio de Janeiro acerca das comemorações de abolicionistas franceses e brasileiros em Paris por ocasião da abolição da escravidão na Província do Ceará em março de 1884.
Partiremos da concepção de “conexões transatlânticas” sugerida por Célia Azevedo para analisarmos um processo mais amplo de circulações de idéias e diálogos entre os abolicionistas, levando em conta as integrações e conexões de pessoas e idéias. É importante destacar que consideraremos o Atlântico como uma unidade de análise que não está somente relacionado com um espaço geográfico, estático e já construído que separa os continentes e as pessoas, mas como um espaço histórico sócio-cultural que possibilita a circulação de idéias, notícias, informações e culturas políticas. O caso específico da abolição cearense e sua repercussão internacional é um momento importante nesta circulação.
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Amanda Teles dos Santos
Diante da Pia Batismal: Narrativas e relatos de alforrias de crianças escravas no Rio de Janeiro oitocentista
Com base em registros paroquiais de batismos, processos cíveis e outras fontes o objetivo desta apresentação será apontar reflexões iniciais de um projeto de pesquisa em desenvolvimento sobre as alforrias de pia e os significados da liberdade e dimensões da cidadania para forros e filhos de libertos no Rio de Janeiro urbano nos oitocentos.
Pretendo examinar quais as condições e as circunstâncias em que determinados filhos de mães escravas alcançaram a liberdade ao nascerem e serem batizados.
Deste modo, o interesse é desvendar outras faces da política senhorial, políticas de domínio e sujeitos históricos paulatinamente transformados e transformando suas experiências. E como diferentes agentes nos mundos da escravidão perceberam e atribuíram significados diversos a prática social do batizado acompanhado de alforria.
O desafio que se coloca é a inserção destes libertos de pia na sociedade escravista. Como eram vistos? Como se viam? A partir desta prática -- qual seja viveram em “liberdade” desde o batismo – como configuraram cotidianamente as dimensões e limitações da sua cidadania.
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
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Ynaê Lopes dos Santos
ESCRAVIDÃO URBANA NO CONTEXTO ATLÂNTICO. Rio de Janeiro e Havana sob o olhar historiográfico
Durante o século XIX, Brasil e Cuba rearticularam o uso da mão de obra escrava e do comércio transatlântico de africanos às novas exigências do contexto atlântico, criando assim, o que algumas correntes historiográficas vêm chamando de segunda escravidão. As suas capitais, Rio de Janeiro e Havana, foram profundamente marcadas por esse movimento, transformando-se nas duas maiores cidades escravistas do Novo Mundo. Apesar dessa e de outras semelhanças, poucos estudos comparativos têm sido feitos sobre as semelhanças e diferenças das relações estabelecidas entre esses dois centros urbanos e a escravidão citadina. A presente comunicação pretende, justamente, esboçar uma primeira aproximação entre Rio de Janeiro e Havana a partir de um estudo crítico das historiografias que se debruçaram sobre a problemática do cativeiro urbano, a fim de construir bases para comparações substanciais futuras.
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Giovana Xavier da Conceição Côrtes
Sombras por trás da pele: sentidos de gênero, raça e sexualidade em A Viúva Simões e Cecilia Valdes (Brasil e Cuba, século XIX)
Ernestina Simões no Brasil, Cecilia Valdez em Cuba. Quais traços guardam em comum? A condição feminina? A herança da escravidão inscrita nos corpos? Serem criações literárias do século XIX ou ainda mulheres "de cor" marcadas por um destino trágico? Essas perguntas movem nossa investigação. Menos do que buscar respostas prontas, olhamos esta encruzilhada por todos os lados, sob pena de sermos "emparedados" por essencialismos. Ambas carregam nos corpos, esculpidos pelas penas de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) e Cirilo Vilaverde (1812-1894) marcas de cor, raça, gênero. A magnitude das personagens transforma seu "destino" comum em instigante janela para observação da história social da escravidão e da liberdade no Oitocentos. Através do diálogo entre os romances A viúva Simões (1897) e Cecília Valdez o La Loma del Angel (1882) analisamos aspectos da produção imagética das mulheres negras. Como fugir de supostas verdades cristalizadas? É possível atribuir novas leituras à categoria "estereótipo"? Buscamos, ao invés de construir meros inventários das tipologias femininas negras na literatura, dar um passo à diante nos estudos sobre mulheres negras focalizando-as como fontes questionadoras dos limites de modelos hegemônicos sobre nação, família, gênero, raça propagados no XIX.
