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Simpósios Temáticos


Identidades e Alteridades: Ameríndios

Coordenadores:
Eunícia Barros Barcelos Fernandes
Vânia Maria Losada Moreira

Resumo:
Transformações teóricas na historiografia - especialmente a partir
das décadas de 70 e 80 do século XX - somaram-se à emergência de
ações militantes e criaram condições para reversão do panorama de
esquecimento e desconsideração dos indígenas como sujeitos
históricos. Obras de historiadores como John Monteiro, Ronaldo
Vainfas, Maria Regina Celestino ou Pedro Puntoni consolidaram a
questão indígena como âmbito da História, rompendo com a idéia de
que os índios seriam tema da etnografia e da antropologia, paradigma
antigo proposto por Varnhagen. Embora tais trabalhos tenham aberto
um campo historiográfico que vem crescendo, é forçoso reconhecer a
limitação dos estudos históricos no Brasil em relação aos índios,
sobretudo se compararmos com o cenário de outros países da América
Latina. Acreditando que a construção de identidades – e alteridades
– no Brasil atravessa a temática indígena, este simpósio tem o
objetivo precípuo de criar um espaço acadêmico de reflexão e de
troca de experiências de pesquisa sobre os índios no processo de
desenvolvimento histórico, interessando-se por diferentes
perspectivas, problemas e temporalidades dessa questão.

Programação:

05/08 - Terça-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Luciana dos Santos Santana
    A Perspectiva Etnográfica de José Joaquim Machado de Oliveira Desenvolvida no IHGB (1842-1861)
    Nosso trabalho faz uma reflexão sobre o lugar dos povos indígenas no
    processo de consolidação da nação e da formação da identidade nacional. Para tanto, nossa análise está centrada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que foi uma importante instituição social de produção historiográfica,durante o século XIX.Possui uma vasta quantidade de obras relacionadas ao tema indígena veiculada à Revista do Instituto em que figuraram importantes contribuições, como por exemplo, a do letrado José Joaquim Machado de Oliveira.
    Como membro da comissão de arqueologia e etnografia indígena do IHGB,
    Machado de Oliveira contribuiu efetivamente para a formação de uma historiografia indígena e realizou importantes trabalhos de natureza histórica
    e de etnografia histórica.Foi premiado com um medalhão de ouro pelo Insti-
    tuto devido a memória a respeito dos índios de São Paulo intitulada "Notícia Raciocinada sobre as aldeias de índios da província da São Paulo".
    A partir da análise dessa obra e dos seus artigos publicados na RIHGB,
    procuramos avaliar em que medida é caracterizado o retrato do índio pelo
    autor, principalmente, no que se refere a sua perspectiva etnográfica desen-
    volvida em relação aos indígenas, a partir da década de 40.

  • Izabel Missagia de Mattos
    Da etnoarqueologia à história indígena: os Botocudos e seus processos identitários
    A comunicação visa apresentar diferentes etapas e desdobramentos metodológicos da investigação acerca dos processos de elaboração identitária do povo Botocudo, estabelecido na Provincia de Minas Gerais, Brasil, a partir do século XIX.
    A investigação teve início na década de 1980, quando os Krenak - então identificados como o último subgrupo Botocudo – viviam em uma situação de franco conflito agrário e de expulsão de suas terras.
    Tendo sido inicialmente abordada por meio de estudos lingüísticos e etnográficos, a pesquisa recebeu um novo rumo a partir da interface com a pesquisa arqueológica, realizada com a participação dos indígenas, no início da década de 1990. Observações sobre as reapropriações simbólicas dos sítios arqueológicos enquanto locais de referências para a identidade étnica foram então interpretadas.
    Uma detalhada pesquisa arquivística realizada a seguir levantou diversos episódios relacionados aos conflitos entre os Botocudos, administradores, missionários e agentes coloniais.

  • Kalna Mareto Teao
    Estratégias dos Guarani Mbya na luta pela terra
    Este trabalho tem como objetivo analisar por meio das fontes orais e escritas as estratégias utilizadas pelos Guarani Mbya acerca da luta pela terra no estado do Espírito Santo (1967-2007). Observamos que nos documentos escritos e na imprensa local, os Guarani são invisibilizados no que tange aos direitos sobre a posse da terra. Diante disso, nos propusemos a investigar quais as causas dessa invisibilidade ao recuperar por meio das vozes das lideranças políticas as definições de terra, território e religiosidade dos Guarani Mbya. Ao mesmo tempo percebemos o uso de diversas estratégias políticas para conseguir o acesso e a posse da terra junto aos povos Tupinikim.
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  • José Maria Trajano Vieira
    Identidades, etnopolítica e reterritorialização indígena num contexto multiétnico: Exemplos amazônicos.
    A comunidade indígena Beija-Flor está localizada junto à sede do município de Rio Preto da Eva, Estado do Amazonas, e distante aproximadamente 88 Km da capital, Manaus. A área com superfície de 41,63 ha está em litígio, envolvendo índios e não-índios. Nessa aldeia residem 12 famílias pertencentes às etnias indígenas Sateré-Mawé, Tukano, Arara, Desana, Tuiuka, Maiuruna, Kambéba, Baré, Makuxi e Mura. Em 1991 o norte-americano Richard Melnyk convidou índios que trabalhavam com ele em sua loja de artesanato indígena em Manaus para se instalar na área de Rio Preto da Eva. Em 1998, a Prefeitura de Rio Preto da Eva autorizou a implantação de loteamento na área. Em conseqüência disso, começaram a chegar terceiros na área para limpar a área dos lotes alienados, entrando em conflito com os índios que ali se encontravam, que não permitiram a implantação do loteamento nas terras em que residiam. Em 2001, ocorreu o óbito de Melnyk, não tendo deixado o mesmo nem testamento e nem, ao que se saiba, herdeiros. Há uma compreensão de que Melnyk teria destinado a área “para os índios”, assim, aqueles que se instalaram no local desde o início e vêm defendendo a posse da área contra as adversidades já mencionadas reclamam o direito constitucional de usufruto exclusivo da área.
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05/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Vânia Maria Losada Moreira
    Índios guerreiros, escravos armados e quilombolismo na vila de São Mateus
    Na
    comunicação discutirei as dinâmicas étnico-sociais
    das zonas de contato da província espírito-santense
    durante a primeira metade do século XIX, enfocando
    especialmente as situações que tiveram como palco os
    territórios circundantes à vila de São Mateus.
    Demonstrarei que esses lugares, considerados pelo
    sistema dominante da época como refúgio de povos
    “bárbaros” e paradeiro de renegados, criminosos e
    muitos quilombolas, também foram cenário de
    diferentes relações interétnicas, como a união de
    senhores e índios contra os “negros do mato”, e de
    escravos armados e senhores contra os índios
    naturais da terra. A hipótese central da reflexão é
    a de que a guerra entre as diferentes tribos de
    índios botocudos e a sociedade escravista em
    expansão favoreceu o quilombolismo na região de São
    Mateus, criando, além disso, inusitadas relações
    sociais entre senhores, escravos e quilombolas.

  • Ethiene Cristina Moura Costa Soares
    O IHGB e a formação da identidade nacional: o Índio e a historiografia de Joaquim Norberto de Souza e Silva
    O presente trabalho objetiva demonstrar o lugar ocupado pelos povos indígenas no processo de construção da idéia de nação brasileira e na formação da identidade nacional. Buscamos analisar, de forma geral, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – instituição responsável pela elaboração de um projeto historiográfico nacional – e verificar especificamente a contribuição de um importante membro do Instituto: Joaquim Norberto de Souza e Silva.
    Como membro do IHGB, Norberto contribuiu efetivamente para a formação de uma historiografia referente aos povos indígenas, especialmente em sua “Memória Histórica e Documentada das aldeias de índios da província do Rio de Janeiro”. Graças a análise dessa obra procuramos demonstrar como Norberto analisa o lugar do índio nos diversos aldeamentos da província do Rio de Janeiro e na então emergente nação brasileira.