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Sirlene de Andrade Rocha
Comparando experiências escravas: demografia e sociabilidades em regiões de plantations açucareiras (Campos dos Goytacazes e Matanzas – Brasil/Cuba –1780-1820)
Apresentaremos neste trabalho alguns resultados referentes a um estudo histórico de duas regiões atlânticas de plantation açucareira em perspectiva comparada: Campos dos Goytacazes (Brasil) e Matanzas (Cuba). Enfocando o período de 1780-1820, marcado por redefinições no mundo atlântico, analisaremos aspectos da composição da população cativa de ambas as regiões, dando destaque às sociabilidades escravas levando em consideração questões ligadas ao trabalho e a formação da família escrava. Nessa análise será levado em conta tanto semelhanças quanto peculiaridades relativas à montagem socioeconômica de plantation nas duas regiões. Neste trabalho utilizaremos principalmente fontes eclesiásticas, tais como registros de óbitos, batismos e casamentos, das paróquias de São Salvador de Campos dos Goytacazes e San Carlos de Matanzas. Utilizando fontes de mesma natureza pretendemos resgatar aspectos da experiência escrava das duas regiões, contribuindo assim para melhor visualizar de que forma a experiência compartilhada desses atores foi determinante no desdobrar do processo histórico de cada região.
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Iacy Maia Mata
Terra e trabalho nas sociedades pós-emancipação: os exemplos de Bahia e Cuba
Brasil e Cuba, além de serem os últimos espaços a abolir a escravidão, assemelham-se por adotarem a estratégia de emancipação gradual. Leis com o objetivo de tornar o ventre livre e libertar os sexagenários foram parte do complexo e gradual processo de extinção da escravidão tanto na colônia espanhola quanto no Brasil. Em Cuba, o patronato, em 1880, apontou um prazo para o final da escravidão. A província da Bahia, no Nordeste brasileiro, em maio de 1888, fora informada da aprovação da abolição imediata e incondicional. O objetivo deste trabalho é discutir, em perspectiva comparativa, o encaminhamento final da extinção da escravidão nas duas últimas regiões escravistas das Américas e analisar os diferentes conteúdos dos conflitos e disputas em torno de terra e trabalho em Cuba e na Bahia no período imediatamente posterior à abolição.
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
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Álvaro Pereira do Nascimento
A freguesia de Santo Antonio e o pós-abolição: vida e cotidiano dos egressos da escravidão.
Investigaremos as migrações, a mobilidade social e o cotidiano dos negros que trabalhavam e moravam na freguesia de Santo Antonio, da então capital federal da República, entre as duas últimas décadas do século XIX e as duas primeiras do XX. Entendemos que o processo que levou à Abolição promoveu um forte deslocamento de ex-escravos e/ou descendentes para grandes centros como o Rio de Janeiro. Em seu novo endereço entraram em contato com outros negros e tiveram de encontrar espaço para exercer seu ofício ou desenvolveram habilidades que permitissem a inclusão no mercado de trabalho existente.
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Rita de Cássia Ribeiro da Silva
Pós - Abolição e Cidadania (1880 - 1930)
O projeto de pesquisa “Pós-Abolição e Cidadania: vida, trabalho e cotidiano numa freguesia carioca (1880 - 1930)” orientado pelo professor Álvaro Pereira do Nascimento e do qual faço parte como bolsista de iniciação científica, tem como objetivo principal investigar e traçar a trajetória dos negros a partir de suas relações de vizinhança, lazer e trabalho. A importância deste trabalho se dá a partir do momento em que buscamos caracterizar essa realidade dando um olhar diferenciado sobre esses indivíduos e suas relações, que há algum tempo foram negligenciadas.
Desta forma, pretendo expor parte das reflexões alcançadas através da leitura da produção historiográfica específica e da análise de fontes que venho pesquisando (livros da Casa de Detenção, periódicos e processos criminais).