  • Mariana Albuquerque Dantas
    A extinção do aldeamento do Ipanema: Questão fundiária e Identidade indígena em disputa
    O presente trabalho é fruto do projeto de pesquisa, em andamento, no programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Nosso objetivo é o estudo da extinção do aldeamento do Ipanema em Águas Belas, Pernambuco, no final do século XIX. A análise enfoca a argumentação propagada por autoridades governamentais de que esses índios não seriam “genuínos”, mas “mestiços” e que por isso seria mais conveniente sua dispersão e a extinção do aldeamento, o que ocorreu em 1875. Mas, num caminho contrário, na década de 1920, essa população foi reconhecida como indígena por possuir sinais diacríticos correspondentes às categorias requeridas pelo Estado. A partir de então, esses índios tomaram para si o etnônimo Fulni-ô em contraste com as generalizações de classificação impostas até então.
    A proposta da pesquisa não é proceder a uma etnografia ou estudo esquemático da espoliação das terras indígenas. Mas perceber as articulações sociais e políticas em face dos momentos de invisibilidade e visibilidade étnica, das disputas em torno da identidade indígena e as implicações de classificações generalizantes, como índios “misturados” ou mestiços. Um dos objetivos é perceber que esses índios estão longe de se constituir enquanto população isolada ou à beira da extinção.