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Ana Flávia Magalhães Pinto
Democracia racial em nome do "Progresso" da "Pátria" - jornais negros na São Paulo do fim do século XIX
A experiência da imprensa negra - jornais feitos por negros, para um público negro e com o objetivo de tratar de questões do interesse desse grupo sociorracial e se contrapor a práticas discriminatórias - é algo que precede a abolição do sistema escravista. A despeito do reconhecimento de outros periódicos oitocentistas, esta comunicação se volta à análise da atuação de dois jornais da imprensa negra paulista no século XIX: A Pátria - órgam dos homens de cor, de 1889; e O Progresso - órgam dos homens de cor, de 1899. As datas dos lançamentos acenam para a possibilidade de diálogo com algumas representações forjadas no calor da hora por membros do grupo sociorracial negro paulista, não mais dividido entre livres, libertos e escravizados, durante os anos que seguiram à abolição, os meses em que se viveu a iminente instauração do sistema republicano e os primeiros anos da República. A Pátria e O Progresso registram significados que seus colaboradores atribuíram a essas medidas modernizadoras. Embora os responsáveis por O Progresso reconheçam e reverenciem a anterior atuação de A Pátria, o período de dez anos que os separa parece ter sido suficiente para alterações substanciais no entendimento acerca das condições de a cidadania se efetivar para os negros em fins do século XIX.
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Valéria Gomes Costa
FLUXO E REFLUXO: AFRICANOS E CRIOULOS PÓS-1888 NAS RELIGIÕES AFRODESCENDENTES ENTRE RECIFE E MACEIÓ
Ao se aproximar os anos precedentes a Abolição, as identidades africanas ora especificas: cassage, baca, xambá; ora gerais: nagô, mina, jeje, angola foram tomando novos significados. Em espaços religiosos como os terreiros de Culto aos Orixás, essas ressignifcações identitárias passaram a ser compreendidas também dentro da lógica de experiência do tráfico e escravização atlântica que os descendentes do cativeiro foram reinventando para reestruturarem suas ‘raízes’ étnicas, culturais e religiosas esgarçadas no movimento transatlântico. Desta forma, após 1888, as possíveis idas e vindas à África que passaram a fazer parte das narrativas dos adeptos das religiões afrodescendentes, poderam ser lidas como busca de legitimação de suas africanidades. Assim, o presente trabalho tem como objetivo discutir as (re)elaborações dessas identidades que foram sendo configuradas pelos africanos e crioulos, pós 1888, nos Xangôs em Pernambuco e Alagoas, visto que há um fluxo e refluxo de pessoas entre Recife (PE) e Maceió (AL), ora fugindo de perseguições e repressões aos cultos negros; ora buscando meios de garantia de suas sobrevivências, diminuindo cada vez mais os limites geográficos entre esses territórios. Aqui essas ressignificações elegeram os Terreiros que se identificam como nagô e xambá.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Luciana da Cruz Brito
A legalidade como estratégia: africanos que questionaram as leis baianas na primeira metade do século XIX
Na Bahia, o ano de 1835, especificamente o período posterior ao levante dos malês, foi marcado por diversas propostas de leis para punir e controlar a vida de africanos, escravos e sobretudo, libertos. Entre as leis deste ano, a Lei nº 9 atingiu incisivamente a vida dos africanos que viviam naquela Província. Em seus 23 artigos, havia imposições legais que limitavam o trânsito dos africanos pela cidade, proibiam que africanos libertos tivessem bens, assim como obrigavam o pagamento de taxas. A Lei nº 9 também autorizava a expulsão dos libertos e escravos suspeitos para a África. As leis ainda tentavam impedir o ingresso de novos africanos através do tráfico, exigindo a obediência da lei de novembro de 1831. Aqueles que sentiram o impacto desta lei, os africanos, posicionaram-se à sua maneira contra uma legislação que tentava normatizar suas vidas, já que a lei fazia do fato de viver na Bahia uma difícil tarefa para os africanos, escravos e libertos. Essa comunicação dialogará com as estratégias de questionamento das leis baianas, tomando como base documentos enviados à Assembléia Provincial Legislativa na forma de petições, representações e ofícios, além de observações que foram feitas nas leis excluindo alguns africanos e africanas das restrições feitas à vida dos demais.
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Alexsander Lemos de Almeida Gebara
Lagos e Abeokuta no contexto do final do tráfico escravo
O trabalho procura apresentar a dinâmica da região Ioruba na África Ocidental nos momentos derradeiros do comércio atlântico de escravos, nas décadas de 1850-60, em especial as cidades de Lagos e Abeokuta. Desta forma, mostra como esta região foi profundamente afetada pela política britânica de combate ao tráfico e argumenta que de certa forma estas atitudes prefiguravam posturas imperialistas e colonialistas do final do século.
O texto se constitui primordialmente de uma avaliação bibliográfica, bem como da análise dos relatos de viagem de Ricahrd Francis Burton e de parte dos documentos produzidos durante seu periodo como cônsul britânico para a Baía de Biafra, entre 1861-64.
Finalmente, O artigo procura mostrar como se formaram as concepções de Burton sobre "raça" e "escravidão", vinculadas às posturas que ele defendia para a política britânica para a África, e que teriam importante parcela na configuração de sua representação sobre a escravidão no Brasil expressa em seu relato "Travels to the Highlands of Brasil", de 1869.
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Maria Celeste Gomes da Silva
Maranhão e Alta Guiné: tráfico negreiro e conexões atlânticas durante a segunda metade do Oitocentos
Nesta comunicação apresentamos as primeiras reflexões acerca da pesquisa sobre o tráfico negreiro realizado entre a Alta Guiné (zona oeste da África Ocidental) e a capitania maranhense, comércio este que foi reativado pela Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão durante a segunda metade do século XVIII. Inicialmente procuraremos destacar a importância que a Companhia Geral teve no incremento do tráfico entre o Maranhão e os portos de Cacheu e Bissau (Alta Guiné), áreas que pelo menos desde o século XVII já tinham uma íntima vinculação com a região maranhense. Assim é interessante questionar sobre o impacto que esse comércio negreiro causou na segunda metade do Oitocentos quando a Companhia Geral inseriu um número significativo de cativos africanos na região. Portanto, neste estudo procuramos avaliar as conexões sócio-demográficas e étnicas dos africanos comercializados (procedência, regiões, volume). Para tal propósito utilizamos à documentação do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, mais especificamente os “mapas de escravatura”, disponibilizados em Cd-Rom (Biblioteca Nacional) através do Projeto Resgate.
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Juliana Barreto Farias
Trabalho urbano e identidade étnica: a trajetória da africana mina Emília Soares Patrocínio no Mercado da Candelária, Rio de Janeiro/século XIX
Durante mais de vinte anos, todo um corredor do Mercado da Candelária, principal centro de compra e venda de gêneros alimentícios do Rio de Janeiro Oitocentista, foi ocupado por homens e mulheres africanos procedentes da Costa da Mina. Emília Soares do Patrocínio era uma das negras minas libertas que trabalhavam ali desde pelo menos a década de 1840. Junto com seu marido, o preto mina Joaquim Manuel Pereira, arrendava no local três barracas para venda de aves e verduras e ainda possuía outros três tabuleiros e armações para galinhas, com os quais alguns de seus 10 escravos mercadejavam pelas ruas da cidade. Quando faleceu, em 1885, deixou uma “pequena fortuna”, que incluía as bancas no mercado, escravos, três casas, jóias e outros objetos. Meu objetivo nesta comunicação é justamente examinar a singular trajetória da ex-escrava africana Emília, destacando ainda suas relações com outros companheiros de “nação” que labutavam, a seu lado, no Mercado da Candelária. A partir dessas experiências, será possível avaliar em que medida identidades étnicas eram aprofundadas ou recriadas naquele ambiente de trabalho, onde eram constantes os contatos e disputas com outros grupos, como, por o dos mercadores portugueses.