  • Natália Paganini Pontes de Faria Castro
    Civilização e cristianização dos Índios Coropós e Coroados: a atuação catequética do Reverendo Manoel de Jesus Maria na Região do Rio Pomba (1767-1811).
    Esta comunicação tem por objetivo refletir sobre a trajetória do padre Manoel de Jesus Maria, que atuou como catequizador dos índios Coropós e Coroados na região do Rio Pomba, Minas Gerais, entre os anos de 1767 e 1811. Almejamos analisar, através do discurso produzido pelo religioso, suas estratégias de ação, relacionamento e inserção nos espaços em que esteve envolvido: as instâncias eclesiásticas, os órgãos governamentais, e principalmente o aldeamento indígena. Pretendemos também, avaliar as formas de organização empreendidas pelo reverendo com o fim de cristianizar, aldear e inserir na lógica colonial as mencionadas tribos dos “sertões do leste mineiro”. Para tal fim, daremos destaque ao estudo dos documentos de autoria do padre, principalmente das cartas endereçadas às autoridades reais e dos pedidos de mercês, bem como à análise de alguns relatos de colonos, viajantes, e dos próprios índios, os quais nos oferecem subsídios para a compreensão das dinâmicas de sociabilidade, inter-relações e tensões entre o elemento colonizador e as populações nativas.
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06/08 - Quarta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Eunícia Barros Barcelos Fernandes
    Eles são como nós ou nós somos como eles? Imagens de índios como repertório da diferença
    O tema indígena ultrapassou o romantismo do Império do Brasil e manteve-se presente nas páginas da imprensa republicana. Ora como símbolo pátrio, ora como referência de uma especificidade nativa ou mesmo como pilhéria, imagens indígenas estabeleceram um repertório de significados aberto a diversos usos e apropriações. A presente comunicação desenvolve reflexão sobre imagens de índios veiculadas no periódico O Malho durante a Primeira República. Num sobrevôo de 1902 a 1930 propomos pensar sentidos de identidade e de alteridade que as imagens evocam.
  • Jania Maria Tomaz de Souza
    O Malho, 1914: imagens de índios
    A pesquisa "Representações de índios. Repertórios para a nacionalidade na nova ordem republicana" vem sendo desenvolvida desde 2005 pela professora Eunícia Fernandes, numa tentativa de mapear imagens de índios veiculadas em periódicos de circulação no Rio de Janeiro da Primeira República. O trabalho realizado até agora focalizou a revista O Malho no período de 1902 a 1930. Minha inserção ao grupo de pesquisa se deu em 2007 e, responsável pela pesquisa do ano de 1914, apresento nesta comunicação um panorama geral do ano, observando a interferência de eventos como a Primeira Guerra ou o Contestado na aparição dos índios no periódico, e uma reflexão específica sobre a imagem selecionada para representar o ano.
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  • Silene Orlando Ribeiro
    Ele é caboclo, é brasileiro,imperador: as representações do índio no mito- fundador da Umbanda
    O objetivo deste trabalho é refletir sobre a representação indígena no mito-fundador da Umbanda. De acordo com inúmeras narrativas religiosas, as práticas umbandistas teriam sido iniciadas com a manifestação de uma entidade denominada Caboclo das Sete Encruzilhadas, que fora numa reencarnação anterior o padre jesuíta Gabriel Malagrida. Segundo os relatos, esta aparição ocorrera em 15 de novembro de 1908, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Pretendemos examinar os significados do que é ser caboclo na construção discursiva deste mito, que elementos simbólicos são utilizados para representá-lo e que idéia de índio perpassa essas narrativas. Nosso olhar será dirigido para a sociedade do Rio de Janeiro nas três primeiras décadas do século XX, a fim de que possamos mapear o local da produção destas narrativas, definir os grupos que as produzem e entender como tais narrativas constituem formas de conhecimento, comunicação e idealização sobre os índios na sociedade brasileira.
  • Patricia Costa Grigorio
    Leolinda Daltro e o projeto de catequese dos índios no Brasil.
    O livro publicado por Leolinda Daltro em 1920 - Da catequese dos índios do Brasil (notícias e documentos para a história) 1896-1911 – é ponto de partida para a reflexão acerca da discussão a respeito das políticas empreendidas pelo Estado na Primeira República e principalmente, para entender o projeto de civilização e integração dos índios à sociedade brasileira proposto por ela. No projeto político da professora Leolinda Daltro, a civilização dos índios e a sua incorporação à sociedade nacional pressupunham a idéia de inferioridade destes em relação a uma determinada concepção de indivíduo. A civilização dos índios através da educação laica implicava na transformação de seus comportamentos e sua adequação à normas de conduta que se encaixavam dentro de uma determinada configuração de cidadão. No espaço temporal delimitado por este trabalho, momento em que a República nascente no Brasil se apresentava como um projeto de construção de uma nação e moderna e civilizada seguindo os moldes europeus, se fazia importante a transformação dos modos de conduta e de comportamento da sua população. O conceito de civilização sintetizava a nação, expressava a auto-imagem nacional. Levar a civilização aos que ainda não tinham acessa a ela era, acima de tudo, uma missão patriótica.
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06/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)
  • Thiago de Abreu e Lima Florencio
    A busca da salvação entre a escrita e o corpo – Nóbrega e os Tupinambá
    A proposta deste trabalho é analisar como o Tupinambá se inscreve no universo da salvação do jesuíta Manuel da Nóbrega tendo como referência o jogo discursivo que se estabelece entre a escrita desse autor e o corpo ameríndio. Nas Cartas do Brasil (1549-1560), pode-se verificar que Nóbrega viajou ao Novo Mundo engajado no âmbito do combate às heresias, intensificado pelo advento das Reformas religiosas do século XVI. Entretanto, seu texto é diretamente marcado pela experiência com os Tupinambá. Tendo em vista a posição central que ocupa o corpo na sociedade Tupinambá e as preocupações teológicas, acentuadas pelas Reformas, sobre a relação entre corpo e salvação, este trabalho afirma a construção de uma representação ambígua e diferenciada do corpo ameríndio no universo da salvação do jesuíta. Identifica-se uma polarização entre a escrita do autor e a nudez ameríndia, que teria servido como contraponto para a edificação da narrativa exemplar da salvação do jesuíta.
  • Cristiani Do Carmo Soares
    Varnhagen, os índios e a nação
    Tendo em vista o processo de consolidação do império no Brasil e o século XIX como um momento onde a produção historiográfica ganha crescente importância na criação de identidades nacionais pelo mundo, o presente trabalho objetiva refletir sobre o lugar ocupado pelos povos indígenas na construção da idéia de nação brasileira e, portanto, na formação da identidade nacional. Para tanto focaremos nossa análise na produção historiográfica do Instituto Histórico e Geográfico brasileiro e mais especificamente sobre a produção de Francisco Adolfo de Varnhagen.
    Varnhagen é tido como um dos mais emblemáticos membros do IHGB. Assim, a análise de sua obra nos oferece um privilegiado olhar sobre um dos mais influentes projetos oferecidos, pela intelectualidade oitocentista no Brasil, para a escrita da história da nação. Partiremos assim, de sua contribuição na revista do Instituto Histórico e Geográfico brasileiro e também de sua eloqüente “História Geral do Brasil”, tida como um marco para a historiografia brasileira, para refletir sobre o lugar dado pelo autor aos povos indígenas no processo de criação de uma identidade nacional brasileira.