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Sharyse Piroupo do Amaral
Os africanos da rua do Cangaleixo: redes de identidades e solidariedades
Os africanos da rua do Cangaleixo: redes de identidades e solidariedades
Sharyse Piroupo do Amaral
(sharyse@uol.com.br)
Arquivo Judiciário de Sergipe
Nessa comunicação analiso os papéis sociais de lideranças africanas residentes na Rua do Cangaleixo (Laranjeiras, SE) para as comunidades negras nos últimos anos da escravidão e primeiros anos do pós-abolição. Busquei perceber as redes de identidades e de solidariedades entre africanos e crioulos, libertos e escravos que se auxiliavam na passagem da escravidão à liberdade, fosse através da busca de moradia, de formas mais autônomas de ganhar a vida após a liberdade, nas demandas judiciais ou no cuidado das doenças do corpo e do espírito. As fontes utilizadas para esse estudo foram inventários, testamentos, cartas de alforria, livros de notas e testemunhos orais, que foram cruzadas através da “ligação nominativa” (metodologia desenvolvida por Robert Slenes). Esse estudo tem como base o último capítulo da tese de doutorado intitulada “Escravidão, Liberdade e Resistência em Sergipe: Cotinguiba, 1860-1888” (UFBA, 2007), que dialoga com a historiografia da escravidão e do protesto negro no Brasil.
Palavras-chave: Africanos – Libertos - Identidades
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07/08 - Quinta-feira - Manhã (10h às 12h)
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MANOEL BATISTA DO PRADO JUNIOR
A aquisição da liberdade: Padrão de alforrias e experiências sociais de libertos na Campanha Rio-Grandense (1870-1888)
Durante longa data a presença africana nas áreas meridionais da América Portuguesa foi pouco trabalhada pela historiografia. Inserida dentro de uma economia baseada na pecuária e produção de alimentos para o mercado interno e exportação, a Região da Campanha do Rio Grande do Sul possuía grande contingente de escravos e concentração fundiária. Para o referente trabalho, o recorte espacial será a região de Alegrete, Quaraí e Rosário, com os rebanhos mais significativos e grande presença de homens livres de cor.
Dentro dessa perspectiva será trabalhado o processo de emancipação dos escravos em um contexto de desagregação da escravidão (1870-1888) e transição para o trabalho livre no Brasil. Buscar-se-á identificar experiências de ambigüidades com os sujeitos contemplados por cartas de alforria condicionadas à prestação de serviços, objetivando-se entender a inserção destes libertos em uma sociedade eminentemente agrária e marcada pelo acirramento dos conflitos fundiários. É importante ressaltar que neste período a região passa por um processo de cercamento dos campos com a diminuição dos graus de tolerância e um processo de mercantilização da terra. Dessa forma, pretende-se averiguar os padrões alforria e a inserção social dos libertos na conjuntura exposta.
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Nielson Rosa Bezerra
Entre o rural e o urbano: os caminhos da escravidão no Recôncavo do Rio de Janeiro
O presente trabalho tem por objetivo estabelecer um diálogo sobre a historiografia da escravidão fluminense, consderando as produções historiográficas sobre a sociedade escravista, ora privilegiando os espaços rurais, ora privilegiando os espaços urbanos. A escravidão no Recôncavo do Rio de Janeiro caracterizou-se por ser um espaço de confluências de hábitos, costumes e tradiçoes sociais que foram forjadas pelo regime escravista. Desta forma, pretendo analisar as assimetrias sociais encontradas em fontes primárias, como inventários, processos cíveis e criminais, além de imagens contruídas por viajantes europeus que passaram pela região, de forma que seja possível um aprofundamento sobre o debate em questão.
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Rômulo Garcia de Andrade
Os Escravos de Mangaratiba e suas Relações de Parentesco
Utilizando-nos de material de primeira mão e inédito, escrevemos uma comunicação sobre área escravista ainda não trabalhada demograficamente com o rigor necessário, detendo-nos no contingente expressivo de escravos africanos da paróquia de N.Sra. da Guia da freguesia de Mangaratiba - localizada ao sul da Capitania do Rio de Janeiro. - e sua inserção no mundo religioso organizado pela igreja católica, via registros paroquiais de batismos. Trabalhamos os índices de legitimidade daquela população escrava, suas famílias e suas relações de compadrio. nas duas décadas iniciais do século XIX
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Eduardo Cavalcanti Schnoor
Por Fora Bela Viola Por Dentro Pão Bolorento : As fazendas Cafeeiras do Vale do Paraíba no Final do Século XIX
O Vale do Paraíba fluminense, tornou – se o símbolo do regime escravocrata do século XIX, no Brasil.
O poder, o fastigio, o facinio pelo modo de viver e se representar desta época, vistas nas grandes casas de morada que até hoje representam um tempo que foi dominado por um binômio : café e escravidão.
O desarranjo do trabalho após a lei do ventre livre, a libertação dos escravos no mês de maio, mês da colheita, são as razões da “quebra” da lavoura, que levou a falência de muitas famílias tituladas do vale, segundo tantas estórias orais que escutei de vários descendentes
Esta comunicação pretende apresentar,o outro lado da moeda: o que levou um grande número de fazendeiros a um inglório fim, e as razões se deram além das senzalas.
As imponentes casas de morada escondiam em muitas delas, as mazelas de uma má administração, de sucessões mal conduzidas, de um desperdício de dinheiro em representações sociais cada vez maiores, de uma falta de visão que os tempos estavam mudando devagar mas, estavam, desde a cessação do tráfico negreiro em 1850.
Por Fora Bela Viola, Por Dentro Pão Bolorento.
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Rafael da Cunha Scheffer
Procuram-se braços: o perfil dos escravos negociados na década de 1870 em Campinas/SP.
Na segunda metade do século XIX, quando da expansão do mercado interno de cativos, a cidade de Campinas configurou-se como um dos mais ativos mercados de escravos da Região Sudeste. Procurando entender melhor como se deram essas transações e o impacto delas na vida de cativos de diferentes regiões do país, o presente trabalho busca esboçar o perfil dos escravos negociados nesta cidade paulista, no auge do comércio interprovincial de escravos.
Em anúncios de jornais e principalmente nos registros de impostos de compra e venda de cativos, procuraremos destacar os perfis de cativos mais requisitados pelos compradores de escravos. Assim, consideraremos informações sobre sexo, idade, origem, capacitação profissional, vínculos pessoais e descrições que possam nos ajudar a entender a procura pelos cativos nessa cidade paulista.
Especialmente explorando a informação da origem dos cativos, vínculos familiares e faixa etária, podemos explorar o impacto dessas transferências sobre as famílias (em cuja proteção foi promulgada uma lei que proibia a separação da mãe e filhos menores escravos) e sobre diversos contextos de onde provinham esses cativos.
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07/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)
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Ricardo Figueiredo Pirola
A pena de morte de escravos no século XIX: os debates em torno do Código Criminal de 1830 e da lei de 1835
No ano de 1830, o Parlamento brasileiro aprovou a criação do Código Criminal do Império. Um dos temas mais debatidos pelos parlamentares durante a elaboração do Código Criminal foi justamente a questão da pena capital. Prevista no artigo 38º., a pena se aplicava aos cabeças de insurreição escrava, aos homicidas e aos roubos seguidos de morte. Em 1835, a questão da pena de morte voltou a ser debatida no Parlamento brasileiro, foi ampliado o número de crimes punidos com pena capital, aumentando, sobretudo, a repressão contra as ações dos escravos. O tema da pena capital tem sido retratado pela historiografia, sobretudo, a partir de suas relações com liberalismo e com a mentalidade senhorial, ficando o contexto social freqüentemente esquecido. Questões como o que provocou a aprovação da lei e suas alterações, que ações escravas precisavam ser reprimidas, a quais grupos de interesses estavam ligadas ficaram à margem do debate. O objetivo dessa pesquisa é analisar os debates parlamentares travados em torno da questão da pena capital em 1830 e 1835, assim como a repercussão na imprensa e na sociedade brasileira desse período.
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alan de carvalho souza
Incidência condenatória: Manoel congo
ALAN DE CARVALHO SOUZA1; MAGNO FONSECA BORGES2
Discente do Curso de História da USS – 2. Docente do Curso de História da USS.
O trabalho procura entender todo o processo que levou o escravo Manoel Congo, propriedade de Manoel Francisco Xavier, a condenação a morte pelo crime de homicídio e insurreição. O estudo aborda o período de fundação da vila de Paty do Alferes no ano de 1820 e suas implicações entre famílias da elite local, as quais se colocaram em campos diferentes em relação ao local que seria edificado a sede da vila. Este é o ponto de partida para alcançar os laços familiares existentes que influenciaram diretamente na condenação do escravo em questão.