  • Luciana de Fátima Oliveira
    A importância dos Tupinambá na formação da vila de Bragança - Estado do Grão-Pará: 1740-1760.
    O presente trabalho trata da efetiva participação que tiveram os índios Tupinambá no processo de territorialização levado a cabo pela Coroa Portuguesa na região norte do Brasil, onde a escravidão indígena teve um importante papel tanto entre as populações nativas, quanto na constituição da sociedade e da economia colonial, aspecto pouco abordado pela historiografia tradicional. O estudo se inicia pela capitania particular e hereditária, a capitania do Caeté – a qual estava localizada entre duas capitanias Reais, a saber: a do Grão-Pará e a do Maranhão – e vai até a formação da vila de Bragança. O processo de transformação da natureza para o qual se estabeleceu um projeto de ocupação e a construção de uma vila envolve também projetos políticos de poder para determinar a sua ordenação territorial e social, como por exemplo: o Diretório dos Índios.O tema reporta-se ao período da retomada do território da capitania do Caeté, para os domínios da Coroa em 1753/54, período o qual encerra a história das capitanias hereditárias no Brasil. Para a análise proposta, vimos no processo de territorialização as especificidades que marcam os lugares e os espaços ocupados pelos seus habitantes ou “gentes do Brasil”.
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  • Heitor Velasco Fernandes Guimarães
    O desassossego jesuítico: resistência indígena à colonização cristã na América portuguesa do XVI
    Refletir sobre o confronto entre alteridades no século XVI é o objetivo desta comunicação. Através da análise de cartas de Manuel da Nóbrega, Luís da Grã e José de Anchieta constrói-se a idéia de um desassossego jesuítico que se forjou em função do contato com os nativos. Ao exibir que os jesuítas alteraram suas percepções em relação aos ameríndios em função da ação destes últimos, procura-se validar e conferir visibilidade à resistência nativa. Ainda que outros documentos sejam utilizados, será privilegiada a narrativa de Anchieta sobre a experiência da Confederação dos Tamoios, em carta de 1565.
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07/08 - Quinta-feira - Manhã (10h às 12h)
  • Renato Adura Martins
    As políticas de hoje e as crônicas de ontem: notas sobre e a reviravolta nos estudos sobre as agências indígenas a partir das fontes coloniais e nacionais
    As décadas de 1970 e 80 apontam uma reviravolta investigativa em relação aos estudos sobre a História dos índios no Brasil, que, apoiados por organizações indígenas e não-indígenas diversas, acabam por desfazer inúmeras apostas sobre o desaparecimento e vitimização indígena no País. Historiadores e antropólogos, dessa feita, promovem como que uma (re)visão dos documentos históricos coloniais e nacionais, a produção de trabalhos etno-históricos e, por meio de metodologias diversas, sublinham as participações indígenas durante os últimos cinco séculos de história colonial e nacional.
    À inversão de perspectivas metodológicas, podem ser acrescidas preocupações historiográficas e etnológicas em comum, entre elas a questão da ‘agência ameríndia’, algo profundamente associado aos procedimentos índios, por sua vez, diferenciados da esfera colonizadora e brasileira. Assim – e a exemplo dos trabalhos de Beatriz Perrone-Moisés (1992) e John Manuel Monteiro (2006), entre outros - nossa exposição volta-se para uma reflexão sobre os estudos sobre as agências indígenas buscados nos documentos históricos. Afinal, o tema (e o termo) foi (e é), por assim dizer, incisivo na avaliação dos regimes de historicidade e de ação desses grupos.

  • Taina Mie Seto Soares
    "É da Roça - Breve História Ambiental dos Caiçaras da Península da Juatinga"
    Este trabalho é parte da rede de estudos do Projeto de Extensão Universitária da UFRJ - "Raízes e Frutos", atuante na Reserva Ecológica da Juatinga/Paraty.
    A pesquisa sobre as raízes indígenas da atual cultura caiçara dessa região isolada foi feita através de longa pesquisa de campo e análise bibliográfica, analisando como o "modus vivendi" caiçara está impregnado de práticas que remontam um passado indígena, principalmente nas técnicas agrícolas, na caça e na memória do grupo.
    Essas identidades são muitas vezes definidoras dos limites territoriais e do uso dos recursos naturais, que nos dias de hoje se chocam com as influências e pressões urbanas. A violenta grilagem de terras, a nova visão de mundo trazida pelo protestantismo e novos hábitos pelo turismo são alguns dos fatores que colaboram para que uma rica herança oral, de histórias, técnicas e conhecimentos de medicina rústica se percam, junto com a memória da localização de sítios arqueológicos de antigas aldeias indígenas do atual estado do Rio de Janeiro.
    Mas, ainda existem aqueles caiçaras que insistem em contar sobre antigos caciques, seus avós indígenas e onde estão enterrados seus ossos, trazendo à tona identidades de um povo fluminense herdeiro dos conhecimentos dos povos indígenas que aqui foram extintos.

  • Klítia Loureiro
    Identidade étnica: o caso dos índios Tupiniquim do litoral norte do Espírito Santo
    Apresentar o processo histórico que envolve o reconhecimento étnico dos índios Tupiniquim. Entendemos que compreender esse processo requer considerar, os indígenas como sujeitos históricos plenos, inseridos em eixos espaços temporais e relacionados a conjuntos específicos de agentes, com valores e estruturas bem definidos. É necessário, portanto, atribuir a essa manifestação um caráter dinâmico, que se transforma conforme os contextos históricos e as conjunturas políticas locais, variando inclusive, em suas afirmações e de acordo com os diferentes projetos étnicos ali desenvolvidos. Isso significa escapar das armadilhas que a própria historiografia nos impõe no percurso da investigação quando nos induz a naturalizar e simplificar o desenvolvimento histórico cultural de um povo. Ademais, a reflexão que ora buscamos realizar encontra-se em íntima relação com o conceito de história perspectivada por Walter Benjamim e Theodor Adorno. Segue-se, dessa forma, o tipo de visão de história elaborada por esses autores, perspectivando tomar a si a tarefa insólita de “escovar a história a contrapelo”. Para realizarmos tal tarefa buscamos uma aproximação com antropologia histórica ou, em outros termos, com a etno-história, aqui entendida no âmbito maior de uma história cultural
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