A fuga ocorrida em 1838 reuniu mais de duzentos escravos de diferentes proprietários, mas a condenação por tal ousadia ficou apenas restrita aos escravos de Manoel Francisco Xavier, que fora punido juntamente com seus cativos. Dentre os escravos condenados, apenas Manoel Congo fora tido como o responsável pelo ocorrido e desta forma condenado a morte.
Através de estudo já realizado por Flávio Gomes e Pinaud, a pesquisa busca um maior aprofundamento nas implicações do caso, tais como: as ligações entre as autoridades envolvidas na captura dos cativos e no julgamento
Download do Trabalho
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silvana cassab jeha
Cor, família, condição social e origem provincial dos recrutados para a Armada imperial. Brasil, século XIX
Esta apresentação visa mostrar os resultados iniciais da minha pesquisa de doutorado sobre praças da Armada no período imperial. Sendo o serviço militar uma forma de trabalho compulsório que poderia durar até 15 anos, os recrutados eram ex-escravos, seus descendentes, indígenas, trabalhadores servis, despossuídos em geral e principalmente os ditos vadios de todas as cores.
O objetivo é entender o processo de formação dos porões da Armada, a partir de homens vindos de todo o Império - além de uma minoria estrangeira - para numa próxima etapa, investigar como nos navios e quartéis se deram as relações sociais entre um grupo tão heterogêneo na origem geográfica e cultural, quanto homogêneo na classe.
Através da Marinha, uma das instituições imperiais mais poderosas, é possível refletir sobre a formação da nação, não apenas no campo das idéias, mas como um processo, ao mesmo tempo de coerção e rebeldia, onde os recrutados e seus familiares participaram ativamente.
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Newman di Carlo Caldeira
Diplomacia e escravidão: as disputas em torno da validade do “princípio de liberdade” no relacionamento do Império do Brasil com a República da Bolívia (1829-1870).
A independência dos países sul-americanos não foi acompanhada de imediato pela elaboração de tratados que fossem capazes de firmar compromissos bilaterais ou multilaterais entre os países, o que criou alguns hiatos sobre questões que repercutiram nas relações diplomáticas do Império do Brasil. Embora pouco estudadas, as fugas internacionais de escravos negros compõem uma parte significativa nas negociações que pretendiam regulamentar os casos de repatriação ou extradição.
O objetivo principal do trabalho será demonstrar o desenvolvimento dos processos de legitimação e defesa da propriedade escrava, por parte do Brasil, em seus contatos com os países limítrofes. O debate entre os países acerca da validade do direito de propriedade, reclamado pelos cidadãos do Império brasileiro, entrará em contradição com o direito à liberdade, defendido pelos países que concediam asilo territorial aos cativos.
Download do Trabalho
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Yuko Miki
Geografías de insurgência: a comunidade quilombola de São Mateus, Espírito Santo, 1880-1881
Este trabalho apresenta a analise de uma comunidade quilombola nos últimos anos da escravidão na cidade de São Mateus. Partindo do argumento que os quilombolas -- um grupo composto de homens e mulheres em igual número -- optaram para fugir dentro da comarca de São Mateus, fundando quilombos nas fazendas dentro da cidade, este trabalho sugere que eles apresentaram uma nova geografía de cativeiro e liberdade. Falaremos tambem sobre o que constitui uma "comunidade" quilombola, enfatizando tensões de gênero entre eles.
Investigaremos tambem o significado de fugas escravas e rebeliões quilombolas em relação á decaência da escravidão em uma zona considerada "periférica" por muitas pesquisas da escravidão na segunda metade do século XIX. Finalmente, este trabalho se dirige á perspectiva comparativa em 2 maneiras: 1) dentro da mesma zona de São Mateus, o aquilombamento e rebeliões de escravos negros em relação ás contemporáneas rebeliões indígenas; e 2) a analise da comunidade quilombola em relação a outras tais comunidades na "diáspora africana" das Américas, sobretudo no Caribe.
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